O projeto institucional Pibid-UCS, apresentado à Capes em atendimento ao Edital nº 61/2013, foi aprovado na íntegra, em 20 de dezembro de 2013. Com início em março de 2014, ele terá dois anos de duração. Segue abaixo uma síntese das principais partes do Projeto submetido à Capes.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) destaca que o Rio Grande do Sul ocupa a última colocação na Região Sul e a oitava posição no ranking nacional. Os problemas enfrentados pela educação estão relacionados à falta de gestão e qualificação profissional e acesso à Educação Infantil, bem como aos altos índices de repetência.
A Secretaria de Educação se organiza administrativamente por meio de trinta Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e, em 2012 publicou o Diagnóstico da Educação Básica com ênfase no Ensino Médio revelando que o RS está muito distante da democratização da Educação, pois mais da metade das crianças até 5 anos de idade e 76 mil jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola. Entre os elementos que contribuem para o diagnóstico identifica-se a reprovação, o abandono, a distorção idade-série, a carência de espaços escolares que possa atender à demanda e o analfabetismo. O número de estabelecimentos de ensino soma um total de 9.841, sendo 2.554 da rede estadual e 5.058 da rede municipal.
A Universidade de Caxias do Sul mantém unidades em nove cidades, atingindo diretamente uma população de mais de um milhão de habitantes. Seu Campus Sede está localizado na cidade de Caxias do Sul e as demais unidades universitárias estão localizadas nas cidades de Bento Gonçalves, Vacaria, Canela, Farroupilha, Guaporé, Nova Prata, Veranópolis e São Sebastião do Caí.
A 4ªCRE/Caxias do Sul abarca 14 municípios e a Educação Básica possui 150.943 alunos, distribuídos em 122 estabelecimentos estaduais e 218 municipais. Na Educação Infantil, a taxa de escolarização é de 51,83%, com 6.176 crianças fora da escola. Segundo a 4ª CRE, o atendimento do Ensino Fundamental é pleno. No Ensino Médio 84,26% dos jovens frequentam as escolas e 61,24% estão no nível desejado, tendo 5.105 jovens como demanda potencial para escolarização. Na Rede Municipal, o Ensino Fundamental é oferecido em 85 escolas.
A 23ºCRE/Vacaria abarca nove municípios e a população alfabetizada representa 94,43% do total acima de 10 anos, o que resulta em 4.611 pessoas não alfabetizadas. A Educação Básica possui 22.115 alunos, distribuídos em 92 estabelecimentos de ensino: 31 estaduais e 50 municipais. A taxa de escolarização de 4 ou 5 anos é de 54,39%. No Ensino Médio, 75,69% dos jovens frequentam escolas e 50,55% estão no nível desejado, tendo 1.231 jovens nesta faixa etária como demanda potencial. As escolas da rede estadual apresentam taxas de reprovação e abandono de 16,4% e 13,1%, respectivamente.
A 16ª CRE/Bento Gonçalves abrange 24 municípios. O rendimento escolar do Ensino Fundamental indica que as taxas de aprovação na rede estadual são de 86,5% e na rede municipal de 91,2%. Em relação ao desempenho dos estudantes do Ensino Médio, a rede estadual apresenta índices piores do que as demais redes de ensino com aprovação de 69,7%, reprovação de 17,8% e abandono de 12,5%.
O PIBID vem apresentar entre seus pressupostos as condições para alteração no significado da dicotomia ensino/pesquisa/extensão. Além de proporcionar aos acadêmicos dos cursos de licenciatura o resgate do valor de ser professor em contexto de transformações contínuas que abrem novas interrogações sobre os fundamentos do vínculo social.
