Enfermagem da UCS: uma história construída ao longo de 60 anos.
Comemorações
Para comemorar os 60 anos do ensino de enfermagem em Caxias do Sul, a coordenação e o Diretório Acadêmico do curso de Enfermagem realizam, nesta quinta-feira, dia 26 de outubro, uma bênção na Capela Ecumênica, no bosque ao lado do Bloco A do Campus-Sede, às 16 horas. No caso de mau tempo, o evento será transferido para o Salão de Atos da Reitoria.
No dia 8 de novembro, às 18 horas, no Salão de Atos da Reitoria, será realizada uma cerimônia acadêmica para profissionais, ex-professores, ex-alunos e a comunidade acadêmica para relembrar a história do curso e refletir sobre a inserção da Enfermagem na evolução da Saúde em Caxias do Sul.
Conforme explica a coordenadora do curso, professora Isabel de Melo, “com 171 estudantes matriculados, o curso soma 1.925 profissionais diplomados com intensa adesão à profissão (mais de 90% continuam atuando na área) atuando em diferentes estados do país e até do exterior, sendo que muitos tornaram-se docentes da Universidade. O grande mérito do curso é não ter tido medo de introduzir as mudanças necessárias à qualificação dos processos de formação, em cada momento histórico, de tal forma que é possível afirmar que continuaremos a formar enfermeiros e enfermeiras nos próximos 60 anos”.
Com origem na Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, o curso, implantado em 1957, foi incorporado à Universidade de Caxias do Sul em 1967.
A história do curso e da profissão de Enfermagem se confunde com a própria história da Universidade de Caxias do Sul e se traduz nos avanços produzidos ao longo de 60 anos de existência no campo do cuidado em saúde por professores, acadêmicos e enfermeiros egressos. O curso tem origem na criação da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês que, em 1957, passou a oferecer o curso superior de Enfermagem, com sede onde atualmente funciona o Hospital Saúde.
Independentemente do contexto histórico e das etapas evolutivas por que passou, o curso de Enfermagem sempre teve como objeto central de preocupação o cuidado humano em diferentes dimensões, em âmbito individual e coletivo.
Primeiro curso na área da saúde em Caxias do Sul
O curso de Enfermagem foi o primeiro curso da área da Saúde em Caxias do Sul. Era oferecido pela Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, que iniciou suas atividades na formação de enfermeiras em primeiro de março de 1957, por iniciativa da Sociedade das Damas de Caridade, juntamente com a Congregação das Irmãs de São José. O ensino de enfermagem teve, portanto, em sua origem, um forte apelo religioso e de gênero (com turmas iniciais totalmente femininas) e que marcou a trajetória do curso, que em 1960, formou a primeira turma de seis enfermeiras.
O nome da Escola foi uma homenagem a Madre Justina Inês, mulher constantemente preocupada com a formação de recursos humanos na área da Educação e, posteriormente, da Saúde. Com visão futurista, Madre Justina encaminhava para grandes centros outras irmãs para formação acadêmica. No caso da Enfermagem, foram encaminhadas a São Paulo várias irmãs, com o objetivo de preparar a formação de enfermeiras (à época denominadas alto padrão ou padrão Ana Neri) para atuar em Caxias do Sul e região. Entre elas, estava a Irmã Rosália Pegoraro (falecida em 2015, aos 90 anos, em Garibaldi), uma das fundadoras da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês e do curso de Enfermagem da UCS, onde participou da formação de várias gerações de enfermeiros, numa perspectiva humanista de valorização e respeito ao ser humano em todas as suas dimensões. Ela foi a primeira diretora do Centro da Saúde da UCS e homenageada com seu nome no Diretório Acadêmico do curso.
