Instituto de Biotecnologia: há 40 anos criando inovação científica e tecnológica.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 05/12/2019 | Editado em 14/02/2024

De formação multidisciplinar, equipes de pesquisadores atuam no ensino de graduação e pós-graduação e produzem conhecimento de relevância para o desenvolvimento econômico e social, desenvolvendo novas aplicações biotecnológicas de interesse industrial.   

Celebração

No dia 9 de dezembro, o grupo de professores, estudantes, corpo técnico e administrativo do Instituto de Biotecnologia se reuniu para comemorar o aniversário do IB com um churrasco no Galpão Crioulo da UCS.

Na foto à esquerda, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Juliano Rodrigues Gimenez, o atual diretor, professor Gabriel Fernandes Pauletti, o professor Juan Luis Carrau-Bonomi, um dos fundadores da IB, e o estudante do Doutorado em Biotecnologia, Ricardo Marchezan, o mais novo integrante do grupo do IB. Ricardo é mestre em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pernambuco e ingressou há três meses no Programa, como orientado da professora Marli Camassola.

 

 

No ano em que completa 40 anos de atividades, o Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul (IB-UCS) confirma sua vocação original de promover a pesquisa, o ensino e a extensão de forma inovadora e consistente, ampliando e qualificando a missão da Universidade de formar profissionais qualificados e produzir conhecimento de relevância para o desenvolvimento econômico e social da região e do país. Desde a sua criação aos dias de hoje, o Instituto de Biotecnologia construiu um legado que foi essencial para a introdução da Universidade de Caxias do Sul no cenário das Instituições de Ensino Superior que investem em pesquisa e pós-graduação e, mais recentemente, para o seu bom posicionamento nos rankings nacionais e internacionais, especialmente nas categorias de Pesquisa e de Inovação.

Em seus laboratórios, conectados ao ensino de graduação e pós-graduação, equipes multidisciplinares estudam e buscam as melhores aplicações tecnológicas em diferentes ramos da Biotecnologia, ao mesmo tempo em que investem na formação qualificada das novas gerações de profissionais, preparando-os para dar conta das inovações tecnológicas necessárias ao progresso da humanidade. Na foto acima, o registro de parte do grupo que integra o Instituto de Biotecnologia, em dezembro de 2019.

Com aplicações na área da Agroindústria, da Saúde Humana e Animal, na  área Ambiental e na  área da Vitivinicultura, a atuação do corpo técnico e científico do Instituto de Biotecnologia está concentrada em onze laboratórios de pesquisa e serviços,  nos programas de pós-graduação em Biotecnologia (mestrado e doutorado) e em Biotecnologia e Gestão Vitivinícola (mestrado profissional), no Núcleo de Inovação e Desenvolvimento em Agricultura Sustentável, numa interação produtiva com estudantes e professores dos cursos de graduação em Ciências Biológicas, Farmácia, Engenharia Química, Engenharia de Materiais, Nutrição, Agronomia, Medicina Veterinária, Química, e Medicina, entre outros.

Tudo começou com a necessidade de melhorar a vitivinicultura

A primeira pesquisa na área da biotecnologia antecede a existência do próprio Instituto, criado por portaria do reitor Abrelino Vazatta (1974-1987), em janeiro de 1979. Anos antes, em uma sala do Bloco A, onde hoje está instalada a Reitoria, um pequeno grupo liderado pelo biólogo uruguaio Juan Luis Carrau-Bonomi buscava através do estudo das leveduras do vinho contribuir para o melhoramento da produção vitivinícola. Desenvolvida com o apoio da FAPERGS, essa primeira pesquisa deu origem, em 1989, ao primeiro pedido de patente depositado pela UCS nos Estados Unidos, com o título “Leveduras obtidas por fusão e processo para a redução da acidez málica em vinificação”.

Com a criação do Instituto e a realização em 1980 do primeiro curso de Especialização em Biotecnologia, a Universidade começava uma trajetória que teria sua primeira grande conquista em 1993, com a abertura do primeiro curso de pós-graduação stricto sensu: o Mestrado em Biotecnologia. Em 2004, foi a vez do doutorado e, em 2011, foi criado o Mestrado Profissional em Biotecnologia e Gestão Vitivinícola. A cultura de pesquisa acadêmica e científica, a implantação dos programas de iniciação científica que potencializavam a formação pessoal e profissional, a ampliação do número de linhas e projetos de pesquisa, e a ampliação do quadro docente com novos mestres e doutores, foram fatores determinantes para a expansão e qualificação da Universidade, contribuindo para que ela chegasse a 2019, com a oferta de 19 programas de pós-graduação stricto sensu, reunindo 28 cursos (18 mestrados e 10 doutorados).

