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Para prevenir a obesidade infantil

"Reduzir o tempo assistindo à televisão e aumentar o tempo gasto na atividade física pode ser um meio de sucesso de prevenção da obesidade"

No Brasil, estamos enfrentando um problema que até pouco tempo não era causa de consultas médicas e nutricionais: a obesidade infantil. Observando os grandes inquéritos populacionais no Brasil nos últimos 40 anos, observamos um rápido declínio da prevalência de desnutrição em crianças e elevação, num ritmo mais acelerado, da prevalência de sobrepeso/obesidade em adultos. O que preocupa no momento é também a alta prevalência de obesidade infantil. Sempre se teve a ideia de que "criança gordinha" era mais bonita, mais saudável. Hoje, os índices assustam. Em estudo realizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul, em 2008, foi observado que mais de 1/3 das crianças estudantes das escolas municipais estavam com excesso de peso. Essa situação na infância aumenta as chances de obesidade na idade adulta. Obesidade infantil também é causa de diabetes, hipertensão e dislipidemias na infância.

A etiologia da obesidade é multifatorial, estando envolvidos fatores genéticos e ambientais. Entre os ambientais, destacam-se a ingestão energética excessiva e a atividade física diminuída. Hoje em dia, as crianças ficam muito tempo realizando tarefas que não demandam gasto calórico (televisão, video-game, computador, tablets...). Muitos estudos mostram que existe uma relação direta entre o hábito de assistir à TV e o sedentarismo, pois as horas em que as crianças ficam assistindo à televisão, gastam menos calorias por não estarem praticando algum tipo de atividade física, além de serem incentivadas a consumir aqueles alimentos anunciados na TV. Dificilmente uma fruta, uma salada, um alimento integral irão seduzir os olhares de uma criança. Alimentos doces, gordurosos, altamente calóricos são os de maior publicidade, e, consequentemente, os preferidos pelas crianças. Reduzir o tempo assistindo à televisão e aumentar o tempo gasto na atividade física pode ser um meio de sucesso de prevenção da obesidade.

Quanto à alimentação, há uma preferência por alimentos industrializados - pela facilidade e pelo marketing desses alimentos. Essa preferência é visível entre as crianças, mas sofre a influência dos pais. É muito mais fácil para os pais oferecerem um pacotinho de biscoito ou um bolo recheado com o personagem do desenho animado do que preparar um bolo nutritivo para a criança. O que os pais não sabem é a quantidade de conservantes, sal, açúcar e gordura que seus filhos estão ingerindo.

Então, o que fazer com essa situação? A saída é dar bons exemplos! Crianças imitam as atitudes dos pais e familiares. De nada adianta dizer que é importante comer frutas e verduras se esse não for um hábito da família. Quando possível, reúna a família diante da mesa, deixando a televisão para a hora de lazer. Use esse momento para incentivar uma alimentação saudável. É preciso que os pais e familiares sejam criativos na apresentação dos alimentos no dia a dia, incentivando o consumo de "comida de verdade", evitando salgadinhos industrializados, guloseimas, doces, refrigerantes, sucos artificiais. Quanto ao sedentarismo, o exemplo continua sendo a melhor opção, isto é, o ideal é a prática de atividades físicas em família. Assim, é possível colaborar para que as crianças não se tornem sedentárias.

Enfim, se a família tem bons hábitos, a criança os incorpora com o passar do tempo. Dessa forma, será possível prevenir a obesidade em qualquer ciclo da vida. E, claro, o ideal é sempre procurar a orientação de um professor de educação física e de um nutricionista. A saúde da família agradece!

Karina G. Mendes, Doutora em Endocrinologia e coordenadora do curso de Nutrição da UCS



Revista UCS - Publicação mensal da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.

O texto acima está publicado na terceira edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.

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