A enfermeira Edlaine Cristina Rodrigues de Almeida, enfermeira egressa da UCS, em seu projeto de Mestrado em Educação, estudou a escola Madre Justina Inês e concluiu que, na área da Saúde, as Irmãs de São José procuravam levar ao paciente fé, esperança, caridade e oração, sendo, pois, uma presença evangelizadora. A escola tinha como objetivo a formação integral das enfermeiras para desempenharem a “mais bela e nobre missão”: cuidar de doentes. O primeiro currículo, portanto, teve enfoque no trabalho hospitalar, sendo que muitas acadêmicas permaneciam no hospital como internas.
As primeiras formandas da turma de 1959-4 (com solenidade em 1960) foram: Catarina Fantin, Celeste Morlino Larrion, Eva Neli Kronbauer, Gemma Galiotto, Rita Bortolini e Sandra Maria de Abreu Mendes. Naquela época o curso tinha a duração de três anos.
Incorporação à UCS
Em 1967, o presidente Castelo Branco assinou o Decreto 60.200, autorizando a constituição da Universidade de Caxias do Sul, por meio da Associação Universidade de Caxias do Sul, criada em 16 de agosto de 1966, que reunia as entidades mantenedoras das Faculdades de Ciências Econômicas, de Filosofia, Direito, além das Escolas de Enfermagem Madre Justina Inês e Belas Artes. Em 15 de fevereiro de 1967, foi instalada a Universidade de Caxias do Sul e empossado o seu primeiro reitor, Virvi Ramos.
Ao integrar-se à UCS em 1967, o curso de Enfermagem foi propondo modificações nos projetos curriculares, modernizando o processo de formação de acordo com o desenvolvimento do conhecimento científico próprio da profissão e do reposicionamento do papel do enfermeiro como profissional indispensável nas equipes de saúde e no atendimento às necessidades de saúde da população.
Mudança curricular
Uma das mudanças curriculares mais importantes ocorreu no ano de 1992. Nos finais dos anos 1980 e início da década de 1990 houve decréscimo gradual de alunos ingressantes via concursos vestibulares, o que culminou na suspensão temporária da oferta do curso. Àquela época, a pró-reitora de Graduação, professora Liane Beatriz Moretto Ribeiro, constituiu uma comissão para avaliar e propor mudanças nos processos de formação do curso de Enfermagem.
Segundo Nilva Lúcia Rech Stédile, docente da área do Conhecimento de Ciências da Vida, egressa do curso de Enfermagem da UCS e pró-reitora de Graduação na Gestão 2006-2010, “foi um processo avaliativo importante que pode servir de modelo até a presente data aos cursos superiores. A avaliação foi realizada por meio da coleta de dados com professores e acadêmicos do curso (especialmente formandos), egressos dos cursos e empregadores de enfermeiros. Da avaliação resultou a identificação de fragilidades na formação, bem como a definição de um perfil de egresso necessário ao enfermeiro”.
Participaram da comissão de avaliação, além da própria pró-reitora, Fátima Martinatto (do curso de Filosofia e representante da Pró-Reitoria) e os enfermeiros Nilva Lúcia Rech Stédile, Antônio Jaco Zanatta, Elisabete Parmegiane Boss e Suzete Marchetto Claus, os quais, juntamente com os professores do Colegiado de Curso e após dois anos de trabalho propuseram um projeto de curso inovador, marcado por uma forte tendência à formação técnico-científica, humanística e cidadã, para além das ênfases estabelecidas até então. Este processo de formação amplia os níveis de atuação profissional, estende a formação para a rede de serviços e não apenas ao hospital, institui o estágio curricular e o trabalho em equipes interdisciplinares. Outro aspecto fundamental foi a opção por processos de ensino-aprendizagem por meio de metodologias ativas, com novos papéis definidos para professores e acadêmicos, somados ao incremento permanente da infraestrutura necessária à qualificação deste processo. Esta proposta teve vida longa, especialmente por estar adequada às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para enfermagem, definidas em 2001.
Fotos: Acervo das docentes do curso de Enfermagem