Laboratórios de pesquisa e espaços de formação avançada de recursos humanos

Do melhoramento da vitivinicultura à remediação ambiental. Do controle biológico de pragas à produção de nanofitoterápicos. Do  estudo dos microrganismos à produção de enzimas de interesse industrial.  

Desde o início, a pesquisa com aplicação tecnológica foi o foco das atividades desenvolvidas no Instituto de Biotecnologia. Hoje, em atendimento às linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação e às demandas por serviços tecnológicos, os seus laboratórios abrangem as seguintes áreas:

Produtos Naturais e Sintéticos – Coordenação: Dr. Sidnei Moura e Silva
Controle Biológico e Doenças de Plantas – Coordenação: Dra. Joséli Schwambach
Controle de Pragas – Coordenação: Dr. Gabriel Fernandes Pauletti
Enzimas e Biomassas –  Coordenação: Dr. Aldo J. P. Dillon
Bioprocessos – Coordenação: Dra. Eloane Malvessi
Microbiologia Aplicada – Coordenação: Dra. Ana Paula Longaray Delamare
Diagnóstico Molecular –  Coordenação: Dra. Suelen Osmarina Paesi
Estresse Oxidativo e Antioxidante – Coordenação: Dra. Mirian Salvador
Genoma Proteômica e Reparos de DNA – Coordenação: Dra. Mariana Roesch-Ely e Dr. João Antônio Pegas Henriques (colaborador)
Biotecnologia Vegetal – Coordenação: Dra. Joséli Schwambach
Análises e Pesquisas em Alimentos – Responsável Técnica: Aline Benedetti Bordin
Diretor-Geral – Dr. Gabriel Fernandes Pauletti

    

 

Protagonista e testemunha 

“O primeiro curso de Especialização em Biotecnologia, realizado em 1980, funcionava nos meses de janeiro, fevereiro e julho. Os professores eram pesquisadores brasileiros que estavam iniciando seus estudos na Biotecnologia, um campo relativamente novo no Brasil, e também professores e pesquisadores vindos da Inglaterra, Estados Unidos e  Argentina. Tínhamos estudantes do Brasil, do Uruguai e da Argentina, e até profissionais do Instituto Nacional de Propriedade Institucional (INPI) que vieram a Caxias do Sul para saber o que era essa tal de biotecnologia. Esse fluxo inicial de pesquisadores foi muito importante para o Instituto porque deu início à interação nacional e internacional com outras universidades e instituições de pesquisa”.

O professor Aldo J. P. Dillon foi contratado em fevereiro de 1980 como docente tempo integral para atuar no Instituto e, desde então, divide seu tempo como professor de graduação e pós-graduação – por mais dez anos coordenou o Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia – e a coordenação do Laboratório de Enzimas e Biomassa.

Em 2019, o Casarão, sede administrativa do IB.
Em 1929, a Estação Experimental de Viticultura e Enologia.

Durante as últimas quatro décadas ele foi protagonista e testemunha da expansão, diversificação e qualificação das atividades do Instituto de Biotecnologia. Acompanhou a chegada de novos pesquisadores e professores e a mudança, em 1992, dos primeiros laboratórios para o Casarão, sede da antiga Estação Experimental de Viticultura e Enologia, que hoje abriga a direção do Instituto; acompanhou a construção de novos prédios e as negociações com as agências de fomento, para a aprovação de projetos e liberação de recursos para equipar os laboratórios;  fez parte da equipe que depositou a primeira patente da UCS e de outras que vieram depois; viu ex-alunos de graduação e pós-graduação retornarem à Universidade como professores e pesquisadores; participou da organização de eventos técnicos e científicos de expressiva representatividade na área da Biotecnologia;  e ajudou a formar uma nova geração de profissionais qualificados, com destaque dentro e fora do país em suas áreas de atuação.

“Sem dúvida, o maior salto qualitativo do Instituto de Biotecnologia foi a implantação do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Com a abertura do Mestrado, em 1993, vieram as contratações de especialistas de diferentes áreas. O Mestrado foi iniciado com apenas duas bolsas da FAPERGS e duas da CAPES e hoje já titulou 65 doutores em Biotecnologia, 226 mestres em Biotecnologia (mestrado acadêmico) e 30 mestres em Biotecnologia  e Gestão Vitivinícola (mestrado profissional). Com o início do curso de Doutorado em 2004 e o recebimento do conceito 5 na avaliação da CAPES, em  2010, o Programa se expandiu com novas linhas de pesquisa e vem investindo na internacionalização de seus pesquisadores e seus projetos de pesquisa. Com o encerramento, em 2020, de mais um período de avaliação da CAPES, nossa expectativa é que o Programa alcance o conceito 6, o que poderá ser comemorado quando o IB completar  42 anos, em 2021”.

