De Maceió a Caxias do Sul: a trajetória de uma doutoranda em Turismo e Hospitalidade.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 30/06/2017 | Editado em 12/07/2017

Desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes são referenciais para a doutoranda Marcela Ferreira Marinho, que atualmente desenvolve projeto de pesquisa na Universidade Católica Portuguesa, na cidade do Porto, Portugal.

Marcela fica em Portugal até setembro.

Cinco anos separaram a conclusão do Mestrado em Turismo ao início do Doutorado em Turismo e Hospitalidade da maceioense Marcela Ferreira Marinho, que agora encontra-se em Portugal onde, até setembro, dará continuidade ao seu projeto de pesquisa na Universidade Católica Portuguesa.

Graduada em Turismo pela Universidade Estácio de Alagoas, em 2005, Marcela, em sua pós-graduação em Psicologia Jurídica e Pesquisa e Docência no Ensino Superior, pela mesma Instituição, procurou pesquisar programas de mestrado que pudessem estar mais próximos ao seu perfil. E encontrou o Programa de Pós-Graduação em Turismo da UCS, em 2010: “me encantei com o perfil da Instituição e do programa e fui impulsionada a desbravar minhas próprias limitações, potencializar minhas qualidades e aqui fui muito bem recebida e acolhida. Muitas vezes buscamos as notas do programa e esquecemos o mais importante: a própria construção da concepção científico-pedagógica do programa, que é o único do país que explicitamente demarca seu posicionamento, e por que é importante? É sobre minha formação que estamos falando e toda base conceitual que norteará o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes”, explica.

Ela recorda quando veio, pela primeira vez, estudar em Caxias do Sul, encarar a enorme diferença no qual diz respeito aos aspectos culturais, sociais e ambientais. “Lembro de pedir informação a um estudante, no trajeto ao meu bloco 46, e ele não compreender o que estava sendo questionado. Em meio a risos, descobrimos que os sotaques e as diferenças de linguagem e de entonações regionais nos ‘impediam’ de nos comunicar, assim como para alguém que vivia em temperaturas entre 25º e 35º passar a viver em temperaturas negativas era algo igualmente a desbravar. Hoje percebo, quando retomo meu olhar ao tempo do Mestrado, que meu maior aprendizado foi e é (sempre um devir) a busca pela capacidade de abertura ao outro que é diferente de mim, pois não mais procuro Maceió em Caxias do Sul, busco a Marcela integrada às muitas faces da especial Caxias do Sul”.

Foram os aprendizados na época de seu mestrado (entre 2008 e 2010) e a lembrança do slogan da Universidade – “Pés região e olhos no mundo” – que a fizeram esperar pela abertura do Doutorado: “simplesmente pela certeza da pessoa que me tornei, cidadã do mundo e de mim mesma. Também, por acreditar na vanguarda desses outros olhares que o Programa desenvolve, em comparação ao cenário nacional dos cursos de pós-graduação stricto sensu em Turismo e Hospitalidade.”

O Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade tem 14 alunos no Doutorado e 34 no Mestrado, que já titulou 177 profissionais.

Doutorado
No Doutorado, sua pesquisa surge a partir de seus primeiros questionamentos investigativos, “quando de um lado, por meio de vivências empíricas e reflexivas como docente em cursos de graduação em Turismo e integrante de Núcleos Docentes Estruturantes (NDE), questiono, por exemplo, aspectos de interdisciplinaridade. Por outro lado, atuando em outros cursos, questiono sobre múltiplas interfaces entre turismo e outras áreas de conhecimento. E, associado a esses dois cenários, retomo aspectos conceituais e problema de pesquisa desenvolvidos durante meu mestrado na UCS. Assim, minha tese “É possível redimensionar a prática pedagógica quando professores, sobre tudo de outras áreas de conhecimento, se apropriam do universo conceitual do turismo e de inter e transdisciplinaridade e balizam esses conceitos a partir da abordagem epistemológica contemporânea e por uma pedagogia relacional” é um dimensionamento filosófico e empírico desencadeados por um caminhar já iniciado na própria instituição, sinalizando um percurso organizado e estruturado em um propósito”.

Em Portugal, Marcela tem como objetivo macro, além de potencializar o apoio mútuo de pesquisadores de ambas as universidades, na construção teórica de referência, “planejar uma oficina, na modalidade a distância, considerando as expertises institucionais e assim, ao mesmo tempo, potencializando e sedimentando a hospitalidade científica já iniciada”, ressalta.

Na Universidade Católica Portuguesa, na cidade de Porto, Marcela – que na UCS é orientada pela professora Dra. Marcia Maria Cappellano dos Santos – tem o acompanhamento da professora Dra. Isabel Baptista, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Educação, que integra, como pesquisadora visitante, o grupo de pesquisa CNPq/UCS “Turismo: Desenvolvimento Humano e Social, Linguagens e Processos Educacionais”, no qual vem desenvolvendo, em parceria com as pesquisadoras da UCS, projetos sobre Hospitalidade e Pedagogia da Hospitalidade.

Acolhimento
O retorno à UCS, depois de cinco anos, para iniciar o doutorado, possibilitou à Marcela perceber mudanças na cidade, nas pessoas, na vida. “Me colocar neste mundo novamente não foi problema: o olhar já não estranhava mais as ruas e as faces, nem o paladar era diferente. Na verdade, ansiava pelos sabores já conhecidos. Acredito que o difícil em vir para Caxias é querer ficar em Caxias (rsrs). É paradoxal! Ao menos para mim… chegar e em primeiro momento sentir e pensar que um dia terei que ir embora. Academicamente, novas aventuras e desbravamentos, agora novas competências se desvelavam, o que era quantidade e qualidade, passou a ser aprofundamento e qualidade. E o que dizer sobre os questionamentos infinitos “Qual é a sua tese?”. Pessoalmente, minha maior satisfação é me sentir cidadã do mundo! Acolho a cidade e a cidade me acolhe”, simetria na relação, aponta.E conclui, recordando o seu agradecimento, escrito na dissertação, ao Rio Grande do Sul e à UCS: “Rio Grande do Sul, o pior e o melhor aconteceram em seus braços, aprendi a cair e a levantar contigo, aprendi a amar o diferente, aprendi a desejar-te na simplicidade e na volúpia de seus dias frios. Ganhei de você amigos, família, ganhei de você um amor, ganhei até um ‘bah’ no meu sotaque e o gosto pelo chimarrão. Mas, sobretudo, em teus braços atingi a consciência dos meus dias, dos meus gostos, das minhas limitações e das minhas potencialidades. Obrigada por fazer de mim uma cidadã do mundo! Com os “Pés na região e olhos no mundo” – Universidade de Caxias do Sul… ‘ouve o canto gauchesco e brasileiro/desta terra que eu amei desde guri/ flor de tuna, camoatim de mel campeiro/ pedra moura das quebradas do Inhanduy’. Gratidão define o que tenho a dizer”, conclui.

Foto: Acervo pessoal.