As idas da família ao estádio Alfredo Jaconi para assistir aos jogos de futebol marcaram a infância de Adalene Olivia Silvestre. A paixão pelo esporte nasceu aí e se mantém viva na jovem até hoje. A paixão pelo Juventude também - e não seria para menos, o pai já foi conselheiro do clube. Apesar dessa adoração, Adalene não seguiu pela área da Educação Física. Mas foi com um trabalho sobre clubes de futebol que ela se destacou. Formada em 2013 em Ciências Contábeis, ela venceu o Prêmio Transparência Universitário, do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

Concorrendo com projetos de diferentes universidades brasileiras, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) se destacou pela originalidade. A partir da orientação do professor Fernando Andrade Pereira, a então estudante pensou em falar sobre auditoria contábil - o gosto pela área despontou durante a faculdade. A ideia inicial era analisar a situação de empresas que lançavam investimentos no mercado de capitais. Mas da bolsa de valores, Adalene seguiu para os campos esportivos. A dica partiu do orientador. "O Fernando (Andrade Pereira) me alertou que auditoria em empresas que investem na bolsa era algo comum. Ele pediu se eu gostava de futebol e se eu aceitaria analisar a contabilidade de clubes de futebol", recorda. Não foi difícil saber a resposta da menina apaixonada pelo esporte.

O tempo mostrou que a escolha pelos clubes foi um chute certeiro. E os motivos se devem às características que constituem as associações esportivas. Os times apresentam uma diretoria eleita por voto de associados e a administração não é profissionalizada. Somado a isso, a paixão que move o esporte acaba deixando instável o terreno das organizações futebolísticas.

"Os clubes de futebol não são de ninguém e eles acabam, muitas vezes, misturando negócios com paixão", contextualiza.

Para o trabalho, que analisou as finanças das equipes que passaram pela Série A em 2011 e 2012, a contadora teve que lidar com outros ingredientes que dificultaram o estudo. Legalmente, os clubes precisam disponibilizar os demonstrativos contábeis publicamente. Só que, na prática, isso nem sempre acontece. Além disso, a análise dos dados apontou que muitas organizações acabavam tendo uma saúde financeira instável. Com o trabalho, Adalene alertou também para a importância que o futebol representa na movimentação financeira no país.

"Há uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas que aponta o futebol como responsável por 0,2% de tudo que foi gerado no país. Mas esse valor poderia chegar a 1,1% do PIB brasileiro", salienta. Adalene constatou que a receita vem, especialmente, da transição de jogadores, mas não se resume a isso. O mercado de comercialização de artigos esportivos também manda bem nesse campo.

A vitória da contadora só a impulsionou a continuar em busca de seus sonhos. A meta é clara: atuar como auditora contábil na organização pública. Ela já mostrou que sabe driblar dificuldades. Agora, o objetivo é continuar seguindo pela linha de fundo. O gol decisivo é uma questão de tempo.

(Texto: Vagner Espeiorin)

A bolsa carregada de livros e o notebook com arquivos cuidadosamente organizados identificam uma aluna disciplinada com vida acadêmica intensa. A estudante de Letras Tatiana Bohn Müller, de 26 anos, aprimora o uso da língua portuguesa desde que foi alfabetizada - literalmente. A garota enxergou no curso de Licenciatura da UCS uma oportunidade de desenvolver ainda mais suas habilidades com as palavras e também de ocupar sua rotina com um hábito prazeroso: a leitura.

Tatiana, que mora em Nova Petrópolis e estuda na Cidade Universitária, em Caxias do Sul, identifi ca na carreira que escolheu a possibilidade ir além de simplesmente ter um trabalho e salário. Ela não se vê como um "objeto de utilidade profissional". Justamente por isso, é apaixonada por Literatura. "A Literatura não precisa provar a que veio, ela está aí para quem sabe apreciá-la, para quem entende que a vida vai muito além do corre-corre, para quem sabe silenciar e se deleitar com a arte da palavra", justifica a graduanda.

Há dois anos, Tatiana é bolsista de iniciação científica no projeto "Para uma história da leitura e da literatura em contextos regionais" com orientação do professor João Claudio Arendt, coordenador do mestrado em Letras, Cultura e Regionalidade e do doutorado em Letras. A pesquisa procura identificar paisagens literárias da Serra Gaúcha entre os anos de 1900 e 1970 através de jornais que circulavam na época. "Já descobrimos verdadeiros tesouros no que diz respeito a autores e textos literários (contos, crônicas, e especialmente poemas). Participar desse projeto ampliou meus horizontes, e me fez enxergar o quanto ainda tenho a aprender", relata Tatiana, que deve concorrer a uma vaga no mestrado para dar sequência a sua pesquisa.

Além do projeto, Tatiana também acumula experiência na docência. Ela ocupou a posição de professora durante seus estágios, tanto os curriculares que são obrigatórios para concluir a Licenciatura, como em outras situações. Mesmo sabendo das dificuldades na profissão de educador nas escolas públicas, Tatiana não desanima. "Ter a oportunidade de colocar em prática toda a teoria estudada ao longo do curso de Letras, bem como conhecer novas pessoas e realidades é fantástico. A troca de experiências com os adolescentes é bastante positiva, ao mesmo tempo em que representa um desafio", conta a estudante sobre as suas experiências. Em sala de aula, ela pretende colaborar na formação de novos leitores. Leitores esses, quem sabe, de autores como Gabriel García Márquez, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Clarice Lispector e Vinicius de Moraes, alguns de seus preferidos.

(Texto: Paula Sperb)

Revista UCS - Publicação da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.

O texto acima está publicado na décima edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.

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