Frente às novas interrogações abrem-se, também, novas linhas de análise mais próximas dos atores sociais a partir de um trabalho conjunto e das relações de alianças entre as ciências da natureza e ciências humanas. Nesse sentido, objetivando articular o nosso contexto com os principais objetivos elencados pelo PIBID, pretende-se realizar uma aproximação com as escolas de Educação Básica da rede pública, estadual e municipal, de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Vacaria apresentando o projeto institucional e seus subprojetos como uma proposta de metodologia de ensino de aprendizagem cujo objetivo é a aproximação interacionista entre a Universidade e a Escola envolvendo professores, alunos, diretores, pais, comunidade, funcionários, entre outros. Isto tudo com a intenção de se tornarem parceiros da produção de conhecimento. (...)
A ideia é propor ações que busquem provocar, estimular, instigar e envolver a complexidade da comunidade escolar em todas as etapas do planejamento das ações, a avaliação e o compartilhamento de seus resultados. Será necessário realizar uma análise dos recursos materiais da escola, apropriar-se do seu projeto pedagógico e das bases conceituais que se utiliza na definição do calendário/cronograma, grade curricular, festividades e demais eventos. (...)
O exercício de atividades do bolsista no cotidiano da escola permitirá a retroalimentação, o trânsito e diálogo contínuo entre universidade e o espaço escolar, prevendo a revisão dos princípios teóricos e metodológicos propostos pelo projeto institucional, sempre norteado pelo objetivo de priorizar o atendimento às demandas e aos processos particulares de cada realidade. Essa negociação acena para inserção do bolsista no cotidiano escolar e o favorecimento do desenvolvimento de uma atitude mais reflexiva em relação à ação pedagógica.
(...) O Pibid-UCS aponta para a construção de uma metodologia participativa e interreflexiva entre Universidade e Educação Básica permitindo ao bolsista exercer o papel de mediador deste processo. Também procura levar à escola as diferentes potencialidades das novas tecnologias e das propostas de interações por ela apresentadas. Atualmente, se diz que a sociedade é eminentemente pedagógica ou do conhecimento. Segundo Libâneo (1998), o pedagógico perpassa toda sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal, criando formas de educação paralela, desfazendo praticamente todos os nós que separavam escola e sociedade. (...)
Portanto, uma ação fundamental de inserção dos bolsistas no espaço escolar é apontar para construção de novos conceitos e posturas sobre o que circula na sociedade auxiliando, discutindo, revendo, propondo, negociando com o professor para que o estudante seja protagonista de seu processo de aprendizagem, bem como produtor de conhecimentos comprometido com a transformação de sua realidade. (...)
As ações singulares de cada espaço escolar em que se propõe como campo de inserção empírica do licenciando serão estimuladas por meio do aprofundamento de leituras e reflexões apontando que a formação do futuro docente é um processo de constante transformação que se impõe pela releitura da prática e da própria formação. A concepção de formação contínua do professor aponta para ações que ajudem romper com a linearidade que ainda marca as concepções das diferentes áreas. O diálogo interdisciplinar dará visibilidade para algumas questões da educação brasileira, compreendidas como formação, alertada por Peres (1998, p. 6) como práticas sociais e culturais que formam os sujeitos em diferentes situações, instituições e momentos da vida social.
As ações propostas para a inserção dos bolsistas no espaço escolar de educação básica visam desdobramentos que, por sua vez, irão promover novas ações, ou seja, novos processos educativos demarcados pela proposta de um trabalho interdisciplinar solidário. (...). As ações dos bolsistas partem da postura de um profissional que exerça o seu comprometimento político desde o primeiro momento de inserção na escola, quando começa a realizar o diagnóstico, procurando identificar e compreender as relações de poder presentes em seu interior, as naturalizações das ideias generalizadas de sociedade e de educação, os interesses dominantes e conflititivos no processo ensino-aprendizagem. Lima (CUNHA, 2010) destaca que a formação de professores necessita incorporar formas que não permitam o silenciamento do educando e, consequentemente, de parcela significativa da sociedade vindo ao encontro do PIBID que aponta para a criação de "espaço aos acadêmicos e aos professores para mudar a visão tradicional das práticas pedagógicas".
