Professor/Pesquisador
Trajetória literária

Transcrever poemas de Augusto dos Anjos para seu caderno era uma das atividades que fazia parte da rotina do professor e pesquisador João Claudio Arendt durante sua adolescência. Ele deixou a casa dos pais, em Santo Antônio do Planalto, para cursar o Ensino Médio na Escola Evangélica de Ivoti, que oferecia o regime de internato.

Nesse período, além de adquirir conhecimentos de formação pré-teológica, João Claudio não imaginava que ali estaria nascendo a necessidade de expressar a sua subjetividade que, mais tarde, na vida adulta, expressaria em poemas de sua autoria. "A poesia é o que melhor exprime o meu modo de ser e de pensar", revela.

Como um menino que descobria um mundo novo, porém fechado dentro do internato, o professor elege o livro "Caminhando na chuva", de Charles Kiefer, como a obra que poderia contar sua vida. "Eu era um adolescente que se encontrava longe de casa e passando por diversas transformações. Essa foi a primeira obra que falou do momento de crise em que me encontrava naquele período."

A leitura de cerca de 30 romances por ano e as aulas de latim com o professor Chico, sua primeira referência intelectual, mostraram a ele a possibilidade de seguir carreira na área de Letras. "Esse professor também ministrava aulas de inglês, grego e redação e expressão. A sua influência, além de me fazer mudar o rumo profissional, começou a plantar em mim os primeiros questionamentos", lembra João Claudio, hoje docente e coordenador no Programa de Pós-graduação em Letras, Cultura e Regionalidade da UCS e do Programa de Doutorado em Letras - Associação Ampla UCS/UniRitter.

Após a conclusão do curso de Letras Português-Alemão, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, João Claudio seguiu para o Mestrado em História na mesma instituição. "Acreditava que para entender melhor a literatura precisava conhecer a história, algo que não se confirmou. Como leitor poderia ler qualquer texto, pois seria ficcional e não histórico. De fato, o que iniciou ali foi uma carreira acadêmica."

Foi durante o mestrado que o professor, filho de agricultores de uma família de cinco irmãos, iniciou as suas pesquisas acerca da obra de Simões Lopes Neto, assunto também abordado durante o doutorado na área de Letras e Linguística, concluído em 2001.

Carreira na UCS

O coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras, Cultura e Regionalidade iniciou a sua carreira na UCS em 2000, no Campus Universitário da Região dos Vinhedos. "Na unidade universitária de Bento Gonçalves, fui o primeiro doutor da área de Letras com dedicação exclusiva e projeto de pesquisa", orgulha-se. Mais tarde, foi convidado a integrar a equipe que implantou o curso de Mestrado em Letras.

A infância e a contação de histórias

Ao lembrar da sua infância em Santo Antônio do Planalto, o pesquisador conta que entre as famílias de origem alemã se preservou a literatura oral. "Muitos contos de fadas eram contados do jeito deles."

Na época, tudo que se lia, se entendia e memorizava. "Sentávamos na escada da casa e meus pais contavam histórias, o que marcou muitos verões. Foi um dos momentos mais importantes desse período em que convivi com minha família", recorda.

(Texto: Wagner Júnior de Oliveira)



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O texto acima está publicado na oitava edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.

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