Obra lançada pela EDUCS identifica presença de rede escolar fascista italiana na história do RS

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 21/10/2021 | Editado em 21/10/2021

Publicação, que se origina da tese de doutorado do professor Gelson Leonardo Rech, é a primeira lançada sob o selo “Imigração Italiana no Rio Grande do Sul” pela Editora da UCS.

A Editora da Universidade de Caxias do Sul – EDUCS lançou nesta quarta-feira, dia 20 de outubro, o livro Escolas Étnicas Italianas em Porto Alegre/RS (1877-1938): a Formação de uma Rede Escolar e o Fascismo. A recepção pelo autor, professor Gelson Leonardo Rech, chefe de Gabinete da UCS e diretor executivo da Fundação Universidade de Caxias do Sul, teve sessão de autógrafos na UCS Livraria.

Patrocinada pela empresa Florense, a obra terá toda a receita de vendas revertida para o projeto Mão Amiga em Flores da Cunha.

A obra é a primeira lançada sob o selo da EDUCS intitulado “Imigração Italiana no Rio Grande do Sul”, comemorativo ao sesquicentenário da imigração italiana.

O autor possui outros livros editados pela Editora, entre eles o álbum “UCS: 50 Anos de uma Universidade Comunitária”, “UCS: 25 Anos de Regionalização – 1993-2018”, “As Origens da Universidade de Caxias do Sul – As escolas e as faculdades isoladas” e “Escolas Italianas no Rio Grande do Sul: Pesquisa e Documentos”.

Solenidade
Definindo a data como de solidariedade e cultura, o professor Gelson Leonardo Rech agradeceu aos amigos, colegas e familiares presentes. “Na carreira acadêmica, um dos pontos altos é a produção científica, e o livro sintetiza esse processo. A ciência salva, a ciência ajuda, a ciência melhora o mundo”. Com 471 páginas e uma história que aborda o processo de formação, de escolarização vivido pelos imigrantes italianos em Porto Alegre, o livro resulta de sua tese de doutorado e apresenta novidades: “nunca havíamos falado de uma rede escolar fascista italiana no Rio Grande do Sul”, pontua. A pesquisa e a coleta de informações para o desenvolvimento compreenderam o acesso aos arquivos do Consulado Italiano em Porto Alegre, com materiais antes nunca explorados, bem como do Ministério de Relações Exteriores da Itália. “A história completa lacunas de entendimento da existência, e a gente vai atrás disso. Todo o resto é consequência”.

O professor Juliano Rodrigues Gimenez, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, pró-reitoria que concentra a EDUCS em seu escopo, abriu o evento destacando o momento de crise vivenciado mundialmente, que inviabilizou o trabalho de muitas editoras universitárias. “Conseguimos, com muito esforço, mas com muita estratégia e visão, missão, planos de ação, colocar nossa editora em outro patamar (…) Nosso foco é nos tornarmos referência nacional em termos de editoras universitárias”, pontuou, parabenizando o envolvimento da equipe e anunciando parcerias que vêm sendo desenvolvidas com outros países de língua portuguesa para ampliar a disseminação do que é produzido.

A professora Simone Corte Real Barbieri, coordenadora da EDUCS, falou sobre as origens conectadas à valorização da cultura regional, à imigração, à colonização e à tradição italiana na região. Sobre o livro, que representa sua principal linha editorial, a coordenadora contextualizou: “O texto inaugura uma quarta fase da historiografia da imigração, e se destaca pelo ineditismo da temática e das fontes. É um imenso prazer participar do lançamento dessa obra, de cunho investigativo, dos possíveis desenhos da identidade cultural vinculada a uma rede escolar”.

Sinopse
O livro investiga as escolas étnicas italianas na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no período compreendido entre 1877, marco da fundação da Sociedade Italiana Vittorio Emanuele II, e 1938, quando ocorreu o fechamento dessas instituições. Na esteira da História Cultural, a partir de fontes arquivísticas e periódicos, analisa o processo de constituição dessas escolas e de sua cultura escolar articulado à construção da italianidade e de sua defesa demonstrando que, em Porto Alegre, ocorreu uma trajetória duradoura de manutenção e de preservação da escola étnica. O autor revela a constituição de uma rede escolar ítalo-brasileira, na década de 1930, subsidiada pelo Governo Italiano, que se caracterizava por um conjunto de atividades e de programas comuns, por uma unidade de orientação e de acompanhamento, por professores e por materiais didáticos enviados da Itália, visando à formação de “perfeitos balillas e bons italianos”, sob a égide da orientação ideológica do fascismo italiano. Naquele período, o revigoramento do fascismo em Porto Alegre coincide justamente com a chegada de uma nova geração de cônsules, mais alinhados ao fascismo que se instalam no Consulado Geral da Itália no Rio Grande do Sul, a saber: Manfredo Chiostri, Mario Carli, Guglielmo Barbarisi e Santovincenzo Magno. A reorganização das escolas na década de 1930, ou melhor, a unificação das escolas da capital tinha um propósito evidente de fascistização, a começar pelos pequenos.

O autor
Gelson Leonardo Rech é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora da Imaculada Conceição, especialista em Administração Estratégica de Serviços pela Universidade de Caxias do Sul, com curso de aperfeiçoamento em Gestão Hospitalar. Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e doutor em Educação pela Universidade Federal de Pelotas. Atuou na gestão do Hospital Geral de Caxias do Sul (1997-2005); foi diretor da Escola de Educação Profissional e gestor de Instituição de Ensino Superior. De 2011 a 2014, trabalhou como membro técnico da Comissão de Qualificação dos Cursos de Graduação da Universidade de Caxias do Sul, instituição na qual é professor desde 2003 na área de Filosofia e Educação. Em 2014 assumiu a função de Chefe de Gabinete da reitoria da Universidade de Caxias do Sul. Desde agosto de 2019 é Diretor Executivo da Fundação Universidade de Caxias do Sul. É associado da SBHE e da ASPHE. É membro do Grupo de Pesquisa História da Educação, Imigração e Memória (GRUPHEIM) da Universidade de Caxias do Sul e membro do Centro de Estudos e Investigações em História da Educação da Universidade Federal de Pelotas. Áreas de investigação: Filosofia da Educação, História da Educação (Imigração italiana e educação étnica), Epistemologia e Ética.

Fotos: Vagner Espeiorin