 

Um portfólio de conquistas 

Ao completar 40 anos, o Instituto de Biotecnologia apresenta um portfólio de conquistas, no campo da pesquisa, da inovação científica e tecnológica, e da formação de recursos humanos qualificados, em que se pode ressaltar:

– A implantação, em 1993, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, com a abertura do curso de mestrado. Em 2004, é iniciado o curso de doutorado e, em 2010, o Programa alcança o conceito 5 na avaliação da CAPES. Hoje, com 226 mestres e 65 doutores titulados, o Programa tem 80 estudantes matriculados e 44 projetos de pesquisa em andamento, tratando de temas relacionados às aplicações da biotecnologia na Agroindústria, Saúde e Meio Ambiente. Entre 2010 e 2019, foram publicados 545 artigos em periódicos científicos renomados e 49 pedidos de patentes foram depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com a concessão, nos últimos cinco anos, de 11 cartas-patente.

Formação das novas gerações de pesquisadores – No Laboratório de Microbiologia Aplicada, a doutoranda Luisa Vivian Schwarz, egressa do curso de Ciências Biológicas e do Mestrado em Biotecnologia, desenvolve projeto na área da enologia, fermentação alcoólica e seleção de leveduras com potencial para a produção de bebidas fermentadas, com a co-orientação da professora Dra. Ana Paula Longaray Delamare, ela mesma egressa do curso de Ciências Biológicas e do Mestrado em Biotecnologia da UCS,

– A abertura do Laboratório de Análises e Pesquisas em Alimentos, em 1998, possibilitou incrementar a colaboração com a comunidade externa, através da oferta de serviços de consultoria, assessoria e formação de recursos humanos em atendimento a demandas específicas do setor público e privado, na área de produção e controle de alimentos.

– A criação, em 2011 do Mestrado Profissional em Biotecnologia e Gestão Vitivinícola, hoje com 30 mestres titulados e 18 estudantes matriculados, que retoma o tema de pesquisa que deu origem ao Instituto e fomenta a sinergia entre a investigação, o ensino, a produção e a indústria do vinho, registrando, nos últimos 5 anos, 398 artigos publicado e 27 pedidos de depósitos de patentes.

– A participação dos pesquisadores nos projetos voltados para a definição de limites e caracterização geográfica para vinhos e espumantes finos produzidos no Rio Grande do Sul, contribuiu para a Denominação de Origem (DO) do Vale dos Vinhedos (2012) e para a Indicação de Procedência (IP) de Pinto Bandeira (2010); de Altos Montes (2012), de Monte Belo (em 2013), de Farroupilha (2015) e da Campanha Gaúcha.

– As parcerias com empresas e universidades do Brasil e do Exterior que possibilitam a interação científica e acadêmica no compartilhamento de conhecimentos e contribui para o processo de internacionalização da Universidade.

– O envolvimento de egressos, estudantes e professores na criação de empresas e startups de base tecnológica a partir de temas e ideias relacionadas ao campo da Biotecnologia.

 

Conhecimento inovador à disposição da sociedade

Na relação abaixo, os processos, métodos e produtos desenvolvidos pelos pesquisadores do Instituto de Biotecnologia e patenteados pela Fundação Universidade de Caxias do Sul, entre 2015 e 2019. Clique no título para abrir a carta-patente.

> Processo de produção de extrato de Araucaria angustifolia com propriedades antioxidantes – Setembro de 2019.
> Processo de produção e uso de extrato de ilex, e composição compreendendo extrato com ação anticonvulsivante – Setembro de 2019.
> Processo de síntese e uso do feromônio de atração sexual da Blattella germânica – Maio de 2019.
> Processo para remoção de compostos fenólicos de efluentes e agente removedor de compostos fenólicos – Setembro de 2018.
> Vetores biológicos heterólogos, processo de produção de celulases, composição enzimaticamente ativa, uso de composição e método de modificação de tecidos – Agosto de 2018.
> Método e kit para determinação e/ou caracterização de aeromonas – Julho de 2018.
> Processo para cultivo de Plasmopara viticola, processo e kit para avaliar a eficácia de antagônicos sintéticos e/ou naturais de Plasmopara viticola, e processo de detecção de antagônicos de Plasmopara viticola – Outubro de 2017.
> Dispositivo de tambor rotativo – Maio de 2017.
> Processo para produção de lacases e/ou manganês peroxidades, meio de cultivo sólido para produção de lacases e/ou manganês peroxidases – Março de 2017.
> Método de transformação de células utilizando Agrobacterium, células transformadas e composição compreendendo as mesmas – Setembro de 2016.
> Processo de absorção de metais pesados presentes em líquidos através da utilização de fungos do gênero Pleurotus – Julho de 2015.

 

Recortes do ecossistema de conhecimento e inovação da UCS

Em tempos e espaços diferentes, algumas das equipes que dão vida ao Instituto de Biotecnologia da UCS

 

Fotos: Claudia Velho