Este evento é uma homenagem póstuma a Carlos Nelson Coutinho.
Falecido em 20 de setembro de 2012, era um dos convidados a celebrar a Conferência de Abertura deste Congresso. A ele, um dos principais intelectuais marxistas brasileiros, uma singela homenagem.
1943-2012 - Carlos Nelson Coutinho - Por Leandro Konder
Ao longo desses últimos 50 anos, tenho a impressão de que nos ouvimos atentamente; e vi no meu amigo, o professor Carlos Nelson Coutinho, o modelo DO INTELECTUAL DEMOCRÁTICO. Não por acaso, Carlos Nelson foi o autor de um ensaio: A Democracia como Valor Universal. Nele o pensador assumia posições estupendamente claras na incitação ao confronto do projeto socialista com a cristalização dogmática das fantasias golpistas do liberalismo. Ainda hoje o ensaio é citado com admiração.
Graças a ele, um setor importante da esquerda compreendeu - sem se tornar social - democrata - que não basta defender com firmeza os valores liberais da liberdade; temos de lutar também - e não menos resolutamente - pelos valores democráticos.
Queremos uma política econômica que não insista em explorar os trabalhadores, que não acoberte a corrupção.
Carlos Nelson escreveu diversos ensaios muito importantes, sobre Graciliano Ramos e Lima Barreto, sobre o estruturalismo e Lukacs, sobre Gramsci entre outros. Lendo (e relendo) a obra de Carlos Nelson, marxista rigorosa e inovadora, sentimos um imenso orgulho de tê-lo tido entre nós como modelo do intelectual revolucionário e democrático.
Carlos Nelson Coutinho empreendeu sua trajetória em um cenário onde tínhamos de um lado um movimento tenso na história das ideias sociais, uma proposta que mudou o mundo nos últimos dois séculos, mas que agora enfrenta o desafio de se renovar.
De outro lado, temos a agitação peculiar à ascensão da classe operária ao poder por caminhos bastante diferentes daqueles que haviam sido previstos pelo filósofo alemão, Karl Marx.
Desde bem cedo, em seus livros, Carlito (como era chamado por seus amigos) participou dos choques e tumultos característicos de nossa época conturbada. E seu pensamento não demorou a ocupar lugar importante nas discussões sobre o pensamento de esquerda no Brasil.
Acima de tudo, Carlos Nelson Coutinho era um militante revolucionário. Não concebia a sua vida fora de um partido político que compartilhasse seus ideais de construção de uma sociedade sem classes.
Não era só um poderoso intelectual. Era um INTELECTUAL COMUNISTA.