UCS participa do lançamento de protótipo para limpeza oceânica no mar da Holanda

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 24/06/2016 | Editado em 27/06/2016

Durante o evento, foi apresentado livro que aborda os estudos de viabilidade do projeto The Ocean Cleanup. Obra tem um capítulo escrito por pesquisadores da UCS; capas foram produzidas na Universidade, a partir de resíduos retirados do oceano.

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A meta não é simples: limpar os oceanos do planeta. O trabalho não é pouco, exige tempo e estudo. Mas a iniciativa já começou: mais precisamente a 23 quilômetros da costa da Holanda (foto). Foi para lá que o estudante de Engenharia Ambiental e bolsista de iniciação científica Kauê Pelegrini viajou. Nesse ponto do mar, foi lançado, na última quinta-feira, dia 23 de junho, o protótipo do sistema de coleta de resíduos poliméricos. As barreiras flutuantes – espécies de boias com 100 metros de comprimento – permitem o represamento e a retirada de resíduos poliméricos do oceano.

A iniciativa faz parte do projeto The Ocean Cleanup, idealizado pelo jovem holandês Boyan Slat, e busca remover materiais poliméricos (com plásticos e borrachas) dos oceanos. O trabalho conta com a parceria de pesquisadores da UCS, que desenvolvem a pesquisa no Laboratório de Polímeros, através da caracterização dos resíduos poliméricos retirados dos oceanos, com a finalidade de identificar o potencial de reciclagem desses resíduos. A UCS destaca-se como a única Instituição do Brasil a fazer parte do projeto.

“O objetivo inicial é avaliar o comportamento da barreira diante de diferentes condições climáticas, como por exemplo, ventos e ondas fortes”, explica a professora Rosmary Nichele Brandalise, que em parceria com o professor Diego Piazza e com o estudante Kauê Pelegrini – que está na Holanda para participar do lançamento do protótipo  –, atuam no projeto internacional, por meio da Universidade.

Ainda de acordo com os pesquisadores, o protótipo permanecerá em alto-mar por um ano. Equipamentos similares serão experimentados em outros pontos do planeta, com o objetivo de consolidar conhecimentos sobre esse tipo de estrutura.

Em 2020, a intenção é implantar uma barreira de 100 quilômetros de extensão entre o Havaí e a Califórnia. Nesse ponto, acredita-se que será capaz de limpar cerca de metade da Grande Mancha de Lixo do Pacífico, no prazo de dez anos.

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Para 2020, projeto The Ocean Cleanup pretende implantar uma barreira de 100 quilômetros de extensão entre o Havaí e a Califórnia.

 

Livro do projeto teve colaboração da Universidade

Além de acompanhar o lançamento do protótipo, o estudante Kauê Pelegrini participou de uma conferência em que foi apresentado o livro sobre a viabilidade do projeto. Ao lado do engenheiro holandês Norbert Fraunholcz, do The Ocean Cleanup, o acadêmico da UCS explicou a parte técnica da reciclagem mecânica de polímeros. A iniciativa busca estender as informações sobre o projeto a possíveis investidores. “A obra apresenta o estudo da viabilidade econômica, social e ambiental do projeto, alterando a imagem de que se tinha até então, de que seria impossível limpar todos os oceanos”, esclarece o professor Diego Piazza.

O livro é composto por diferentes capítulos, com resultados de ações do projeto. Muitos pesquisadores foram responsáveis pelo desenvolvimento da obra que abrange diferentes áreas do conhecimento, como oceanografia, economia, engenharia, entre outros. Assinado pelos pesquisadores Rosmary Nichele Brandalise, Diego Piazza e pelo acadêmico Kauê Pelegrini, o capítulo brasileiro estuda a caracterização e a reciclagem dos resíduos poliméricos coletados dos oceanos. Além de abordar a degradação dos polímeros, causada por diferentes intempéries ambientais, também é apresentada a metodologia de reciclagem mecânica dos resíduos poliméricos, propondo possíveis aplicações para os materiais.

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Na foto à esquerda, Kauê Pelegrini (centro), em visita ao escritório do projeto The Ocean Cleanup, ao lado da oceanógrafa Júlia Reisser e do engenheiro Norbert Fraunholcz. Na foto à direita, montagem de livros com capas produzidas por pesquisadores da Universidade.

 

Nascido a partir da consciência ambiental

Alinhadas à proposta do projeto, as capas dos livros foram desenvolvidas a partir da reciclagem de materiais poliméricos retirado do oceano. O desafio foi proposto aos pesquisadores do Laboratório de Polímeros da Universidade de Caxias do Sul.  “Aceitamos o desafio, produzimos as capas e as enviamos até a Holanda”, contextualiza Piazza.

O processo de obtenção das capas passou por duas etapas. Primeiro, pelo recebimento de amostras de resíduos poliméricos retirados do mar e previamente separados por cores; em segundo, a moldagem por compressão, realizada em prensa quente, dos materiais de forma a obter chapas. As peças foram encaminhadas à Holanda, onde os livros foram montados e lançados na conferência. Agora, os exemplares partem para um novo desafio: convencer o mundo de que limpar os oceanos não é impossível!

Texto: Vagner Espeiorin – Fotos: Kauê Pelegrini e Ocean Cleanup/Divulgação.