Cada participante pode participar de um minicurso, a serem realizados na quarta-feira, dia 10 de outubro. A escolha deve ser feita na inscrição para o evento. Vagas limitadas.
Minicurso 1 - Se essa rua, se essa rua fosse minha: laboratório experimental de escritaCom
Das 9h30min às 11h30min, no Bloco E - Campus-Sede.
Ministrante: Laura Barcellos Pujol de Souza - Mestranda PPGPSI-UFRGS
Objetivo: Criar um pequeno ateliê de escrita tendo como tema de inspiração a CIDADE. Relampejemos: nosso tempo é relativamente curto, ou, como diria o poeta concretista Augusto de Campos de seu poema "cidade/city/cité"(1963) "o mais curto poema longo, ou o mais longo poema curto que já se escreveu sobre esta cidade". Para viabilizar a proposta dentro de um tempo cronos, que pode também ser kairós (tempo da oportunidade), pensamos na montagem da proposta em 4 tempos: 1. Criação do clima; 2. Contato com estímulos, 3. Exercício de escrita, 4. Montagem. Materiais necessários à concretização da proposta serão trazidos pela ministrante.
1. Criação do clima (20 min): Será estimulada a abertura de um espaço de troca e diálogo. Como na obra "O Atelier", onde Francis Ponge (1988) descreve ateliê como um casulo onde trabalha uma multidão de pessoas a maravilhosamente inventar e fabricar mundos, acreditamos que, onde há pessoas trabalhando juntas e compartilhando um espaço, temos um lugar onde a fabricação de mundos pode ter lugar. A ministrante irá apresentar a proposta de trabalho e a inspiração teórica e metodológica norteadora da proposta e sua relação com o tema do projeto de pesquisa desenvolvido na dissertação de mestrado "A cidade escrita, a escrita em imagens - rastros de um Hotel dos Viajantes", sob orientação da Prof. Tania Mara Galli Fonseca.
2. Contato com estímulos (10 min): Para traçar movimentos de amizade, elementos como imagens, poemas, palavras-estímulo (material impresso) serão trazidos para o interior do casulo. Os participantes serão convidados a explorar, tocar, escolher, dentre os estímulos, quais aqueles que os toca. Como produzir histórias a partir de fragmentos? Como se conta a história de uma cidade sem buscar um plano apenas cronológico e sequencial, mas sim descontínuo e fragmentário?
3. Exercício de escritaCom (30 min): Será estimulada a produção escrita - que poderá ser um poema, um pequeno ensaio, um fragmento narrativo, etc - a ser realizado de modo individual ou em pequenos grupos.
4. Montagem (1 hora): Os escritos do exercício anterior serão matéria-prima para uma obra coletiva. A montagem final dos textos com os estímulos será discutida com o grupo - pode culminar em uma mini publicação como um zine; como manifesto; como intervenção; como obra. Materiais trazidos pela ministrante estarão à disposição para ajudar na concretização da montagem.
Minicurso 2 - Das dimensões da resistência na prática acadêmica
Dia 10 de outubro de 2018
Quarta-feira, das 9h30min às 11h30min, no Bloco E - Campus-Sede.
Ministrantes: Mônica Restelatto - Mestranda PPGTur-UCS e Raquel Alquatti - Mestre PPG Letras UFRGS
Objetivo: Compreendendo que o trabalho de pesquisa e de produção de conhecimento é uma prática que se desenvolve na relação com as demais práticas que compõem a estrutura social, propomos questionar o lugar da resistência na prática acadêmica discente a partir da Análise de Discurso pecheutiana. A AD é um dispositivo teórico-analítico que se situa no entremeio do Materialismo Histórico, da Psicanálise e da Linguística. Uma posição teórica que compreende que a produção de sentidos sobre a realidade advém dos processos discursivos do modo de produção capitalista. Daí a função primordial da linguagem: como arena da disputa de luta pelos sentidos e como lugar de compreensão de um sujeito do inconsciente, dividido entre o dizível e aquilo que escapa à significação.
Neste campo, a resistência é uma noção teórica que implica o reconhecimento de um discurso dominante e uma tomada de posição frente a ela.
Propomos, então, discutir a resistência para além de sua apreensão como objeto de estudo e análise, como noção implicada ao trabalho do sujeito pesquisador. Na prática discente se realiza a transformação de um objeto de pesquisa junto a um referencial teórico em um produto que deve assumir a forma de uma obra escrita. Tal processo se desenvolve em continuidade com os processos de produção capitalistas de onde emerge a exigência de um produto pautada nas noções de utilidade, comprovação e finalidade.
Este processo apresenta a impossibilidade concernente ao próprio objeto estudado que resiste em ser apropriado pelas teorias. As teorias, por sua vez, organizam-se de modo tensionado, num jogo de forças próprio à luta pelos sentidos da realidade. Sendo as Ciências Humanas e Sociais campos de compreensão das relações entre os sujeitos, faz-se necessário questionar as possibilidades de resistência à ameaça das articulações teóricas que produzem leituras sobrepostas às noções ideológicas dominantes.
Minicurso 3 - Dandismo x Fascismo
Das 9h30min às 11h30min, no Bloco E - Campus-Sede.
