Exposição ReExistência Indígena, no Museu Municipal, propõe compreensão sobre história, resistência e luta pela terra

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 22/07/2021 | Editado em 22/07/2021

Projeto resulta de disciplina do curso de História da UCS e visitação, gratuita, se estende até 6 de agosto.

“A história de Caxias do Sul não começa em 1875. Sua história tem, pelo menos, mais de 2.000 anos, quando povos indígenas chegaram na região, originando uma parte significativa da nossa história, cultura e território”, resume a apresentação da exposição Do passado ao presente: ReExistência Indígena. O principal objetivo da mostra é contribuir para a visibilidade indígena e oferecer uma compreensão sobre sua história, resistência e luta pela terra.
A visitação, no Museu Municipal, estará aberta de 23 de julho a 6 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, com entrada gratuita.

A exposição, que integra o projeto “O Museu é teu, é meu, é nosso. Do passado ao presente: ReExistência Indígena”, tem a curadoria das estudantes Gabriele Patzlaff e Karoline Sander Farinha (do curso de História) e Paola Morgan Riva (Fotografia). A elaboração se deu durante a disciplina de Estágio Curricular IV do curso de graduação em História da Universidade de Caxias do Sul (UCS), tendo como unidades concedentes o Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC-UCS) e o Museu Municipal Maria Clary Frigeri Horn, de Caxias do Sul.

O professor da disciplina, Anthony Beux Tessari, diretor do IMHC, destaca que a experiência oportuniza o contato com um campo de atuação diferente da sala de aula, que é o campo do patrimônio cultural, com o desenvolvimento de ações em instituições culturais ou projetos de preservação da memória. “As ações e os projetos têm resultado em produções que alcançam um público amplo, como esta exposição, exibida na instituição museal pública mais antiga de Caxias do Sul. Certamente, a experiência para as estudantes será marcante, pelo desafio que foi organizar uma exposição com essa temática, e pela contribuição que a ação proporcionará à sociedade para conhecer e pensar de forma diferente a história da cidade”.

Contexto e relevância

As alunas apresentam mais informações que contextualizam a relevância da abordagem:

  • As disputas pelas terras indígenas são um conflito histórico, e o risco de maiores reduções territoriais aumenta a cada dia, uma vez que são de interesse do agronegócio e da especulação imobiliária. Seus remanescentes seguem lutando para que toda atividade econômica leve em consideração o respeito à proteção dos direitos humanos e à preservação ambiental ao longo de sua cadeia produtiva. Defendem os direitos dos povos tradicionais, apoiam o acesso à justiça de grupos e comunidades afetadas pela ação industrial de grande escala, cobram de empresas uma cadeia produtiva transparente com proteção ao meio ambiente e ao trabalho digno.

 

 

 

 

 

 

  • Para além da luta pela sua terra e pelo direito à saúde, à educação, à alimentação, à água potável, à vacinação, à luz, enfim, a todos os direitos fundamentais, a luta dos indígenas é para manter seus territórios preservados, bem como as vidas que existem neles. As terras indígenas são as áreas que mais bloqueiam o desmatamento.
  • A construção social da identidade regional e as contribuições dos indígenas para a formação da população gaúcha no Rio Grande do Sul tendem a ser ignoradas.
  • A figura do indígena ainda é vista como exótica, distante, primitiva, selvagem, como se estivessem apenas no passado. Não são, assim, reconhecidos por grande parte da população brasileira, e como integrantes legítimos da sociedade. São, enfim, marginalizados, sofrendo descasos para com sua existência, confinados em espaços afastados e cada dia mais reduzidos.
  • A sociedade precisa reconhecer que esses povos formam o socioambientalismo que caracteriza a nação brasileira, registro de nossa pluralidade, diversidade cultural e fonte de inúmeros conhecimentos sobre a nossa própria origem, sem os quais não poderemos contar a nossa história. Informar sobre todos os povos que compõem a sociedade nacional é um caminho para que seja possível a construção de uma nação livre e igualitária. É necessário conhecer e falar sobre os indígenas no presente, não apenas no passado.

Fotos: Paola Riva