Imagens Colaterais: estudantes de Jornalismo reúnem fotografias sobre o isolamento social.
Trabalho da disciplina de Projeto Experimental I apresenta cenas cotidianas captadas em diferentes pontos do RS e do mundo, compartilhadas diariamente pelo Instagram.
O isolamento social é feito de microssegundos e cada um deles compõe uma história. Reunir cenas e contextualizar o período marcado pelo distanciamento são tarefas de 10 acadêmicos do curso de Jornalismo da UCS.
Na disciplina de Projeto Experimental I, ministrada pelo Álvaro Fraga Moreira Benevenuto Júnior, os estudantes têm programaticamente a missão de desenvolver um projeto que envolva a comunidade, tendo como suporte a fotografia. Neste semestre, o desafio foi fazer isso enquanto uma pandemia preocupa o mundo; a resposta dos alunos veio misturando cotidiano, estética e criatividade a partir de cenas bucólicas.
A disciplina teve três encontros presenciais, nos quais professor e alunos debateram diferentes propostas de inserção comunitária. Na semana em que decidiriam qual projeto implementar, passaram a ter aulas online síncronas. O que aparentemente seria uma dificuldade diante do afastamento dos participantes da turma, tornou-se uma oportunidade.
“Esse debate (o da escolha de um projeto) aconteceu na sala de aula sem paredes, isto é, na sala de aula mediada pela tecnologia. Foi nesta conversa, com todos presentes, que a ideia de registrar a individualidade criativa para conviver durante a pandemia tomou corpo e desafiou a todos”, lembra Benevenuto.
Respeitando o isolamento, os acadêmicos foram divididos em duplas que atuavam de modo remoto mobilizando conhecidos. Amigos, familiares, colegas de trabalho foram convidados a compartilharem imagens produzidas na quarentena, com dispositivos a que tivessem fácil alcance. A ideia era criar um grande banco de imagens com fotografias produzidas de celular, câmeras profissionais ou não.
A partir desse banco, o estudantes realizam uma curadoria em que cada dupla ficou responsável por uma temática: “conversas e carências”; “como enfrento o isolamento”, “os cômodos: adaptações/transformações”; “janelas em imagens laterais”; e “imagens no/do Instagram”.
Com as fotografias, eles criaram uma conta no Instagram “Imagens Colaterais”, com três postagens diárias de imagens pessoais a partir do olhar particular de diferentes pessoas. “O trabalho fez a gente perceber que os meios de comunicação são as extensões essenciais da convivência humana, especialmente num momento no qual o isolamento físico é fundamental para preservar a vida”, reforça o professor.
A opção de convidar pessoas para mandar imagens faz parte das medidas de segurança aos estudantes e responde aos impedimentos impostos pelo decreto do isolamento social. Isso possibilitou que o projeto contasse com imagens produzidas em diferentes locais. Além de Caxias do Sul, há registros feitos na Itália, Coreia do Sul, França, Campinas, Farroupilha, Bento Gonçalves e Feliz.
A exposição no Instagram fica em atividade até dia 7 de julho. As contribuições serão aceitas até dia 30 de junho e não está descartada a exposição física dos trabalhos futuramente. Por enquanto, o trabalho demonstra seu poder pedagógico em diferentes mídias. “Fez a gente descobrir que há outras formas de construir o conhecimento e também que o compartilhamento de oportunidades para participar de mostras e exposições, com o cuidado ético e social, é muito importante para o registro de nossa história”, finaliza Benevenuto.
Fotos: Natália Zucchi, Rafa Martha, Cristian Moz, Mirian da Silveira