Sinopse
A autora inicia sua análise com uma discussão detalhada sobre a ética do desejo em Lacan, explorando como a psicanálise lacaniana se diferencia das abordagens tradicionais de ética. Enquanto essas últimas frequentemente se concentram em normas e julgamentos morais, Lacan propõe uma ética que se baseia na fidelidade ao próprio desejo, sem ceder a
ele de forma destrutiva. Essa distinção é crucial para compreender como a psicanálise pode oferecer uma abordagem singular ao tema do suicídio, que não se limita ao julgamento ou à condenação, mas busca entender as profundas raízes psíquicas desse ato. A ética, em Lacan, não é uma simples observância de normas externas, mas um compromisso interno
com o desejo e a verdade subjetiva do indivíduo. Nesse sentido, Soares aborda o conceito de desejo como uma força que impulsiona o sujeito e que, quando reprimido ou negado, pode levar a estados de angústia intensa. Essa angústia, segundo Lacan, está intrinsecamente ligada ao ato suicida, que pode ser visto como uma tentativa desesperada de escapar de uma situação insustentável de sofrimento. O texto mergulha nas intricadas relações entre o desejo, a lei simbólica e a angústia, destacando como esses elementos moldam a experiência subjetiva do sujeito. Soares utiliza uma variedade de fontes teóricas, incluindo as obras de Aristóteles, Immanuel Kant e Hans Jonas, para tecer um quadro multifacetado da ética e da psicanálise. Por meio dessa abordagem interdisciplinar, a autora nos oferece uma visão rica e profunda sobre como a teoria lacaniana pode ser aplicada para compreender o suicídio, não apenas como um fenômeno individual, mas também como uma questão ética e social.