O Universo Z – mais plurais, inclusivos e tolerantes; menos íntimos, seguros e constantes
A Geração Z surge quando o uso da Internet consolida-se dentro das residências, a partir de 1995. Está ligada intimamente à expansão dos aparelhos tecnológicos, sendo o smartphone a principal inovação do período.
Para esses jovens, globalização não é algo que veio com custos políticos ou por causa de contextos econômicos, e sim algo natural, materializado na interconexão tecnológica mundial. A partir disso, percebem no mundo a pluralidade – de informações, conceitos, comportamentos, culturas, estilos de vida, etc,… Essa noção contribui para uma visão mais inclusiva. Ao contrário dos Y, que buscam confirmar uma expectativa de perfeição, os Z aceitam melhor a imperfeição como condição humana.
Dificuldades de interação – Os maiores problemas dessa geração, segundo especialistas, se referem à interação social. Nos Z o paradoxo conectado/isolado se aprofunda. Por estarem tão conectados virtualmente, sofrem com a falta de intimidade e de comunicação verbal. Se adolescentes de qualquer época falam pouco e escutam menos ainda, nos Z fechamento e isolamento se acentuam. Através de memes, gifs e stories, cruzam referências para expressar emoções e opiniões complexas.
Grupo aceita melhor a imperfeição como condição humana, mas ‘liquidez’ das relações gera ansiedade.
A compensação ocorre nas relações virtuais, onde o imediatismo, a frivolidade e a ‘liquidez’ contribuem para gerar ansiedade. O uso de atalhos, próprio do mundo virtual, é adotado como mecanismo em todo tipo de interação – o mais simbólico (que inusitadamente leva a letra que designa a geração) é o CTRL+Z, que transpõe a facilidade de ‘desfazer’ do teclado para as relações e situações humanas. Grande parte da energia psíquica é canalizada conferir informações e reações nas redes. As consequências disso ainda são obscuras para a ciência, mas há indícios. Segundo levantamento de 2017 do Ministério da Saúde, 27% dos usuários de mídias sociais correm mais risco de sofrer depressão, e a doença já atinge 20% dos jovens de 12 a 18 anos.
É importante frisar, no entanto, que embora afeita à constituição da Geração Z, tais comportamentos e reflexos do uso das redes sociais se apresentam fortemente também nas gerações Y e X.
1995-2010 – O UNIVERSO Z
Trabalho e carreira:
– Trabalhar com o que se gosta é a prioridade, ‘equilibrar trabalho e vida pessoal’, ‘ser reconhecido pelo que faz’ e ‘ganhar bem’ são as metas para pessoas na faixa de 18 a 24 anos, segundo pesquisa de 2019 do SPC Brasil.
– Embora tanto ter um emprego formal como empreender sejam considerados, a maior parte dos jovens já não visualiza uma única profissão para toda a vida. Internet e redes sociais são naturalmente vistas como meio para executar mais de uma atividade profissional.
– Tendência de crescimento da economia colaborativa, em que recursos são compartilhados sem que haja necessariamente aquisição de um produto ou serviço.
Padrões de consumo:
– Internet como meio de pesquisa e compra.
– O conceito muda de ‘acumular e ter posse’ para ‘acessar produto ou serviço’.
– Compartilhamento: a compra/venda dá lugar ao aluga-se.
– Personalização: interesse que o produto/serviço seja único e entregue de maneira exemplar.
– Boicote a marcas consideradas racistas, machistas e homofóbicas.
Estudo e aprendizado:
– Mais flexível, autodidata e proativo.
– Ênfase na lógica e na aprendizagem baseada em experiência.
– Novos conhecimentos são buscados no YouTube (principal canal de pesquisa para 75,7% dos jovens), em blogs e fóruns online.
Comportamento Social:
– As causas que mais engajam são igualdade racial, direitos dos animais, meio ambiente, LGBT+ e feminismo.
– A militância ocorre sobretudo nas redes sociais, em debates, compartilhamento de informações ou discussões em grupos.
– O Instagram é a rede social preferida, usada com frequência por 65% dos jovens durante o dia, seguido do YouTube, acessado por 63%. O interesse pelo Facebook está em queda, sendo utilizado por 52%.
– Para 58,7% dos jovens, as redes sociais são o principal canal também de acompanhamento de noticiários, seguidas da televisão.
PÓS 2010 – A GERAÇÃO ALPHA
– A Geração Z abrange os nascidos até 2010 porque a massificação das redes sociais, desde o início da década atual, demarca o surgimento de um novo grupo, os Alpha.
– Multiconectados e com uma profunda relação com a tecnologia, interagem com o universo digital de forma rápida e natural.
– A alfabetização digital aponta para crianças com acesso, desde antes da alfabetização escolar, a um volume ilimitado de informação, o que cria precedente para que elas venham a ser mais autodidatas e questionadoras.
– No mundo do trabalho isso deve significar relações menos hierárquicas e maior facilidade em manter múltiplas identidades profissionais.
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Texto: Ariel Rossi Griffante – argriffante@ucs.br
Fotos: Claudia Velho – cvelho@ucs.br