A transição do Ensino Médio para o Ensino Superior requer um equilíbrio tanto emocional quanto intelectual. A bagagem de cultura que um estudante adquire, ao longo de sua vida escolar, é moldada durante esse período, e é de grande auxílio no decorrer da vivência acadêmica. A questão emocional, por sua vez, age de forma subjetiva nos indivíduos, e interfere no modo como se dão os relacionamentos com os demais colegas e professores.
A grandeza de uma questão que tem como principal objetivo manter o bem-estar das pessoas em sociedade move as Instituições de Ensino Superior. Dentre tantas estratégias que propõem integrar os estudantes na UCS, há o Programa de Integração e Mediação do Acadêmico (PIMA), criado em 2007 e que visa dar a assistência aos alunos que possuem necessidades educacionais específicas. Nesses padrões se encaixam os estudantes que têm transtornos emocionais, dificuldades de aprendizagem, deficiências físicas e sensoriais e demais dificuldades relacionadas à saúde. O programa também objetiva eliminar barreiras, não só arquitetônicas, mas também culturais e sociais, além de inibir a segregação e a exclusão de qualquer natureza.
Dentre todos os beneficiados pelo PIMA, os estudantes que possuem alguma espécie de dificuldade de aprendizagem, ou que têm transtornos emocionais recebem todo o apoio imprescindível do programa; entretanto, não é de forma constante. Ao contrário dos alunos que possuem deficiências visuais ou auditivas - e que precisam contatar o PIMA periodicamente -, esses acadêmicos são auxiliados apenas quando necessário, uma vez que eles preferem não se expor.
O acadêmico do curso de Jornalismo Lucas Borba (foto acima), 21 anos, é um dos vários beneficiados pelo PIMA. Lucas é deficiente visual, característica que nunca o impediu de fazer algo, principalmente estudar. Ele é aluno da UCS há cinco semestres, e em todo esse tempo não teve grandes dificuldades, uma vez que conta não só com o auxílio de seus colegas e professores, mas também do Programa de Integração.
Entre as várias ações do PIMA, que objetivam incluir os acadêmicos de maneira mais eficaz possível, com o intuito de eliminar toda e qualquer barreira, Lucas destaca a digitalização de livros essenciais para o bom andamento dos semestres. Algumas obras são demasiadamente extensas, fato que pode implicar uma dificuldade por parte do professor em disponibilizar a bibliografia digitalizada no devido tempo. Ponto para o PIMA.
O processo de desmitificação das deficiências físicas ou intelectuais, segundo Lucas, seria impossível se não houvesse comunicação e a interferência de um órgão que a canalize de forma correta para os estudantes. Ele ainda alerta que, para ocorrer a inclusão, a informação é fundamental e tem a função principal de não deixar que a deficiência abafe tudo que uma pessoa tem a oferecer.
A necessidade de integração proposta pelo PIMA também acontece por meio da internet, em que mantém um Blog desde 2011, alimentando-o com notícias sobre ações e cursos disponíveis, artigos sobre assuntos voltados à inclusão social e acessibilidade. O blog foi criado em homenagem ao Dia do Surdo, e é atualizado quinzenalmente. Além das postagens desenvolvidas pelos funcionários e coordenadores do programa, os alunos beneficiados pelo PIMA também contribuem com postagens para a página, em que contam suas histórias e dividem suas experiências.
A inclusão social, assim como propõe o estudante Lucas, só será realmente possível quando for além da mera teoria. Para abolir a segregação, é necessário que a comunidade universitária lide com as deficiências apenas como características, e que passe a ver os acadêmicos que as possuem, como eles realmente são. Para que isso aconteça, é essencial o esforço e a vontade de ambas as partes, iniciativas que o PIMA estimula há sete anos. Por meio de suas ações de integração, continuará a construir essa ponte entre os diferentes acadêmicos, não só a fi m de atender as necessidades especiais de alguns, mas também para promover a aquisição de conhecimento e a compreensão de todos.
O auxílio a esses acadêmicos se dá de modo individualizado. A professora, psicóloga e pedagoga Zita Canuto, que assume a coordenação do programa, explica que cada aluno possui características distintas. Assim sendo, os métodos que serão utilizados para oferecer assistência a eles devem ser repensados periodicamente, com ênfase nas necessidades de cada um. Além disso, a cada semestre, os professores que ministram as aulas frequentadas por esses alunos são alertados, e caso queiram, recebem orientações de como deverão proceder durante o período letivo.
"O PIMA é uma espécie de ponte entre a universidade e o aluno com deficiência", comenta Lucas. Ele conta que o programa ainda estimula os estudantes a promoverem oficinas em determinadas disciplinas, a fi m de, nas palavras de Lucas, "desmitificar a deficiência". O desenvolvimento dessas "aulas" é opcional, uma vez que os estudantes têm a liberdade de decidir se desejam ou não explanar para os demais colegas como é o dia a dia de uma pessoa com necessidades especiais em uma universidade.
(Texto: Diúlit Oldoni, estagiária de Jornalismo do Frispit Portal - Agência Experimental de Comunicação)
Programa de Integração e Mediação do Acadêmico (PIMA) Cidade Universitária - Bloco 59, sala 109 e 110 E-mail: pima@ucs.br | Telefone: (54) 3218.2717
Revista UCS - Publicação da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.
O texto acima está publicado na quarta edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.