Sinopse
Se a vida é o evento característico da Terra e o fato mais importante na história do ser, Terra nenhuma é terra sem identidade, porque é terra sem vida. Produto último da hostilidade e da indiferença da humanidade em relação ao seu lugar de habitação. Terra destituída de valor, sem finalidade, esvaziada de sentido, explorada e esgotada por mineradores, garimpeiros, madeireiros e outros ecocidas. Lugar negativo, antilugar, onde a relação eu-eu, eu-tu ou eu-nós é substituída por eu-isso e, no limite, por isso-isso. Terra nenhuma é terra nada, ausência de realidade como carência de futuro. Morta para as sementes. Planeta sem vida, pedra errante, sem significação. Terra como vazio. Obituário sem paisagem, cadáver. Inabitável, sem mar, sem céu, sem terra, sem nada. Árida, estéril, exausta como um corpo estuprado. Com essa imagem do Planeta que nós mesmos estamos produzindo, o livro que o leitor tem em mãos é quase um manifesto, dada a urgência de sua temática. Ele trata da catástrofe e da nossa dificuldade - e ao mesmo tempo da nossa obrigação - de evitá-la.