Sinopse
.Os desafios e as perplexidades implicadas na tarefa de compreender sempre acompanharam, com urgência e assombro, as reflexões de Hannah Arendt, pensadora angular dos tempos sombrios do século XX (e dos nossos próprios do século XXI). Engajada em busca incessantemente cultivada ao longo de toda uma vida, Arendt viu-se de tal modo interpelada que fez questão de assinalar, nas já inquietas linhas do primeiro prefácio à sua obra seminal Origens do totalitarismo (1951), que "compreender não significa negar nos fatos o chocante, eliminar deles o inaudito, ou, ao explicar fenômenos, utilizar-se de analogias e generalidades que diminuam o impacto da realidade e o choque da experiência", arrematando que o compreender "significa, em suma, encarar a realidade sem preconceitos e com atenção, e
resistir a ela - qualquer que seja" (ARENDT, 1989, p.12). Não parece despropositado indicar que tal afirmação arendtiana, síntese condensada de perspectivação crítica e vigilância não conformista, bem pode fazer as vezes de mote das reflexões que aqui colhem assento. O e-book que agora vem a lume, a seu turno intitulado Novos direitos, nova globalização, genuinamente pretende - em continuidade à vereda iniciada por seu antecessor pandêmico Fragilidade do sistema: crise e (in) segurança, ofertado à comunidade no ano de 2020 -, mobilizar e agrupar contribuições ao duplo movimento de compreensão e crítica dos desafios inaugurados pelos processos de geração de novos direitos e da nova globalização no mundo contemporâneo. Firmemente radicado ainda em seu propósito de continuidade, ele reitera o entendimento de que o engajamento crítico com a realidade constitui um esforço tríplice (ético, político e responsável) a ser seriamente perseguido e exercido por 10 professores universitários, pesquisadores e acadêmicos de diversos e plurais recortes, vertentes e nuanças.