A Geração Z na visão da Psicologia Social.
Busca de reconhecimento virtual atinge a todas as gerações
A virtualização das relações resultou das novas tecnologias de comunicação quando a internet se transformou, de lugar de busca de informações, em rede de relacionamentos. Instituiu-se a ‘comunicação todos-todos’, facilitada pela popularização dos smartphones, abrangendo os distintos agrupamentos sociais. “Na contemporaneidade, crianças, jovens, adultos e idosos participam das relações na virtualidade independente do local onde residem ou da classe social a que pertencem”, define a professora de Psicologia da UCS Cristina Lhullier, mestre e doutora na área.
Por estar frequentemente conectada, desenvolver mais relacionamentos digitais e se expressar mais nas redes, a Geração Z passa a impressão de ser mais afetada pela virtualidade do que as demais gerações. “Um ambiente rico em diversidade e em oportunidades será escolhido como o local preferencial de interação pelos seres humanos. Se os jovens recorrem apenas à socialização pelo mundo virtual, talvez as demais não tenham sido adequadamente fortalecidas no ambiente de convívio humano”, pondera Cristina.
Reputação social – Nos estudos da Psicologia Evolucionista a respeito dos comportamentos de competição e/ou cooperação, ocorre uma situação denominada altruísmo recíproco, que pode ser direto ou indireto, explica a professora. “Quando há altruísmo direto, existe uma relação de troca entre dois indivíduos: o doador e o recebedor. O custo para o doador é baixo, mas a recompensa para ele é alta. Deste modo, há motivação para doar algo para alguém”, descreve. “Quando há altruísmo indireto, o doador age motivado pela reputação que poderá atingir, garantindo-lhe mais interações sociais e, consequentemente, mais trocas e mais doações”.
Não se poupam esforços na busca pelo reconhecimento e pela vinculação a grupos identificados como detentores de poder de influência nas dinâmicas sociais.
Desse modo, prossegue Cristina, as interações virtuais teriam ligação com o altruísmo indireto. “Por serem gregários, os seres humanos buscam afiliar-se a grupos sociais em busca de proteção e contato afetivo. Logo, ter uma ‘boa reputação social’ é algo desejável, o que gera mais interesse em situações sociais que possam repercutir positivamente nos grupos que o indivíduo pertence”, indica.
Temor da invisibilidade – Com as novas tecnologias de comunicação há uma potencialização da busca pela aprovação social, que é dada de modo mais instantâneo do que em outros contextos sócio-históricos. Tais fatores podem colaborar, conforme Cristina, para a sensação de mal-estar que permeia as interações sociais na virtualidade, uma vez que os indivíduos procuram seus contatos com maior frequência e aguardam feedbacks na velocidade com que iniciaram a interação.
É o que os países de língua inglesa denominaram de FOMO, significando Fear Of Missing Out (‘medo de ser deixado de fora’, em tradução livre). “A possibilidade de exclusão social é temida pelos seres humanos, por estar associada à invisibilidade e ao esquecimento, tendo como consequências negligência e preconceito. Deste modo, não se poupam esforços na busca pelo reconhecimento e pela vinculação a grupos identificados como detentores de poder de influência nas dinâmicas sociais”, descreve.
Composta por adolescentes e jovens adultos – ou seja, em pleno processo de construção de identidade social e de busca de reconhecimento – a Geração Z experimenta a necessidade de visibilidade com intensidade, mas não com exclusividade, pois, como sinaliza a professora, “a busca de pertencimento nos contextos virtuais acentuam temores que existem em qualquer ser humano”.
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Texto: Ariel Rossi Griffante – argriffante@ucs.br
Fotos: Claudia Velho – cvelho@ucs.br