Acadêmicos de Ciências Biológicas participam de levantamento oceanográfico da Marinha.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 20/02/2019 | Editado em 21/02/2019

Experiência pela costa marítima a bordo de uma das plataformas de pesquisa mais modernas do mundo inclui palestras, cursos e auxílio à coleta de dados ligados ao monitoramento de áreas oceânicas.

Expectativas superadas, muito aprendizado e novos horizontes profissionais permeiam a descrição da experiência de um grupo de acadêmicos do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Caxias do Sul em um projeto da Marinha do Brasil. A primeira leva de oito estudantes – de um total de 14 alunos da Instituição – retornou no final de janeiro: partindo da base naval em Niterói, no Rio de Janeiro, percorreram uma jornada de 23 dias pela costa marítima até chegar ao porto catarinense de Itajaí. Os outros grupos participam neste mês de fevereiro e em março.

O projeto integra o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (Leplac), coordenado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, voltado a estabelecer o limite exterior da plataforma continental, com a realização de uma série de estudos do ecossistema marinho. A bordo do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) Vital de Oliveira – equipado para pesquisas oceanográficas em Geologia e Biologia, com foco em pesquisas científicas, e capacidade de mapear dados da atmosfera, oceano, solo e subsolo marinhos – os acadêmicos vivenciam experiências de marinheiro e aprofundam conhecimentos em áreas relevantes à sua formação. Integrando estudos para solucionar problemas amplos, relevantes ao país e que buscam novos recursos para seu desenvolvimento, os alunos ampliam a percepção sobre a importância da pesquisa e suas possibilidades.

A coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UCS, Raquel Cristina Balestrin, e a professora Rosane Lanzer, que coordena o projeto Lagoas Costeiras, lembram que a Universidade constitui um meio importante para a formação cidadã dos estudantes. “A experiência de pesquisa junto a uma instituição diferenciada como a Marinha ainda agrega outros valores, além de acadêmicos, à formação. Conviver em um ambiente confinado, com divisão de tarefas e limitações, certamente não se constitui somente em uma experiência nova, como ajuda a rever conceitos e atitudes”, acrescentam.

Experiências 

Conheça alguns detalhes da experiência a partir dos relatos de alguns dos acadêmicos:

“A pernada começou, de fato, no dia oito de janeiro, ao sairmos da Baía de Guanabara rumo à Elevação do Rio Grande – área de estudo e aquisição de dados das missões realizadas. A bordo, trabalhamos com o geofísico da Universidade Federal Fluminense, professor Arthur Ayres Neto, que nos orientou com paciência e dedicação nas atividades, a maioria de aquisição de dados geofísicos, apresentação de conceitos teóricos e funcionamento dos equipamentos. Cumprimos uma escala diária de trabalho, além de participar de palestras e cursos, com destaque para o tema Navegação Astronômica: partindo de nosso interesse no assunto, a palestra deixou as noites de observação das estrelas muito mais ricas. Foram 23 dias de muito trabalho, conversas, risadas, madrugadas observando as estrelas e um horizonte de tirar o fôlego, mas, sobretudo, muita hospitalidade por parte da Marinha”. (Kétini Mafalda Sacon Baccin)

“Assim que chegamos ao Rio de Janeiro, fomos recepcionados pelo comandante Torres, que não seguiu conosco na jornada, mas nos apresentou ao que seria nossa casa durante as próximas semanas: no Laboratório Seco aprendemos o funcionamento de diferentes equipamentos e auxiliamos na coleta de dados e, durante a estadia, fomos inseridos no mundo da Geofísica. O curso sobre Navegação Astronômica transformou nossas noites estreladas. Nesse período, vivemos intensamente a vida de pesquisadores, podendo conhecer novas áreas de pesquisa. Sem dúvida eu retornaria ao navio em oportunidades futuras, sempre serei grata a toda a tripulação, principalmente comandante e imediato, que tornaram essas três semanas inesquecíveis para cada um de nós, pesquisadores”. (Fernanda Pessi de Abreu)

“A bordo, o capitão de fragata Alex Urbancg e o imediato, atenciosos e prestativos, demonstraram satisfação em receber estudantes de diversas partes do Brasil para a coleta de dados em prol do monitoramento das áreas oceânicas. Participamos de palestras com oficiais e pesquisadores e compreendemos o funcionamento de equipamentos para coleta de dados e do Laboratório Seco, onde são armazenados. Coletaram-se dados geofísicos indiretos de uma parcela da elevação do Rio Grande, através de equipamentos que efetuam medições de profundidades, a disposição estrutural das camadas sedimentares, e as variações do campo magnético. Minha grande motivação para participar desta experiência única foi conhecer e aprender sobre as áreas da pesquisa científica, aprimoradas com as coletas de dados, o trabalho dos pesquisadores e suas aplicações nas áreas de estudo específicas, abrangendo meus conhecimentos e oferecendo oportunidades futuras para seguir meus estudos nesse campo”. (Aline de Godoy)

