Aula magna do VIII Sigera valoriza a ciência como base do desenvolvimento social e sustentável
Série de atividades, que incluem apresentações de trabalhos, palestras e visitas técnicas, se estende até esta sexta-feira, 10 de novembro
O UCS Teatro foi palco da cerimônia de abertura e aula magna do VIII Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais (Sigera) nesta quarta-feira, 8 de novembro. O evento movimenta o Campus-Sede desde o início da semana e se estende até esta sexta-feira, dia 10, com apresentações de trabalhos, encontros, minicursos, palestras, painéis, visitas técnicas e workshops. Confira a programação completa.
Representando a Universidade de Caxias do Sul, o reitor Gelson Leonardo Rech destacou a pesquisa como o primeiro dos quatro alicerces da Instituição (pesquisa, inovação, ensino e extensão) e sua abertura permanente para as boas práticas, a boa ciência e a reflexão científica. Presidente da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (SBERA) – entidade organizadora do evento – Ricardo Luís Radis Steinmetz afirmou que o Simpósio tem o desafio de demonstrar onde a ciência pode ajudar no dia a dia e nas soluções dos problemas que a economia demanda. Steinmetz reforçou a importância da “ciência como base do desenvolvimento” (temática do Simpósio) e nas tomadas de decisões em qualquer esfera social e, por isso, ela precisa saber se comunicar com as pessoas.
Nesta esteira ocorreu a palestra “Fomento à inovação: como obter recursos não reembolsáveis para projetos inovadores”, conduzida pelo professor Rafael Roesler, diretor Técnico-Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Roesler enfatizou que a produção científica não pode ser vista apenas como redação de artigos científicos, mas como agente transformador do bem-estar social e do desenvolvimento econômico. “A ciência é o único caminho para um desenvolvimento aliado à sustentabilidade. É preciso que as instituições, o setor público e a sociedade civil atuem em parceria com a Academia e a iniciativa privada. A sociedade tem que perceber o valor de se investir em pesquisa científica para que ela não fique restrita ao universo acadêmico, porque é advinda de um investimento público”, ressaltou.
“Temos diante nós um grande desafio de reconciliação entre os sistemas humanos e a natureza”. A máxima partiu do ex-presidente da Embrapa e atual membro do conselho assessor da diretoria-geral da FAO, Maurício Lopes, que conduziu a palestra “Bioeconomia como indutora do gerenciamento de resíduos”. Por bioeconomia, explicou ele, se entende uma vertente econômica criativa que afasta ações que têm impacto negativo nos sistemas naturais e na sustentabilidade dos sistemas econômicos, a partir da linha de utilização de recursos de maneira eficiente, através da economia verde e da descarbonização dos processos.
O senso comum pode perceber a agricultura e o meio ambiente como setores que não andam juntos. A ótica é apresentada pelo pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, professor Airton Kunz, que diz que a lógica entre elas deve ser convergente, pois o crescimento do agro brasileiro pode e deve andar associado às questões ambientais. “As novas métricas que existem, inclusive para acessar mercados competitivos, obrigatoriamente necessitam que pensemos na preservação do meio ambiente”.
A produção de energia a partir de fontes renováveis e sustentáveis vai ao encontro do que defende a pesquisadora e professora da UCS, coordenadora executiva do Simpósio, Suelen Paesi. “As atividades que nós temos no Brasil estão muito voltadas à questão agropecuária que gera resíduos que impactam no meio ambiente. Para que possamos crescer como atividade e dar segurança econômica e social a esses setores, precisamos ter um planejamento de resíduos, que podem ser valorizados na produção de energia e insumos”, explica. A professora evoca a missão da UCS na formação de recursos humanos atuantes nas áreas que vão dar visibilidade para novas alternativas de energia e acrescenta que a pesquisa pode colaborar para a melhora da saúde ambiental do planeta.
O VIII Sigera é uma realização da SBERA e conta com apoio financeiro da Capes. O Simpósio tem apoio da Universidade de Caxias do Sul – UCS; da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS; da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; do Laboratório de Microbiologia e Bioprocessos – LAMIB; da Embrapa; da Universidad de la Frontera; da Folhito; da Cooperativa Ecocitrus; da Awite; da Analítica; do Senai; da Shimadzu; do Sicredi; da M. Lima Engenharia; do Inmetro; do Sebrae; e do grupo Mulheres do Biogás.
Fotos: Bruno Zulian