Conferências UCS - Universidade de Caxias do Sul, III Mostra de Trabalhos Acadêmicos sobre Envelhecimento Humano da Universidade de Caxias do Sul

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Envelhecimento do agricultor familiar que utiliza agrotóxicos: análise sociodemográfica e de saúde
Fernanda Meire Cioato, Tatiane Rech, Nilva Lúcia Rech Stedile, João Ignacio Pires Lucas

Última alteração: 2024-09-11

Resumo


Diversos estudos buscam compreender o efeito dos agrotóxicos sobre a saúde, mas poucos trazem evidências sobre o quanto esses produtos interferem na senilidade. Objetivou-se apresentar o perfil sociodemográfico e de saúde de agricultores familiares idosos que usam agrotóxicos, produtores de alho e uva de um município da Serra Gaúcha. Os dados foram coletados com 142 agricultores por entrevista estruturada, sendo utilizados para esta análise 56 agricultores acima de 60 anos. Os dados foram organizados em planilhas Excel 2019® e analisados nos softwares SPSS versão 26 e Jasp 0.19, por estatística descritiva. Os resultados mostraram que 39,4% dos agricultores eram idosos. Dentre os agricultores idosos, 58,9% eram do sexo masculino, com ensino fundamental incompleto (82,1%). A média de tempo de trabalho agrícola foi de 50,6 anos e a média semanal foi de 54,6 horas trabalhadas. Entre os sinais e sintomas de intoxicação aguda referidos, os mais frequentes foram cefaleia (37,5%), irritação ocular (35,7%), fraqueza (25%) e prurido (17,9%). Acerca dos danos crônicos, 76,8% relataram apresentar uma ou mais doenças, com maior incidência depressão (42,9%), hipertensão (35,7%) e câncer (10,7%). Esses números são mais elevados em relação à população idosa geral, o que sugere uma interferência negativa dos agrotóxicos no processo de envelhecimento. O perfil sociodemográfico e de saúde dessa população é um passo importante na identificação de lacunas de conhecimento e de tomada de decisões sobre como prevenir, identificar e tratar problemas decorrentes do uso de agrotóxicos.