Antártica: doutoranda em Biotecnologia viaja ao continente para estudos de macroalgas.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 28/10/2016 | Editado em 14/02/2024

Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia embarca nesta segunda-feira, dia 31, para coleta de espécies encontradas apenas no Polo Sul do planeta.

claudia-velho-9661Quando outubro chega, inicia no continente Antártico o período de degelo. Apenas por esse motivo, essa época é considerada “verão”. A terminologia, porém, não serve para contextualizar as temperaturas negativas que fazem no Polo Sul. Por lá, a sensação térmica é sempre de inverno.

É para esse cenário de branco intenso e de termômetros abaixo de zero que a doutoranda em Biotecnologia Rafaele Frassini viaja a partir de segunda-feira, dia 31 de outubro. Até dezembro, ela estudará as algas marinhas encontradas no ecossistema antártico. A pesquisadora estará acompanhada de outros três pesquisadores. A equipe estará sob coordenação da professora Dra. Franciane Pellizzari, da Universidade Estadual do Paraná.

O trabalho do grupo faz parte de um grande projeto intitulado como “RedeAlgas”. A iniciativa tem por objetivo identificar as espécies de macroalgas do Continente Antártico, mapear a distribuição geográfica delas, e, ainda, realizar a caracterização química, além da investigação do seu potencial biológico.

claudia-velho-9716Em processo de finalização do doutoramento, Rafaele entende bem de algas antárticas. Desde 2013, ela trabalha com espécies encontradas no Polo Sul. Durante a criação da tese “Avaliação da atividade antitumoral de macroalgas antárticas em modelos celulares”, orientada pela Dra. Mariana Roesch Ely e pelo Dr. João Antonio Pegas Henriques, ela buscou identificar compostos com atividade antitumoral presentes nessas espécies. As análises foram realizadas no Laboratório de Genômica Proteômica e Reparo de DNA, no Instituto de Biotecnologia. A estudante não deverá analisar diretamente as amostras que coletar na viagem ao continente gelado, mas sabe que vai colaborar em muito para pesquisas futuras.

“As algas coletadas nesta missão serão utilizadas em estudos posteriores, em nível de graduação e pós-graduação, tanto pela UCS como pelas demais instituições que integram a RedeAlgas. As algas utilizadas no meu projeto, por exemplo, foram recolhidas em 2014. Agora, eu vou poder participar desta coleta, que será muito importante para a realização de trabalhos futuros”, destacou a pesquisadora.

Por aqui, as algas encontradas por Rafaele serão direcionadas ao Laboratório de Produtos Sintéticos e Naturais, coordenado pelo prof. Dr. Sidnei Moura e Silva, e ligado aos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia e em Ciências da Saúde. Ali serão feitas a extração de compostos, a caracterização química e a análise da atividade antitumoral das espécies.

“Pesquisas apresentaram resultados muito promissores, por isso terão sua composição química estudada mais detalhadamente”, revela a doutoranda.

claudia-velho-9686Da preparação à expectativa

Viajar para Antártica exige preparo dos pesquisadores. Afinal, a região apresenta várias dificuldades de sobrevivência e exige mantimentos especiais para o período de estadia. Para poder realizar a viagem, Rafaele fez um treinamento no Rio de Janeiro, em agosto. Ao lado dos demais pesquisadores, a doutoranda participou de palestras e provas de resistência física que simulavam situações e riscos a que os pesquisadores podem estar expostos. Somente após o treinamento, Rafaele foi selecionada para integrar a equipe.

“Estou muito ansiosa e feliz por poder participar desta missão que é tão importante para a pesquisa brasileira. Apesar de ser um local inóspito, os riscos são mínimos, pois recebemos o treinamento adequado. Além disso, os pesquisadores são acompanhados a campo por profissionais treinados, como alpinistas do Clube Alpino Paulista e mergulhadores da Marinha”, destaca.

A logística da viagem

A missão terá início em 31 de outubro. Rafaele viaja em voo comercial de Porto Alegre a Pelotas, onde a equipe, vinda do Rio de Janeiro, fará uma pausa no trajeto por um dia. A bordo do avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB), os pesquisadores seguem viagem até Punta Arenas, cidade localizada no extremo Sul do Chile. Por lá, eles aguardarão as condições climáticas propícias para a viagem até o continente gelado. São aproximadamente 3 horas de voo de Punta Arenas até a Antártida. A previsão de retorno é dia 17 de dezembro, mas não há, ainda, uma data definida para a volta, pois dependerá das condições climáticas.

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Missão XXXV

Rafaele embarca para a Antártica por meio da operação XXXV, que é fomentada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob projeto de número (407588/2013-2). O proponente é o professor Dr. Pio Colepicolo, da Universidade de São Paulo.

A UCS já participou de outras operações com destino à Antártica. No final de 2014 e início de 2015, pesquisadores de Ciências Biológicas ficaram um período no Extremo Sul do planeta para o estudo de pinguins. Conheça mais sobre a viagem na matéria da RevistaUCS.

Fotos: Claudia Velho/UCS e Rafael Radaelli/divulgação