No dia 14 de março, no Campus-Sede, João Candido Portinari falará sobre legado artístico e de transformação social do pai em encontro aberto à comunidade

Entre os destaques da programação de volta às aulas da Universidade de Caxias do Sul, no dia 14 de março, às 20h, o UCS Teatro será palco para receber João Candido Portinari, filho de Candido Portinari (1903-1962), que administra seu legado a partir do Projeto Portinari, que fundou e dirige desde 1979. O encontro, gratuito e aberto à comunidade, terá como tema vida e obra de um dos maiores artistas brasileiros, que atuou de forma política e crítica acerca das questões sociais e dos direitos humanos. Para receber certificado de participação, interessados devem fazer inscrição prévia neste link. A entrada é aberta ao público e limitada à capacidade do UCS Teatro.

Candido Portinari tratou de temáticas universais e atemporais, com caráter social e que narram situações humanas, como o trabalho, os jogos da infância, o sofrimento diante da morte e as migrações. Esses olhares, hoje históricos, foram apresentados em uma produção multilinguagem que percorreu o desenho, a gravura e a pintura, esta última na qual deixou seu maior legado. Além da pintura de cavalete, a pintura mural e os painéis gravaram seu nome na história da arte brasileira, com obras no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e São Paulo.

Para além das fronteiras, é consagrado internacionalmente como artista latino-americano – seus painéis Guerra e Paz são exibidos no prédio sede da Organização das Nações Unidas – ONU, em Nova Iorque, onde foram inaugurados em 1957. Denunciando as injustiças sociais, os horrores da guerra e defendendo a paz, as obras se tornaram símbolos da luta por um mundo mais justo.

Do Cafezal à ONU

Foi em uma pequena fazenda de café no interior de São Paulo que Candido Portinari deu seus primeiros passos no mundo da arte. Mal sabia que sua trajetória o levaria a pintar murais grandiosos e a se tornar um dos maiores artistas do Brasil, com reconhecimento internacional. A frase de Tolstói, “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, ecoa com força na trajetória de Candido Portinari. Nascido em Brodowski, em meio aos cafezais paulistas, ele soube como poucos traduzir a alma brasileira em suas pinturas, elevando sua arte a um patamar universal. Sua obra evoluiu de temas regionais, como a simplicidade do cotidiano rural, para questões universais, como a miséria, a fome, a violência e a paz. A partir de seu olhar, segue convidando a refletir sobre a beleza e a complexidade da experiência humana.

Com papel fundamental na pesquisa, organização e democratização do acesso à obra do artista, o Projeto Portinari atua há 45 anos transcendendo sua divulgação ao operar como instrumento de transformação social. Leva o legado de Portinari para além dos museus e galerias, impactando a vida de crianças, jovens e comunidades em todo o Brasil.

Celebração e acolhida

A palestra agrega à acolhida dos estudantes da Área do Conhecimento de Artes e Arquitetura, advindos do Campus 8, no semestre em que ingressam em seu novo local de atividades acadêmicas, o Bloco J-C8 da Cidade Universitária. O evento integra as comemorações dos 60 anos dos cursos de Artes Visuais da UCS e o calendário de eventos dos 150 anos da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul, contando com a parceria do Consulado Honorário da Itália em Caxias do Sul.

“A educação nos torna humanos, desenvolve potencialidades e amplia horizontes. E a arte educa, informa, promove reflexão e humaniza, conversando com a realidade e com o sublime. Contribuir para a democratização da arte e da cultura também está entre as nobres missões da Academia. Com esse intuito, e a partir da valorosa imersão no legado de Portinari, acolhemos os acadêmicos da Área de Artes e Arquitetura para o início do semestre no Campus-Sede, espaço aberto às mais ricas interações com a comunidade, comemorando ainda os 60 anos do curso de Artes Visuais”, celebra o reitor da UCS, professor Gelson Leonardo Rech.

A coordenadora dos cursos de licenciatura e bacharelado em Artes Visuais, professora Silvana Boone, também valoriza o momento de aproximação da trajetória de um dos maiores artistas da história brasileira, referenciado no mundo por seu legado atemporal e universal. “Portinari tornou a humanidade da vida visível através da arte, no seu sentido mais literal: vivências, dores, crenças, brincadeiras, rituais de passagem, trabalho, a natureza social e política do homem, de forma estética e poética. Receber João Candido Portinari reforça o ideal educativo construído, mantido e compartilhado com a comunidade pela UCS, que desde o início da sua constituição contou com a presença do curso de Artes Visuais, hoje comemorando 60 anos de existência”.

Fotos: Projeto Portinari/Reprodução