Acadêmicos de Ciências Biológicas participam de levantamento oceanográfico da Marinha.
Experiência pela costa marítima a bordo de uma das plataformas de pesquisa mais modernas do mundo inclui palestras, cursos e auxílio à coleta de dados ligados ao monitoramento de áreas oceânicas.
Expectativas superadas, muito aprendizado e novos horizontes profissionais permeiam a descrição da experiência de um grupo de acadêmicos do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Caxias do Sul em um projeto da Marinha do Brasil. A primeira leva de oito estudantes – de um total de 14 alunos da Instituição – retornou no final de janeiro: partindo da base naval em Niterói, no Rio de Janeiro, percorreram uma jornada de 23 dias pela costa marítima até chegar ao porto catarinense de Itajaí. Os outros grupos participam neste mês de fevereiro e em março.
O projeto integra o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (Leplac), coordenado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, voltado a estabelecer o limite exterior da plataforma continental, com a realização de uma série de estudos do ecossistema marinho. A bordo do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) Vital de Oliveira – equipado para pesquisas oceanográficas em Geologia e Biologia, com foco em pesquisas científicas, e capacidade de mapear dados da atmosfera, oceano, solo e subsolo marinhos – os acadêmicos vivenciam experiências de marinheiro e aprofundam conhecimentos em áreas relevantes à sua formação. Integrando estudos para solucionar problemas amplos, relevantes ao país e que buscam novos recursos para seu desenvolvimento, os alunos ampliam a percepção sobre a importância da pesquisa e suas possibilidades.
A coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UCS, Raquel Cristina Balestrin, e a professora Rosane Lanzer, que coordena o projeto Lagoas Costeiras, lembram que a Universidade constitui um meio importante para a formação cidadã dos estudantes. “A experiência de pesquisa junto a uma instituição diferenciada como a Marinha ainda agrega outros valores, além de acadêmicos, à formação. Conviver em um ambiente confinado, com divisão de tarefas e limitações, certamente não se constitui somente em uma experiência nova, como ajuda a rever conceitos e atitudes”, acrescentam.
Experiências
Conheça alguns detalhes da experiência a partir dos relatos de alguns dos acadêmicos:
“Assim que chegamos ao Rio de Janeiro, fomos recepcionados pelo comandante Torres, que não seguiu conosco na jornada, mas nos apresentou ao que seria nossa casa durante as próximas semanas: no Laboratório Seco aprendemos o funcionamento de diferentes equipamentos e auxiliamos na coleta de dados e, durante a estadia, fomos inseridos no mundo da Geofísica. O curso sobre Navegação Astronômica transformou nossas noites estreladas. Nesse período, vivemos intensamente a vida de pesquisadores, podendo conhecer novas áreas de pesquisa. Sem dúvida eu retornaria ao navio em oportunidades futuras, sempre serei grata a toda a tripulação, principalmente comandante e imediato, que tornaram essas três semanas inesquecíveis para cada um de nós, pesquisadores”. (Fernanda Pessi de Abreu)
“Embarcar no navio Vital de Oliveira foi uma das experiências mais incríveis e marcantes da minha vida! Desde o começo, fomos muito bem recepcionados pelo comandante e toda a tripulação. O cientista-chefe da pernada, professor Arthur Ayres, e a mestranda Juliana Gonçalves, nos passaram todo o conhecimento possível sobre Geofísica e Geoacústica Submarina e, também, sobre o equipamento que iríamos acompanhar e processar os dados adquiridos. Ao acompanhar as palestras sobre o levantamento da plataforma continental brasileira, ministrados pela 1ª Tenente Lorena Sampaio, pude perceber o quão grande, sério e importante é o trabalho que estávamos fazendo. É uma sensação muito gratificante poder ajudar a mapear e estudar uma área que futuramente poderá ser anexada ao território brasileiro! Saio do navio uma pessoa diferente, com uma visão de mundo diferenciada e muito honrada de aprender e ajudar!”. (Paula Mulazzani Candiago)
“Foi uma experiência ímpar, que em muito acrescentou sobre a pesquisa a campo, somou valiosos conhecimentos na área de Geoacústica e proporcionou momentos inesquecíveis em alto-mar. Acompanhamos de perto diversas atividades científicas e de navegação da equipe do Vital, imprescindíveis para reconhecer a importância dos estudos marítimos, a competência da Marinha do Brasil e a seriedade em prol da pesquisa nacional. A muitas milhas náuticas de distância do continente, a ideia inicial de estar “no meio do nada” foi dando espaço a um pensamento diferente: estávamos diante de (literalmente) um oceano de possibilidades, revigorando a expectativa de se aventurar em novas áreas do conhecimento, extrapolando fronteiras entre Ciências Biológicas, Geofísica e Geologia. É com imensa gratidão e carinho que recordarei do Vital de Oliveira, no anseio de navegar novamente”. (Diego Castellan Elias)
Também participam do projeto os acadêmicos Leonardo Davi Bonatto, Tayna Ribeiro Trentin, Thais de Araújo Villa, Clarissa Franzoi, Daniel Reolon, Giovanna Marschner e Julia Emanueli Vieira de Lima. A seleção – que incluiu alunos do Campus-Sede e do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (CARVI) –, partiu de currículo, histórico escolar de graduação, carta de intenção e entrevista.
Fotos: divulgação