A Geração Z na visão da Administração.

Publicado em 30/09/2019 | Editado em 30/09/2019

Transformação das relações de trabalho é inevitável

Maior facilidade para se apropriar de novas ferramentas no mundo digital, pensamento menos linear, potencial de criar e manter redes de relacionamento, visão menos mecanicista do mundo e do mercado de trabalho, menos preconceitos e visão mais cosmopolita são algumas das características positivas do perfil profissional da Geração Z, segundo o diretor do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES-UCS), Roberto Birch Gonçalves, doutor em Administração.

Por outro lado, continua o professor, o acesso à Internet e as redes sociais geraram contrapontos, como o imediatismo, um conhecimento superficial de conceitos e as dificuldades de lidar com o contraditório, de se comprometer em projetos de longo prazo e de participar de estruturas hierárquicas tradicionais. “Há que se pensar que todas as características, sejam positivas ou negativas, podem trocar de posição. Por exemplo, o imediatismo pode agilizar e melhorar a performance organizacional, mas pode produzir resultados inadequados por falta de planeamento”, ressalva.

Será cada vez mais uma realidade a valorização de hábitos sustentáveis e a busca de alternativas às crises de impacto global.

Como consumidores, os Z trazem a escolha e a lealdade a marcas por identificação de valores mais do que por influência de grupos sociais. São menos influenciados por meios tradicionais de comunicação de massa e mais por meios digitais. Sensíveis a questões sociais e ambientais, referem-se nelas em suas decisões de consumo, e ligam-se mais ao prazer gerado pelos produtos do que à sua funcionalidade, como é o caso dos gastos com intangíveis (apps, games).

Reconfiguração mútua – Sob essas influências, o mundo do trabalho reconfigura-se com o ingresso da Geração Z, tornando-se mais automatizado e conectado, porém mais informal e instável. Conforme Birch, entre as tendências estão 1) relações profissionais mais flexíveis, com mais trabalhos por projeto e menos por vínculo com corporações; 2) foco maior na contratação por habilidades do que por formações; 3) valorização da tecnologia em todas as áreas; e 4) a capacidade de inovar como competência importante.

Do lado das empresas, aponta o professor, acentuam-se as necessidades de 1) serem rápidas em se atualizar, para manter consumidores; 2) preocuparem-se com sustentabilidade ambiental e responsabilidade social; 3) acelerar sua migração para o mundo digital, visto que os consumidores cada vez mais esperam obter informações e adquirir produtos via Internet.

Em paralelo às estruturas convencionais, a economia colaborativa, em que recursos são compartilhados sem necessariamente haver aquisição de produto ou serviço, “será cada vez mais uma realidade e ainda vai transformar muitos negócios, pela valorização de hábitos mais sustentáveis e pela busca de alternativas às crises de impacto global”, diz Birch. “Todos esses movimentos são inexoráveis, e as empresas que se derem conta disso antes sairão na frente”.

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Texto: Ariel Rossi Griffante – argriffante@ucs.br
Fotos: Claudia Velho – cvelho@ucs.br