Estudo inclui atividades de pesquisa, documentação, informação e promoção do patrimônio industrial. Lançamento ocorre na terça-feira, dia 22 de novembro

O objetivo do projeto está alicerçado em três propostas: produzir o inventário do patrimônio industrial de Caxias do Sul; criar um mapa digital, que servirá como um repositório do patrimônio industrial a partir de uma pesquisa histórica etnográfica acerca desse tipo de patrimônio; e realizar um Seminário Regional do Patrimônio Industrial, com o intuito de apresentar os caminhos percorridos na construção do mapa digital, além de fomentar o debate sobre o assunto, especialmente como ferramenta de promoção e preservação do patrimônio material e imaterial do Rio Grande do Sul.

O projeto “Na trilha do patrimônio industrial” foi contemplado pelo Edital Sedac nº 07/2021 – FAC Patrimônio, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com produção cultural de Flor Nieto, da Lynch Gestão Cultural, curadoria fotográfica de Liliane Giordano, da Sala de Fotografia e webdesign, cartografia digital e design gráfico de Paula Suzuki.

O ponto de partida da pesquisa é um levantamento dos setores/indústrias que tenham indícios de conservação do seu patrimônio industrial, sendo registrado e inventariado através de fontes bibliográficas, fotográficas, história oral e documentos históricos. A inserção da dimensão sonora do patrimônio industrial também será contemplada nesse estudo, visto que esse aspecto é pouco trabalhado no contexto regional e estadual. Sua importância se dá principalmente, porque tal dimensão do patrimônio está relacionada com o território, as paisagens, o lugar, as representações construídas pelos diferentes grupos, ou seja, fontes fundamentais de informações sobre o patrimônio cultural.

As pesquisadoras explicam que quando se trata do patrimônio industrial, pode-se afirmar que vários estudos de casos podem ser levantados e explorados sob diferentes aspectos de investigação, desde as relações do mundo do trabalho, a história do operário, os acervos documentais e suas multifacetas, a riqueza da arquitetura das fábricas, a própria relação da comunidade com essas empresas industriais, o fator identitário, assim como a paisagem sonora. 

“O ponto central do projeto é aproximar o território da comunidade, lançando pistas sobre a dinâmica cultural que demarcou e identifica os diferentes espaços da cidade com os sistemas produtivos. Como por exemplo, a localidade conhecida por Desvio Rizzo, por ali estar situado o frigorífico Rizzo, ou ainda a Zona Michielon, como ficou conhecida a região no entorno da Cantina Michielon. O contrário também é observável, como a instalação da Metalúrgica Eberle, unidade 4, no bairro São Ciro, e que passou a ser identificada como Eberle São Ciro”, explica a doutoranda Ana Paula de Almeida.

O processo de identificação e registro do patrimônio industrial da cidade tem como premissa ser a base para a produção de outros instrumentos de pesquisa como publicações temáticas e regionais que promovam a gestão, a catalogação, a proteção e o uso do patrimônio industrial. Ao propor a criação de um inventário do patrimônio industrial da cidade de Caxias do Sul, o projeto contribui para a promoção e preservação desse patrimônio, assim o inventário é uma ferramenta de caráter investigativo, consistindo no registro, descrição e classificação dos bens selecionados. O inventário transformado em mapa digital torna-o acessível aos diferentes públicos, podendo ser utilizado como uma ferramenta que transita como pesquisa para o ensino de história, como oficina de formação de professores e de divulgação científica, que por sua vez auxiliará na constituição de uma rede de pesquisadores do tema no estado.

De acordo com as pesquisadoras, as discussões acerca do patrimônio industrial são relativamente recentes no Brasil, e no Rio Grande do Sul são poucos os trabalhos desenvolvidos sobre a temática. Considerando que a cidade de Caxias do Sul é referência no processo de industrialização da região, onde atualmente concentram-se grandes empresas multinacionais, a região caracteriza-se por um campo vasto, ainda a ser pesquisado. Ampliamos ainda mais essa perspectiva se tratarmos da questão “tempo”, por ser uma região que teve o seu processo de industrialização em um passado ainda recente, comparado a industrialização na Europa, por exemplo, onde o pesquisador poderá, nessas circunstâncias, conseguir eventualmente garimpar informações com maior riqueza de detalhes.

Com informações da Assessoria de Imprensa do Projeto.