O compromisso de ensinar a ler e escrever é tarefa de todas as áreas e não exclusivamente do professor de Português. É importante que cada professor tenha conhecimento profundo das características do ler e escrever na sua área de atuação para que entre elas o diálogo se faça com segurança e fecundidade.
O direito à informação definido na Constituição de 1988 aparece como um dos pilares da democracia e da pluralidade de ver e vivenciar o mundo. Entretanto, a informação por si só não basta, pois é necessário que estejam garantidas a compreensão/verdade do que está sendo dito. Nesse sentido, damos entrada à importância do professor como principal mediador de leituras e escritas significativas, promotoras do crescimento pessoal e social do educando.
(...) A educação é uma forma de construir mundos e um esforço voltado para dar significação ao silêncio e voz aqueles que são os outros. É por meio da comunicação (leitura, fala e escrita) que será possível dizer o indizível e reconhecer os valores relacionados à tolerância, equidade e ao diálogo. Embora o domínio da língua padrão deva ser um objetivo a ser alcançado pelos estudantes como importante instrumento de participação social, o que deve ser incentivado pelos bolsistas, também estará relacionado a aprender e a aplicar regras gramáticas e verbais. Isso não nos liberta de sermos apanhados pelas armadilhas da linguagem.
A reflexão sobre a ação do bolsista é afastar-se do princípio de que todos sabem ler e escrever, pois é muito mais do que uma habilidade. Ler, escrever e, consequentemente, expressar-se, são ferramentas socioculturais fundamentais que possibilitam sermos um melhor ou pior "contador de estórias".
A partir da leitura dos documentos PIBID/CAPES, a seleção do professor supervisor será realizada por meio de Edital no qual serão definidos os critérios de inscrição. Os critérios deverão priorizar aqueles que estejam atuando em sala de aula nas escolas públicas, municipais e estaduais, que aderirem ao projeto institucional. O candidato deverá comprometer-se e ter a disponibilidade para acompanhar o bolsista, bem como os coordenadores - institucional e dos subprojetos.
O discente, bolsista no Pibid-UCS, deve cumprir as normas previstas na PORTARIA Nº 096, DE 18 DE JULHO DE 2013 e desempenhar atividades conforme Plano de Trabalho apresentado pelo Projeto Institucional e respectivo subprojeto para o qual foi selecionado. Nesse sentido, a seleção dos bolsistas de iniciação à docência também será realizada por meio de Edital, em que também serão definidos os critérios de inscrição. Entre outros critérios, será de fundamental importância ser acadêmico regularmente matriculado nos cursos de licenciatura da Universidade de Caxias do Sul, UCS: Artes visuais; Ciências Sociais, História, Letras (Português, Inglês e Espanhol), Filosofia, Educação Física, Biologia, Música, Matemática, Pedagogia e, Química. Com o mesmo objetivo será especificado a exigência das horas de dedicação ao trabalho nas escolas, bem como aos trabalhos e estudos nas unidades dos cursos que farão parte do projeto e às demais atividades do projeto.
O PIBID, ao "fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para a melhoria de qualidade da educação básica pública brasileira", representa uma oportunidade para os licenciandos vivenciarem experiências de ensino e aprendizagem durante a formação inicial, contando com a orientação e acompanhamento de professores do ensino superior e de professores em exercício na educação básica.
Nesse sentido, acredita-se que o acompanhamento e avaliação dos bolsistas de supervisão e de iniciação à docência deverão permitir a retroalimentação - trânsito e diálogo contínuo entre universidade e o espaço escolar - prevendo a revisão dos princípios teóricos e metodológicos propostos pelo projeto institucional sempre norteado pelo objetivo de priorizar o atendimento às demandas e aos processos particulares de cada realidade escolar - o que será proporcionado pelas reuniões de acompanhamento e orientações dos trabalhos de cada subprojeto que poderão recolher as demandas, expectativas dos bolsistas e dos supervisores. Abre-se, assim, um espaço para identificar as resistências, as lacunas e as limitações da Educação Básica; um momento de (re)avaliar as atividades propostas pelos bolsistas, as relações estabelecidas com o supervisor e a concepção de prática pedagógica que perpassa o espaço escolar. (...)