Ministrante: Cesar Marcos Casaroto Filho - Doutorando PPG Letras - PUCRS
Objetivo: "Dançar é enganar o espaço e afrontar o pensador, jogar com o corpo e os volumes, afirmar a verdade dos músculos e sua tensão. Dançar é se estirar ao sol, imitar o voo, imitar Ícaro, desafiar os deuses e a necessidade", Michel Onfray. "Dançarinos da leveza", quem são esses seres feitos de sopro e éter senão dândis? Ao contrário do que afirmam alguns pensadores, o dandismo não é marcado por um ideal ascético. É antes feito na imanência. O dândi não é um melancólico, não compadece existencialmente da dor de existir. Ele é essencialmente trágico.
Se Deus está morto, e portanto o super-dândi (termo de Daniel Salvatore Schiffer) pode enfim nascer na sua máxima potência, ele não o faz por função do vazio ou do nada utilizando-se de máscaras que o alcem a algum patamar seráfico. A beleza do dândi não é assexuada. O dândi é a afirmação do corpo. O dandismo é o triunfo de Eros sobre Thanatos. Confundida com a estética, a ética do dândi está vinculada ao hedonismo, uma ética cujo princípio é feito por duas máximas: tudo o que propicia prazer é aceitável, tudo o que suscita sofrimento é condenável. A languidez metafísica dos ascetas negadores das forças vitais e do corpo o dândi refuta. Essencialmente revoltado, o dândi possui a sabedoria trágica: tomando o relativismo ético como princípio, ciente de que o corpo é passível de sentir alegria e sofrimento, o dândi diz Sim para a vida. Ao contrário dos epicuristas, no seu hedonismo materialista, o dândi não compreende o prazer em função de um objetivo último, a ataraxia. O seu tempo é o presente. Apoiada no fundamento heraclítico, a moral estética do filósofo-artista nietzschiano - ou o dândi - combate o imobilismo pela mobilidade constante. A vida, sob esse ponto de vista, é correnteza determinada pelo dinamismo. Individualista, o dândi cria novas formas de existir a fim de aumentar as possibilidades de "cristalizações felizes", nas palavras de Onfray. Além do bem e o mal, o dândi é amoral.
Dessa maneira, o objetivo desse curso é o de promover a discussão acerca do dandismo enquanto uma ética estética a ser seguida em tempos de "viscosidade psíquica" - o termo é de Giorgio Agamben como crítica a uma época que tende a uniformizar as relações humanas -, levando-se em consideração a filosofia nietzschiana, intrinsecamente relacionada ao indivíduo cuja vida é uma obra de arte: o homo aestheticus.
Minicurso 4 - O imaginário social na construção dos arquétipos femininos dos orixás nas religiões afro-brasileiras
Das 9h30min às 11h30min, no Bloco E - Campus-Sede.
Ministrantes: Débora Bregolin - Mestranda PPGLet-UCS e Carina Monteiro - Mestranda PPGLet-UCS
Objetivo: A mitologia africana, em particular as oriundas da Costa Ocidental do continente africano engloba uma visão de mundo e a religiosidade dos iorubás, tanto na África quanto em outros países, como no Brasil, influenciando o nascimento vários cultos de matriz africana, como o Candomblé e o Batuque. Conhecidas como Itans, as narrativas retratam fatos míticos sobre pessoas comuns ou divindades. Estes povos, sentiram a necessidade de que seus deuses ou heróis fossem mais fortes e poderosos, mais felizes e mais próximos do povo, do que os dos povos vizinhos ou mesmo dos inimigos. Com os Orixás não foi diferente: destacamos para esta proposta, as narrativas ligadas aos orixás femininos, seus arquétipos e contribuições para a construção
social. As divindades femininas foram escolhidas pela forte ligação do Candomblé e Batuque com a figura das mulheres, desde o início da história da religião, o que conhecemos na sua historicidade a predominância de dirigentes nos terreiros foram mulheres, seguindo essa linha de pensamento e formação, optamos por utilizar a força característica dos orixás femininos e as lutas pelo espaço feminino.
Dentre as divindades cultuadas nos cultos afro-brasileiros, destacamos Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos e tempestades, Oxum, orixá feminino dos rios e amor, Iemanjá ou Yemanjá, orixá feminino das águas e fertilidade, mãe de todos os Orixás de origem yorubana. Nanã, orixá feminino dos pântanos e da morte, Yewá, orixá feminino, senhora da vidência, a virgem caçadora. Obá, orixá feminino do rio Oba, de espírito guerreiro.
O objetivo deste minicurso consiste em buscar entender os conceitos de arquétipo, imaginário e a história dos itans dentro dos conceitos de religiões afro-brasileiras; Construir caminhos para a percepção semiótica da leitura de imagens e entender as significações e ressignificações oriundas das bagagens pessoais, historicidade e mundo.
Através da observação de imagens e do conhecimento dos conceitos principais de arquétipo, imaginário, semiótica e itans, os participantes construirão novas narrativas por meio de uma leitura semiótica de imagens. Leitura e escrita baseadas nas ressignificações possíveis ligadas à trajetória pessoal e leitura de mundo de cada participante. Como materiais, os participantes só precisam levar material de anotação, seja ele digital ou analógico. Cadernos e canetas.
Cronograma: 1. breve exposição histórica do Candomblé e Batuque.; 2. análise de alguns filmes e trechos de documentários; 3. itans femininos do Candomblé e Batuque; 4. conceito de arquétipos; 5. entender o que é imaginário; 6. construção de arquétipos; 7. observação e leitura de imagens, semiótica; 8. construção de narrativas.