O Universo Z – mais plurais, inclusivos e tolerantes; menos íntimos, seguros e constantes

Publicado em 30/09/2019 | Editado em 30/09/2019

A Geração Z surge quando o uso da Internet consolida-se dentro das residências, a partir de 1995. Está ligada intimamente à expansão dos aparelhos tecnológicos, sendo o smartphone a principal inovação do período.

Para esses jovens, globalização não é algo que veio com custos políticos ou por causa de contextos econômicos, e sim algo natural, materializado na interconexão tecnológica mundial. A partir disso, percebem no mundo a pluralidade – de informações, conceitos, comportamentos, culturas, estilos de vida, etc,… Essa noção contribui para uma visão mais inclusiva. Ao contrário dos Y, que buscam confirmar uma expectativa de perfeição, os Z aceitam melhor a imperfeição como condição humana.

Dificuldades de interação – Os maiores problemas dessa geração, segundo especialistas, se referem à interação social. Nos Z o paradoxo conectado/isolado se aprofunda. Por estarem tão conectados virtualmente, sofrem com a falta de intimidade e de comunicação verbal. Se adolescentes de qualquer época falam pouco e escutam menos ainda, nos Z fechamento e isolamento se acentuam. Através de memes, gifs e stories, cruzam referências para expressar emoções e opiniões complexas.

Grupo aceita melhor a imperfeição como condição humana, mas  ‘liquidez’ das relações gera ansiedade.

A compensação ocorre nas relações virtuais, onde o imediatismo, a frivolidade e a ‘liquidez’ contribuem para gerar ansiedade. O uso de atalhos, próprio do mundo virtual, é adotado como mecanismo em todo tipo de interação – o mais simbólico (que inusitadamente leva a letra que designa a geração) é o CTRL+Z, que transpõe a facilidade de ‘desfazer’ do teclado para as relações e situações humanas. Grande parte da energia psíquica é canalizada conferir informações e reações nas redes. As consequências disso ainda são obscuras para a ciência, mas há indícios. Segundo levantamento de 2017 do Ministério da Saúde, 27% dos usuários de mídias sociais correm mais risco de sofrer depressão, e a doença já atinge 20% dos jovens de 12 a 18 anos.

É importante frisar, no entanto, que embora afeita à constituição da Geração Z, tais comportamentos e reflexos do uso das redes sociais se apresentam fortemente também nas gerações Y e X.

1995-2010 – O UNIVERSO Z

Trabalho e carreira:
Trabalhar com o que se gosta é a prioridade, ‘equilibrar trabalho e vida pessoal’, ‘ser reconhecido pelo que faz’ e ‘ganhar bem’ são as metas para pessoas na faixa de 18 a 24 anos, segundo pesquisa de 2019 do SPC Brasil.
– Embora tanto ter um emprego formal como empreender sejam considerados, a maior parte dos jovens já não visualiza uma única profissão para toda a vida. Internet e redes sociais são naturalmente vistas como meio para executar mais de uma atividade profissional.
Tendência de crescimento da economia colaborativa, em que recursos são compartilhados sem que haja necessariamente aquisição de um produto ou serviço.

Padrões de consumo:
Internet como meio de pesquisa e compra.
– O conceito muda de ‘acumular e ter posse’ para ‘acessar produto ou serviço’.
Compartilhamento: a compra/venda dá lugar ao aluga-se.
Personalização: interesse que o produto/serviço seja único e entregue de maneira exemplar.
Boicote a marcas consideradas racistas, machistas e homofóbicas.

Estudo e aprendizado:
Mais flexível, autodidata e proativo.
– Ênfase na lógica e na aprendizagem baseada em experiência.
Novos conhecimentos são buscados no YouTube (principal canal de pesquisa para 75,7% dos jovens), em blogs e fóruns online.

Comportamento Social:
As causas que mais engajam são igualdade racial, direitos dos animais, meio ambiente, LGBT+ e feminismo.
A militância ocorre sobretudo nas redes sociais, em debates, compartilhamento de informações ou discussões em grupos.
O Instagram é a rede social preferida, usada com frequência por 65% dos jovens durante o dia, seguido do YouTube, acessado por 63%. O interesse pelo Facebook está em queda, sendo utilizado por 52%.
– Para 58,7% dos jovens, as redes sociais são o principal canal também de acompanhamento de noticiários, seguidas da televisão.

 

PÓS 2010 – A GERAÇÃO ALPHA

– A Geração Z abrange os nascidos até 2010 porque a massificação das redes sociais, desde o início da década atual, demarca o surgimento de um novo grupo, os Alpha.
Multiconectados e com uma profunda relação com a tecnologia, interagem com o universo digital de forma rápida e natural.
– A alfabetização digital aponta para crianças com acesso, desde antes da alfabetização escolar, a um volume ilimitado de informação, o que cria precedente para que elas venham a ser mais autodidatas e questionadoras.
– No mundo do trabalho isso deve significar relações menos hierárquicas e maior facilidade em manter múltiplas identidades profissionais.

 

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Texto: Ariel Rossi Griffante – argriffante@ucs.br
Fotos: Claudia Velho – cvelho@ucs.br