E-book da EDUCS relata atividades de incentivo a meninas para áreas de Ciências e Tecnologia

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 18/06/2024 | Editado em 26/06/2024

O objetivo é promover a motivação e o interesse das alunas para essa área do Conhecimento

A Editora da Universidade de Caxias do Sul (EDUCS) lançou recentemente o e-book Encorajando Meninas em Ciências Exatas, Engenharias e Computação: oficinas pedagógicas para a Educação Básica, organizado por Isolda Gianni de Lima, Laurete Zanol Sauer, Odilon Giovannini e Valquíria Villas-Boas, docentes da Área do Conhecimento de Ciências Exatas e Engenharias da UCS. A publicação oferece conteúdos robustos e ricos que relatam as atividades que foram concebidas e realizadas com professores e estudantes de Educação Básica, alunos de Iniciação Científica da UCS e estudantes de Iniciação Científica Júnior das escolas coexecutoras do projeto, vinculado ao programa de Extensão Engenheiro do Futuro, da UCS. As escolas participantes são de Caxias do Sul, Flores da Cunha, Farroupilha e Carlos Barbosa. O objetivo principal dessas ações é oferecer capacitação aos professores e promover a motivação e o interesse das alunas para as Ciências Exatas, as Engenharias e a Computação. Os autores do e-book explicam o projeto na entrevista a seguir:

Qual o objetivo da publicação?
A divulgação das atividades desenvolvidas pela equipe junto às escolas de Ensino Fundamental e Médio da Região, bem como das oficinas pedagógicas para Educação Básica. Esperamos que essas ações possam ser replicadas, servindo de material de capacitação e inspiração para os professores que não puderam participar da formação oferecida durante o projeto.

Qual o público-alvo da obra?
A obra se destina, especialmente, aos profissionais, educadores e estudantes de licenciatura das áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação. E, além desses, a todas as meninas estudantes do Ensino Fundamental e Médio que, muitas vezes, desistem de ingressar em carreiras nessas áreas por falta de conhecimento de suas possibilidades. Na apresentação da obra fica indicada a predominância masculina nas profissões da Engenharia e das Ciências Exatas, refletida no corpo estudantil e nos campos de atuação dessas áreas.

Oficinas incentivam as meninas para a prática das engenharias

Qual a importância de incentivar a participação feminina na formação e na atuação da área de ciência e tecnologia?
É bem conhecido que as Ciências Exatas, as Tecnologias e as Engenharias têm sido profissões dominadas por homens. No caso específico da Engenharia, a caracterização e a concepção da Engenharia como uma profissão masculina ainda é senso comum. Nas últimas décadas, o pequeno número de estudantes de Engenharia e de Ciências Exatas do sexo feminino, bem como de cientistas e engenheiras atuantes no mercado de trabalho no mundo ocidental, tem sido motivo de debate para os estudiosos que se preocupam com as questões de gênero e com a importância da participação feminina em Ciência e Tecnologia (C&T). É fato conhecido que, quando crianças, meninas ganham bonecas e meninos ganham blocos de montar, carrinhos e pistas de corrida. Tal situação é muito mais antiga do que podemos imaginar. Ao “sexo frágil” não era permitido votar ou estudar. No Brasil, o processo de inserção das mulheres nas carreiras científicas e tecnológicas ocorreu nas mesmas proporções que em outros países do mundo. Entretanto, durante boa parte do século XX ainda havia um grande preconceito relacionado às mulheres estarem aptas ou até mesmo capacitadas intelectualmente para seguirem nessas carreiras. Assim, programas de incentivo e valorização da participação feminina na área de C&T têm sido apresentados como um caminho para reverter esse quadro. Embora tenha havido um aumento global na participação feminina nesse campo, ele ainda enfrenta problemas de sub-representação das mulheres. Isso pode ser observado tanto no pequeno número de mulheres em áreas específicas do conhecimento, tais como Ciências Exatas, Engenharia e Computação, quanto na inexpressiva presença feminina nos cargos de prestígio em todas as áreas, incluindo aquelas tradicionalmente consideradas femininas. Podemos observar desigualdades ainda mais acentuadas em áreas específicas, como Computação e Matemática.

