O livro digital precisa disponibilizar recursos tecnológicos que possibilitem a interatividade do leitor com a informação.
O livro digital substituirá o livro em papel? Será que estamos vivenciando o fim do livro em papel? Sistematicamente, estes questionamentos habitam o dia a dia de uma biblioteca. Entretanto, antes de procurar respondê-los, fazse necessário conhecer a história deste "sujeito" que armazena por milênios o conhecimento construído pelo homem.
O livro e as bibliotecas devem a sua criação ao surgimento da escrita, que foi o estopim de toda a evolução cultural, científica e tecnológica, pois possibilitou registrar o conhecimento humano e repassá-lo às futuras gerações.
Na pré-história, o homem utilizava desenhos para se comunicar, que representavam suas ideias, mensagens e necessidades. Os sumérios, logo após a criação da escrita, buscaram um suporte capaz de registrar o seu conhecimento, e criaram os primeiros livros, no formato de lajotas de barro, por volta de 4000 a.C. Desde a Antiguidade até os dias atuais, o livro já possuiu inúmeros suportes, com destaque para o papiro, o pergaminho, a madeira e, finalmente, o papel.
Ao longo de sua história, muitas discussões aconteceram sobre o suporte e a forma do livro, sendo que duas delas aconteceram na Idade Média. Primeiramente, a substituição dos livros em rolos pelo códice (formato de livro que conhecemos atualmente). Muitos debates ocorreram sobre esta nova forma de apresentação do livro e os possíveis prejuízos que isto poderia gerar. Outra mudança que ocasionou enormes debates ocorreu a partir da impressão de livros em papel pela prensa móvel, criação de Johannes Gutenberg. As Bibliotecas Monásticas na Idade Média apresentaram resistência à inserção do livro impresso em papel em seus acervos, pois o novo suporte apresentava sinais de fragilidade. Além disto, a produção de livros iria aumentar significativamente e não seria mais possível ter o controle da leitura que estava sendo disponibilizada para a população.
O debate que hoje se concentra sobre o livro digital versus o livro em papel é algo natural e reflete um pouco as características do ser humano, no que se refere à aceitação de mudanças e ao fato de sair de sua zona de conforto.
Os e-books são, desde o seu surgimento, uma versão digital do livro impresso. Alguns leitores digitais, inclusive, disponibilizam o som de páginas em papel sendo folheadas quando do avanço para uma nova página no e-book. O livro digital está proporcionando vários benefícios à comunidade acadêmica e às bibliotecas, pois, além da possibilidade de o mesmo ser compartilhado por uma infinidade de leitores, ao mesmo tempo, o espaço físico necessário para armazenar os livros na biblioteca diminui significativamente. O fato de acessar o livro em qualquer momento e em qualquer local tem sido o grande diferencial do livro digital.
Porém, somente isto não basta. O livro digital precisa disponibilizar recursos tecnológicos que possibilitem a interatividade do leitor com a informação, caso contrário fica fadado à perda do encanto. Não ocorrendo isto, continuará a ser apenas a cópia digital do livro impresso. Seja qual for o seu suporte, o livro é a principal maneira que a humanidade encontrou para preservar todo o conhecimento acumulado ao longo da História e transmití-lo às futuras gerações.
Professor Marcos Leandro Freitas Hübner, supervisor técnico dos Sistemas de Bibliotecas e coordenador do curso de Biblioteconomia.
Revista UCS - Publicação da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.
O texto acima está publicado na nona edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.