"Qual a leitura que faço dessa situação em particular?" É essa a pergunta que fica na cabeça de Leandro Badalotti, toda vez que ele empunha a câmera na mão para fotografar ou produzir um trabalho em vídeo. Formado em Publicidade e Propaganda em 2007, ele se viu diante de um desafio quando, em 2010, deixou o Brasil para seguir a Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Em território norte-americano, ele fez um estágio de seis meses na agência de fotografia Magnum, uma das mais conhecidas do mundo. Por lá, Leandro atuou no departamento multimídia da organização, a Magnum In Motion, e pode entrar em contato com fotógrafos como Bruce Gilden e David Alan Harvey, ambos conhecidos pela qualidade documental de suas obras.
O documentarismo, por sinal, sempre causou fascinação em Leandro. No período do estágio, o publicitário, de 30 anos, desenvolveu um projeto chamado "Who are you?", em que buscava, no metrô de Nova Iorque, contar a história de pessoas que passavam pela estação. Ali, ele já focava na produção de vídeos. Apesar de gostar de fotografar - e de trabalhar como freelancer, inclusive já tendo feito trabalhos para a revista Veja - Leandro gosta mesmo é de filmar.
"Quando estou focado apenas em fotografia, procuro encarar como um exercício estético. Mas, se é para contar uma história, normalmente, acabo optando pela linguagem do vídeo", observa.
Foi a partir do projeto desenvolvido na Magnum que Leandro foi chamado para outro estágio, desta vez para o MediaStorm, estúdio americano de fotografia e vídeo. Na agência, o caxiense atuou como editor e produtor associado de três projetos. Entre os trabalhos, está A Darkness Visible: Afghanistan, do diretor Seamus Murphy, que conta a história de moradores do Afeganistão. Sem se pautar exclusivamente pelas guerras que dominam o país, o trabalho foi reconhecido pela crítica e indicado para o Emmy - premiação da Academy of Television Arts & Sciences, dos Estados Unidos.
A essência social de sua obra não parou por aí. Em 2012, Leandro seguiu para o Sul do Iêmen com a equipe da MediaStorm para produzir um documentário sobre Hussein Saleh, voluntário da Cruz Vermelha. Xeque iemenita, Saleh era o responsável por estabelecer relações entre o governo do país e o grupo terrorista Ansar Al Sharia, braço da Al Quaeda no Iêmen, para garantir o atendimento de civis da zona de conflito. Saleh não chegou a ver o trabalho produzido por Leandro. No mesmo ano das gravações, ao se deslocar com um comboio da Cruz Vermelha, o voluntário foi atingido em um ataque aéreo de autoria desconhecida.
De Caxias do Sul, onde desenvolveu dois documentários financiados pelo Fundo Procultura, a Nova Iorque, com seus trabalhos autorais e cosmopolitas, Leandro tenta imprimir seu gosto pelo desafio de conhecer e retratar a vida de pessoas. Além da produção audiovisual, o egresso da UCS atua com edição de trabalhos de outros fotógrafos, o que permite compartilhar diferentes histórias.
"Eu quero continuar contando histórias que valham a pena serem compartilhadas. Uma câmera pode te oferecer uma oportunidade incrível de se aproximar de pessoas, acompanhar um pouco da vida delas. Contar essas histórias também me ajuda profundamente a entender o mundo ao meu redor. Esse é o meu plano!", projeta.
(Texto: Vagner Espeiorin)
Revista UCS - Publicação da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.
O texto acima está publicado na oitava edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.