O que pode ser feito para mudar esse quadro?
É fundamental promover mudanças visando garantir a igualdade de oportunidades para as mulheres na área científica e tecnológica. De acordo com os dados sobre a distribuição de graduandos por sexo no Brasil, é possível perceber que, embora as mulheres tenham uma presença maior no Ensino Superior, elas tendem a se concentrar em cursos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como nas áreas de Ciências Biológicas e Saúde. Por outro lado, é evidente a supremacia masculina na área tecnológica, especialmente na Engenharia. Essa desigualdade de gênero pode ser explicada, em parte, pela socialização das meninas, sendo, ainda, muitas delas afastadas dos equipamentos tecnológicos, levando os meninos a terem maior familiaridade com a tecnologia. No Brasil, é essencial promover a formação de mulheres nas áreas de Ciências Exatas, Engenharia e Computação. Para despertar o interesse das meninas estudantes é fundamental estimular atividades lúdicas relacionadas a essas disciplinas o quanto antes, se possível, já na Educação Infantil. Ações já existem no Ensino Fundamental, a partir do 6º ano, com o uso de materiais como kits de robótica, jogos e projetos práticos, entre outras metodologias que trabalham o “fazer” na prática para o entendimento de fenômenos científicos e tecnologias, favorecendo, assim, que as meninas venham a desenvolver um gosto pelas áreas de Ciências Exatas e Tecnologia.

A obra foi desenvolvida a partir de um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Quais os principais resultados e impactos deste trabalho?
Como principais resultados podemos destacar:
– Atividades de C&T em cinco escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio;
– Criação ou reativação de um Clube de Ciências e Astronomia em cada uma das escolas coexecutoras;
– Oficinas “mão na massa” nas escolas (astronomia, preparação de tintura alcoólica a partir de plantas frescas, resíduos sólidos, explorando smartphones, sistemas de informações em mídias digitais);
– Feiras de Ciência;
– Mostras Científicas e Tecnológicas;
– Olimpíadas de Matemática, com preparação nas instituições de ensino, e realização de uma Olimpíada em cada escola, cujos vencedores participaram da OlimMat UCS – Olimpíada de Matemática, na Universidade;
– Criação de um espaço cultural intitulado “Ciência no Cinema”, envolvendo as escolas;
– Bate-papos com cientistas e engenheiras;
– Curso de formação continuada em Ensino de Ciências e Matemática para as professoras representantes das cinco escolas coexecutoras. .

Quais as principais conquistas do projeto?
– Tanto bolsistas ICjr (Iniciação Científica Júnior) como meninas participantes em cada escola envolveram-se ativamente em todas as atividades;
– As Mostras Científicas e Tecnológicas tiveram participação de aproximadamente 150 professores, orientando cerca de 390 projetos que envolveram 1.600 estudantes;
– Todas as escolas coexecutoras tiveram estudantes premiadas na Mostraseg (Mostra Científica e Tecnológica das Escolas de Ensino Fundamental e Médio da Serra Gaúcha), bem como na Mostratec (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia) e na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia);
– Reconhecimento demonstrado por meio da divulgação das atividades do projeto nos meios de comunicação;
– O município de Carlos Barbosa recebeu o Prêmio Boas Práticas da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), representando todas as 497 cidades gaúchas. A distinção foi i creditada à implantação da metodologia científica nas escolas e à realização da Mostra Científica Municipal, tendo recebido o 3o lugar na categoria Educação. A Escola Elisa Tramontina, coexecutora no projeto, foi corresponsável pela premiação;
– As Olimpíadas de Matemática tiveram o envolvimento de todas as escolas, representadas por suas direções, além de familiares dos estudantes participantes e da comunidade em geral;
– A Escola João Pilati, do distrito caxiense de Criúva, superou a meta projetada do IDEB em 2019, o que se atribui, em parte, ao envolvimento das estudantes, estimuladas pelas atividades promovidas pelo projeto;
– A Escola Tancredo Neves, de Flores da Cunha, recebeu prêmio destaque da Câmara de Vereadores pelas atividades desenvolvidas a partir da iniciativa.