Sinopse
No Brasil, ao caminharmos em certos lugares onde há um extenso gramado, não é raro olhamos para ele com um desejo de adentrar, mas surpreendentemente somos impedidos por uma plaquinha "não pise na grama". Da mesma forma, também é comum, para quem mora em cidades, ser repreendido quando as folhas secas das plantas de seu quintal caem no terreno do vizinho que, incomodado, diz "as folhas das plantas sujam muito nossas calçadas". Outro exemplo que vemos e ouvimos de forma frequente, são jovens pais, que, preocupados com a higiene dos filhos, dizem à criança "pode brincar, mas não se suje na lama", ou então receosos com os riscos as alertem para que "brinque longe dessas plantas, pode ter um bichinho que vai lhe fazer mal". Já nas escolas, onde se percebe a rara presença de natureza, ouve-se de gestores e professores a justificativa que essa ausência acontece porque "dá muito trabalho e precisa saber cuidar de plantas para mantê-la. Na escola não tem como". E muito provável, que você leitor, leitora, já tenha presenciado uma ou mais dessas situações nos mais diversos âmbitos de nossa sociedade urbana ocidental. É pertinente, portanto, uma reflexão! Estas e outras tantas situações aqui exemplificadas, mostram que o que está implícito é muito mais do que um hábito contemporâneo, é um "ethos de distanciamento" da natureza. Esse distanciamento pode se revelar em várias situações, aqui cito duas. Por um lado, a natureza presente é para embelezar o lugar, apreciar de longe. Ao ser um enfeite, não é permitido tocá-lo. Por outro lado, a natureza presente é um incômodo, um fardo que poucos conseguem lidar para tê-la próximo de nós ou das crianças. A natureza seria indesejada ou perigosa, e, portanto, devemos nos afastar dela.