“Embarcar no navio Vital de Oliveira foi uma das experiências mais incríveis e marcantes da minha vida! Desde o começo, fomos muito bem recepcionados pelo comandante e toda a tripulação. O cientista-chefe da pernada, professor Arthur Ayres, e a mestranda Juliana Gonçalves, nos passaram todo o conhecimento possível sobre Geofísica e Geoacústica Submarina e, também, sobre o equipamento que iríamos acompanhar e processar os dados adquiridos. Ao acompanhar as palestras sobre o levantamento da plataforma continental brasileira, ministrados pela 1ª Tenente Lorena Sampaio, pude perceber o quão grande, sério e importante é o trabalho que estávamos fazendo. É uma sensação muito gratificante poder ajudar a mapear e estudar uma área que futuramente poderá ser anexada ao território brasileiro! Saio do navio uma pessoa diferente, com uma visão de mundo diferenciada e muito honrada de aprender e ajudar!”. (Paula Mulazzani Candiago)

“Embarcar no NPqHo Vital de Oliveira foi uma grande oportunidade para adquirir experiências e conhecimentos, que proporcionou atuação direta na pesquisa a campo. Pudemos conhecer e trocar ideias com pesquisadores e oficiais, entendendo estudos geofísicos, o funcionamento de equipamentos a bordo, e nos familiarizar com os trabalhos realizados pelo Leplac. Também acompanhamos de perto a rotina dos tripulantes, verificando sua importância para a aquisição de informações e dados, bem como a competência de todos em favor da pesquisa marinha nacional. Todo o aprendizado adquirido, a parceria e amizades construídas entre os pesquisadores, as conversas com os marinheiros, o carinho e atenção, sobretudo, nos fizeram sentir parte do todo. Lembrarei desta vivência única com muito apreço, a fim de algum dia navegar novamente”. (Daniele Andreis)

“Foi uma experiência ímpar, que em muito acrescentou sobre a pesquisa a campo, somou valiosos conhecimentos na área de Geoacústica e proporcionou momentos inesquecíveis em alto-mar. Acompanhamos de perto diversas atividades científicas e de navegação da equipe do Vital, imprescindíveis para reconhecer a importância dos estudos marítimos, a competência da Marinha do Brasil e a seriedade em prol da pesquisa nacional. A muitas milhas náuticas de distância do continente, a ideia inicial de estar “no meio do nada” foi dando espaço a um pensamento diferente: estávamos diante de (literalmente) um oceano de possibilidades, revigorando a expectativa de se aventurar em novas áreas do conhecimento, extrapolando fronteiras entre Ciências Biológicas, Geofísica e Geologia. É com imensa gratidão e carinho que recordarei do Vital de Oliveira, no anseio de navegar novamente”. (Diego Castellan Elias)

“Foi uma experiência com grandes aprendizados. Desde o início, fomos muito bem recebidos, acompanhamos diversas atividades do navio, aprendemos desde a aquisição dos dados com os equipamentos, até conceitos sobre navegação astronômica e cuidados com a saúde bucal. Expandi meus horizontes para novas áreas de pesquisa, com a inserção no mundo da Geofísica, e assim entendemos a importância da comissão ERG 2019, que integramos. Para além disso, a Marinha do Brasil contribuiu imensamente na minha formação como futura bióloga. Gostei muito de entender um pouco mais sobre o trabalho que desenvolve, principalmente relativo ao Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC), que com muito esforço de militares e pesquisadores há anos vem ajudando o Brasil a estender nosso território marítimo. Espero ter contribuído para que a Elevação do Rio Grande seja parte de nossa Zona Econômica Exclusiva”. (Aline Zanetti dos Santos)

Também participam do projeto os acadêmicos Leonardo Davi Bonatto, Tayna Ribeiro Trentin, Thais de Araújo Villa, Clarissa Franzoi, Daniel Reolon, Giovanna Marschner e Julia Emanueli Vieira de Lima. A seleção – que incluiu alunos do Campus-Sede e do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (CARVI) –, partiu de currículo, histórico escolar de graduação, carta de intenção e entrevista.

Fotos: divulgação