Aurora do Silêncio é um romance narrado em primeira pessoa que vai conquistando o leitor aos poucos. A narrativa, que a princípio tem um ritmo lento, ganha velocidade à medida que vamos acompanhando a trajetória da personagem principal, Ernesto. As descrições contrastam dois ambientes, o rural e o urbano, e têm uma importância significativa na construção do enredo narrativo. Além disso, ressalta-se o conhecimento histórico da autora utilizado em meio ao tecido narrativo, trazendo à tona a constituição de uma militância política, nascida no movimento estudantil, na capital gaúcha. Envolvemo-nos com o crescimento intelectual e político de Ernesto, que aos poucos vai aprendendo, junto aos seus colegas do diretório acadêmico, a importância de conhecer e entender que a liberdade de expressão é um direito de todo o cidadão. Aurora do silêncio mescla a narração violenta de jovens que sofrem com a repressão ao lirismo das descrições da fazenda que dá nome ao romance, com uma sutileza incrível. É uma narrativa que traz à baila as restrições que o sistema político foi impondo às pessoas que apenas queriam ter o seu direito de se expressar garantido, mas o silêncio vai ganhando proporções gigantes e só lhes resta contemplar a Aurora do Silêncio.