Palestra sobre a flora brasileira comemora os 35 anos de atividades do Herbário da UCS.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 25/10/2018 | Editado em 25/10/2018

“O Herbário da UCS na construção do conhecimento da flora brasileira”  é o tema da palestra do biólogo Felipe Gonzatti, curador do Herbário da Universidade de Caxias do Sul, na segunda-feira, dia 29 de outubro, às 16h30min, no saguão do Museu de Ciências Naturais.

Cinco anos após a criação do curso de Ciências Biológicas, a Universidade de Caxias do Sul deu início, em 1983, às atividades do Herbário, idealizado pelo professor Ronaldo Wasum, que na época já era curador do Herbário PACA da Unisinos. Com experiência na gestão de acervos científicos desta natureza, Wasum – que já é falecido – começava o acervo na UCS timidamente: todo o material coletado era acomodado em caixas de sapatos, em uma sala no Bloco A do Campus-Sede, que logo depois foram substituídas por caixas de madeira, que hoje abrigam cerca de 52 mil amostras entre líquens, fungos, musgos, samambaias, gimnospermas e angiospermas, além de coleções especiais como palinoteca (coleção de pólen) e carpoteca (coleção de frutos).

As primeiras amostras vieram de saídas de campo das disciplinas de Botânica do curso de Ciências Biológicas, sendo o primeiro registro uma amostra de uma espécie de musgo, coletado em Otávio Rocha, pela bióloga Valéria Dal Pont Wasum, esposa do professor Wasum, datada de 29 de outubro de 1983. Em seguida, iniciaram-se as coletas em localidades da Serra Gaúcha, dos Campos de Cima da Serra e também de outras regiões do Estado, trazidas por alunos, professores, pesquisadores e curiosos em conhecer as espécies da flora regional.

Também há quase 35 anos, o Herbário mantém intercâmbios com diferentes instituições de diferentes partes do mundo, promovendo a troca de material, que, além de aumentar o volume de amostras e representatividade da coleção, também auxilia na identificação das espécies pelos especialistas em taxonomia.

O biólogo Felipe Gonzatti, curador do Herbário da UCS, explica que “até hoje, já mantivemos contato e algum tipo de fluxo de material, com mais de 180 instituições, das quais 120 do exterior e 60 brasileiras, espalhadas pelos cinco continentes. Assim, conseguimos ao longo do tempo adquirir espécies vegetais de todos os cantos do mundo, o que enriquece a coleção e nos ajuda na identificação e no estudo das nossas espécies nativas e exóticas. Além disto, muitos destes intercâmbios foram importantes na aquisição de bibliografias e periódicos importantes que hoje somam mais de 40 títulos diferentes, de várias instituições renomadas da área da Botânica”.

Com a construção do prédio do Museu de Ciências Naturais, em 1995, o Herbário da UCS (HUCS) recebe um novo espaço para suas atividades. Ao longo do tempo, inúmeros trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado e projetos de pesquisa institucionais em parceria com outras instituições foram importantes para o aumento da representatividade e do volume de material do acervo, além de fornecer subsídios para o desenvolvimento das pesquisas institucionais que envolvem a Botânica.

Educação ambiental
Além da catalogação das espécies vegetais, o Herbário desenvolve, desde o início de sua criação, atividades com foco na Educação Ambiental e na formação de recursos humanos na área da Biologia e Agronomia. “Alunos dos cursos de Ciências Biológicas e Agronomia fazem estágios curriculares ou desenvolvem projetos de iniciação científica no Herbário, e isto se reflete na formação do futuro profissional. Hoje encontramos egressos da UCS que realizaram atividades no Herbário trabalhando como professores e pesquisadores em várias instituições do país”, ressalta Felipe.

O Herbário também oferece oficinas de formação acerca da temática botânica para diferentes públicos, que vão desde professores da rede pública de ensino até alunos de todos os níveis, além de trabalhar no desenvolvimento de metodologia e recursos didáticos alternativos e diferenciados no ensino da Botânica. Gonzatti afirma que “tais atividades integram os roteiros de Educação Ambiental do Museu de Ciências Naturais e algumas delas foram impulsionadas após a associação do Herbário da UCS ao Jardim Botânico de Caxias do Sul, em 1990. Muitas das ações de divulgação do conhecimento botânico ocorrem no formato de exposições temáticas. A equipe do Herbário já realizou 15 dessas ações, algumas desenvolvidas pela própria equipe e outras adquiridas através de parcerias com outras instituições”.

Associações
Nestes 35 anos, o Herbário da UCS participa ativamente nas associações da área: é membro da Rede Estadual de Herbários, da Sociedade Botânica do Brasil, e da Sociedade Latino-Americana e do Caribe de Jardins Botânicos, integrando muitas vezes diretorias dessas associações. Com essas sociedades, já sediou encontros regionais e internacionais de botânicos e de gestores de Jardins Botânicos.

Informatização
Atualmente o Herbário encontra-se totalmente informatizado e disponível em bases de dados nacionais e internacionais, graças à participação e apoio do projeto INC – Herbário Virtual, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco. Já são mais de 10 milhões de acessos nessas bases desde sua disponibilização em 2012. “Com a informatização do acervo muitos institutos de pesquisa têm utilizado os dados do Herbário da UCS para elaboração de pesquisas de macro escala e que estão sendo publicados em renomadas revistas científicas, como um trabalho publicado recentemente no prestigiado periódico Nature, que utiliza 16 registros do nosso Herbário na sua amostragem”, comemora Gonzatti.

Linhas de pesquisa
O herbário mantém linhas de pesquisa científica voltadas principalmente para a caracterização da vegetação costeira da Serra Gaúcha e para a taxonomia de samambaias e licófitas. Esta última linha de pesquisa está associada à participação do Herbário no projeto Flora do Brasil 2020, desenvolvido em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O HUCS está aberto à comunidade de segunda a sexta-feira, das 13 horas às 17h30min, na sala 204 do Museu de Ciências Naturais.

Fotos: Claudia Velho