Universidade recebe carta patente de processo de controle biológico para pragas agrícolas.
Patente de Invenção concede à FUCS a propriedade de processos e produtos relacionados ao controle do fitopatógeno Plasmopara viticola.
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial concedeu à Fundação Universidade de Caxias do Sul a Patente de Invenção de processos e produto relacionados ao controle biológico do pseudo-fungo Plasmopara viticola, um fitopatógeno que afeta uvas (Vitis vinifera e Vitis labrusca), morango, abóbora e hortaliças, causando perdas significativas nas safras dessas culturas, conforme justificaram os autores da invenção – Juan Carrau Bonomi, Franciele Flores Vit e Thais Rovaris – quando foi feito pleiteado o registro da patente, em dezembro de 2006.
Concedida em 31 de outubro de 2017, a Patente de Invenção – Carta Patente N° PI 0605358-0 – dá à Fundação Universidade de Caxias do Sul, durante os próximos dez anos, a propriedade dos seguintes processos e produtos: processo para cultivo de Plasmopara viticola; processo e kit para avaliar a eficácia de antagônicos sintéticos e/ou naturais de Plasmopara viticola; e processo de detecção de antagônicos de Plasmopara viticola.
Desenvolvida no Instituto de Biotecnologia, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, a pesquisa que deu origem à mais recente Patente de Invenção da UCS foi conduzida pelo pesquisador Juan Carrau Bonomi, que entre 1977 e 2012 fez parte do quadro docente da Universidade de Caxias do Sul, em colaboração com Franciele Flores Vit e Thais Rovaris, na época colaboradoras da pesquisa na condição de estudantes de graduação em atividades de iniciação científica.
A Plasmopara viticola é pseudofungo fitopatógeno que só consegue crescer em células vivas e em condições muito específicas de umidade e temperatura. Pela primeira vez, uma técnica laboratorial permitiu não só o seu cultivo vivo, mas também a multiplicação, seleção, isolamento em qualquer época do ano, bem como a identificação e obtenção de seus antagônicos – seus inimigos naturais – que são capazes de crescer sobre o próprio fungo a ser controlado e até ser capaz de excluí-lo da flora microbiana epifítica da planta a ser protegida
Míldio, um velho conhecido dos viticultores
O Míldio, principal doença fúngica em áreas tropicais, também conhecido como mofo ou mufa, é causado pelo pseudofungo Plasmopara viticola e pode causar perdas de até 100% na produção. As condições climáticas ideais para o desenvolvimento da doença são temperaturas entre 18 °C e 25 °C e umidade relativa do ar acima de 60%. A presença de água livre na superfície dos tecidos vegetais, seja proveniente de chuvas, orvalho ou gutação, por um período mínimo de 2 horas, é indispensável para que ocorra a infecção, sendo a umidade relativa do ar acima de 95%, necessária para a produção de esporos. O patógeno afeta todas as partes verdes da planta. Nas folhas, inicialmente aparecem manchas amareladas, translúcidas contra o sol, denominadas de “mancha de óleo”.Em condições de alta umidade relativa, na face inferior da folha, sob a mancha de óleo, observa-se um mofo branco que é a frutificação do pseudofungo. Em seguida, o tecido foliar afetado necrosa e, quando o ataque é muito intenso, ocorre a desfolha precoce da planta. Os cachos são atacados desde antes da floração até o início da maturação. Quando o patógeno atinge as flores ou os frutos até o estádio de chumbinho, observa-se escurecimento do ráquis, o cacho pode ficar recoberto por uma massa branca, secar e cair. A fase de maior susceptibilidade da cultura ao Míldio compreende o período entre o início da brotação dos ramos até a fase “grão ervilha”. Nas bagas mais desenvolvidas, o fungo penetra pelos pedicelos e se desenvolve no seu interior, tornando-as escuras, duras, com superfície deprimida, destacando-se facilmente do cacho.
Fonte: Embrapa Uva e Vinho.
Para o professor Gabriel Pauletti, doutor em Fitotecnia e atual diretor do Instituto de Biotecnologia e coordenador da Fazenda Escola da Universidade de Caxias do Sul, a concessão de mais uma Carta-Patente à Fundação Universidade de Caxias do Sul, resultante de pesquisas realizadas no Instituto de Biotecnologia, só vem comprovar que o foco das equipes de pesquisadores em seus laboratórios e nos programas de Pós-Graduação que se realizam no Instituto, também está direcionado para a resolução de problemas tecnológicos, neste caso na área da Biotecnologia Agrícola, no atendimento de demandas da sociedade. “Esta invenção possibilita o desenvolvimento de novas formas de controle deste fitopatógeno, principalmente no ramo do controle biológico de pragas e doenças, que possibilitam o desenvolvimento de tecnologias produtivas mais sustentáveis. É importante destacar a participação de alunos de graduação na pesquisa que deu origem a esta Carta-Patente, o que evidencia a qualidade da formação que a Universidade de Caxias do Sul oferece a seus estudantes”.
Conheça o Portfólio de Patentes e Modelos de Invenção da Universidade de Caxias do Sul.
Fotos: Embrapa Uva e Vinho