VAGNER ESPEIORIN - vaespeio@ucs.br | Foto: Claudia Velho
A coordenadora do Laboratório, Iraci Cristina da Silveira de Carli, e os alunos Gustavo Martins Wanser, Tatiane Castagna Tomé e Milton Prestes Medeiros: aplicação fiel ao espírito comunitário, cultural e celebrativo da Festa da Uva. |
No videogame, a perfeição do traço gráfico lembra tanto a realidade que, em um primeiro momento, o jogo digital Metal Gear parece cena de cinema. A sensação se completa com o suspense que envolve os personagens da ação. Não por acaso, o título é o preferido do estudante de Tecnologias Digitais Milton Prestes Medeiros, 26 anos.
Nos últimos meses, porém, a rotina de jogos se transformou para o rapaz. Ao invés das disputas e combates travados no Metal Gear, ele passou a lidar com os cenários do interior caxiense. As armas, essenciais para avançar de fase, foram substituídas por uvas, o fruto tradicional da região. Os combatentes que obedeciam aos comandos do jogador cederam lugar a Radicci, o personagem em quadrinhos criado pelo cartunista Iotti.
Essa mudança drástica tem um motivo. Desde agosto, Milton integra a equipe do Laboratório de Criação e Aplicação de Software da Universidade de Caxias do Sul. No bloco 71 do Campus-Sede, o grupo da área de Informática trabalhou contra o tempo para desenvolver um jogo digital especialmente para a Festa da Uva 2016: a Olimpíada Colonial da Festa da Uva. A criação está disponível para baixar em tablets e smartphones que utilizam as plataformas Android e iOS.
APROXIMAÇÃO COMUNITÁRIACoordenadora do laboratório, a professora Iraci Cristina da Silveira de Carli explica que a demanda partiu da própria Comissão Social da Festa da Uva, a partir do desejo de aproximar a comemoração comunitária do público jovem. Com tempo escasso, quatro estudantes e dois professores passaram a compreender melhor o evento e a trabalhar nas possibilidades de aplicação do game. Não demorou muito para que a equipe pensasse nas Olimpíadas Coloniais, tradicionalmente promovidas pela festa, como conteúdo.
As pesquisas começaram em agosto. Para o planejamento, Milton ganhou a companhia da colega de Tecnologias Digitais Tatiane Castagna Tomé, 22 anos. Na largada, eles optaram pela simulação da prova de amassar uvas - aquela mesma que remete à antiga técnica para produção de vinhos e que hoje é exibida, na festa, como atrativo turístico-cultural.
PROGRAMAÇÃOO desafio de transferir a sensação de pisar na fruta para uma aplicação mobile, porém, não foi tão simples. O projeto contemplou etapas como a viabilidade de programação e dos aspectos gráficos, o tempo para execução e a coordenação das atividades entre os membros da equipe. "Optamos pela prova de amassar a uva porque ela se encaixou melhor na proposta. Depois disso, passamos a pensar na programação. É a parte mais técnica, mas bem importante para que a interação com o usuário seja eficiente", destaca Tatiane.
A programação ficou sob a responsabilidade do estudante de Ciências da Computação Gustavo Martins Wanser, de 23 anos. Com um jeito calmo, o acadêmico teve que traduzir para a linguagem de dados o passo a passo pensado pelos estudantes de Tecnologias Digitais. Essa parte é crucial, porque nessa etapa podem surgir possíveis falhas no andamento do jogo. Só depois da programação definida é que o aplicativo ganha - literalmente - uma cara.
RADICCI ENTRA NA DISPUTAPlanejamento e programação são partes indispensáveis para que um jogo digital ganhe vida. Mas, ainda que essas etapas sejam estruturantes, o game precisa de uma interface gráfica. Cores, traços e movimento acabam sendo decisivos para que o jogador fique imerso no ambiente da disputa.
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Estudante de Design, Luan Carlos Zanatta Zuchi, 20 anos, é o responsável por fazer com que o jogo tenha uma plataforma interessante e atraia a atenção do público. Para a tarefa, ele ganhou um reforço de peso: Radicci. Luan trabalhou graficamente com o personagem criado pelo cartunista caxiense Iotti.
Durante o cronograma de atividades, o personagem, conhecido pelo tipo rústico do colono italiano, vai ter que amassar muita uva para atingir pontuações, garantidas pelo enchimento de garrafões com o suco, além de ter que melhorar o desempenho entre uma etapa e outra da disputa.
TOUR PELOS DISTRITOSA cada subida de nível, representada pelo deslocamento a outra das 12 localidades caxienses onde se realizam as Olimpíadas Coloniais "reais", reduz-se o tempo e aumenta a velocidade de comando para a execução da tarefa. O surgimento de elementos distratores também vai aumentando o desafio.
Avançando no jogo, o usuário vai conhecendo curiosidades e a cultura dos distritos e regiões que compõem o trajeto das tarefas. A fala característica do personagem - impregnada de termos do Talian, variante linguística dos dialetos trazidos pelos imigrantes italianos - também é apresentada. "O grande desafio foi pensar em cada detalhe, como a atenção aos elementos audiovisuais", pontua Milton.
Revista UCS - É uma publicação bimestral da Universidade de Caxias do Sul que tem como objetivo discutir tópicos contemporâneos que respondam aos anseios da comunidade por conhecimento.
O texto acima está publicado na décima nona edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.