Desse modo, o acompanhamento permitirá o processo contínuo de redirecionamento das atividades conforme a necessidade de cada espaço escolar cumprindo, também, o objetivo de sua avaliação. O diálogo e a troca de experiências do bolsista com o coordenador de cada subprojeto por meio de relatórios de suas atividades e, principalmente, de um diário de aprendizagem, em que o licenciado apresente os aspectos descritivos, analíticos e reflexivos de sua experiência que permitirá uma avaliação conjunta das ações que foram realizadas.
Objetiva-se criar um canal de comunicação com os futuros egressos que possa dar conta das demandas suscitadas por cada um dos atores envolvidos no processo. Parte-se do princípio da não existência de um conhecimento completo e atualizado da realidade e dos contextos sociais, políticos, científicos e acadêmicos que envolva o Ensino Superior.
O constante trânsito e diálogo entre a Universidade e os nossos ex-alunos serão importantes para ambos, pois permitirá o estreitamento de suas relações para além do tempo de formação, bem como aponta para um eterno exercício de formação continuada. Comunicação que possa vir a potencializar as atividades acadêmicas e a produção de conhecimento pelas necessidades que serão apresentadas e trazidas pelos egressos, pois se renovam a cada tempo.
O estímulo ao trabalho conjunto e permanente entre a Universidade e os egressos ajuda a romper a suposta autossuficiência do saber docente. Instituir canais que ajudem estabelecer vínculos permanentes com os egressos possibilita a Universidade efetivar o seu compromisso de responsabilidade social e, principalmente, fortalecer a ideia de que o conhecimento é uma atividade mediada, bem como resultado de um trabalho de investigação e descoberta com a ajuda do outro. Um compromisso coletivo entre a Universidade e o egresso pautado em relações de ensino-aprendizagem que envolva uma postura de colaboração, diálogo, investigação, orientação e produção de conhecimento. Assim, o papel que a Universidade vai estabelecer com os egressos e, consequentemente, com a Educação Básica, por meio da formação de professores, deverá ser pautado por estratégias de maior articulação e envolvimento permitindo que os diferentes sujeitos envolvidos no processo reflitam sobre o que estão fazendo. E vejam os reflexos disso tudo no desenvolvimento social e individual.
Além do comprometimento com as normas do PIBID, espera-se apresentar a concretização positiva do diálogo e aproximação da Universidade com a Educação Básica, numa perspectiva interacionista e pró-ativa.(...) Espera-se que com a implantação do Pibid-UCS possamos dar continuidade à valorização das licenciaturas no âmbito da Universidade, pois a UCS é a Iinstituição de Ensino Superior do RS com maior oferta de cursos de licenciatura, somando 14 cursos.
Nesse sentido, colocam-se as seguintes metas:
Entende-se que faça parte da formação para a docência a capacidade de leitura e interpretação de textos artístico-científico-filosóficos, bem como a leitura e a didatização de textos de outras naturezas a fim de potencializar as aprendizagens dos estudantes da Educação Básica.
Como uma carta prévia de intenções, este projeto delineia alguns caminhos possíveis. Antecipa algo que não se pode ver com muita nitidez. Este projeto é produto deste lugar de olhar em que nos encontramos. Com certeza há muito por vir, há muito mais a ver e a escrever. Temos consciência da importância do trabalho entre a Universidade e a Educação Básica e da nova postura profissional que, a exemplo da sociedade em rede, destacamos a contribuição de Manguel (1997, p. 355) quando descreveu o espaço narrativo na era dos hipertextos dizendo que não há hierarquias nessas redes, pois o leitor de um hipertexto poderá entrar no texto praticamente em qualquer ponto, podendo mudar o curso da narrativa, exigir inserções, corrigir, expandir ou apagar. Esses textos não têm fim, pois o leitor (ou o escritor) sempre pode continuar ou recontar um texto.
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