Mais de 3 mil quilômetros separam Caxias do Sul do Município de Estreito, no Maranhão. A longa distância, no entanto, não foi suficiente para conter a disposição de oito acadêmicos e duas professoras da UCS. Por meio do Projeto Rondon, eles puderam desenvolver na região nordestina projetos voltados ao desenvolvimento da localidade.
A acadêmica de Educação Física Greyce Kelly Pelin, de 23 anos, adora dançar. Não por acaso, a participante do Projeto Rondon resolveu levar para Estreito seus conhecimentos em ritmo e expressão corporal. Durante mais de dez dias, entre o final de janeiro e início de fevereiro, a acadêmica, mais sete colegas e duas professoras puderam contribuir com o desenvolvimento local e com atividades de esporte e lazer para a comunidade maranhense.
Diariamente, Greyce preparava oficinas de danças ministradas para alunos de diferentes escolas do município - duas delas localizadas em assentamentos do Movimento Sem Terra (MST). Por meio desse contato, a jovem espalhou alegria e diversão a uma população que sofre diariamente com a falta de estrutura urbana e com carências fortes em educação e saúde.
"Eles foram muito receptivos e muito acolhedores com todos nós", relata a jovem. As ações desenvolvidas por Greyce contemplaram especialmente alunos com 8 a 13 anos. Além da dança, a futura educadora física levou para Estreito algumas técnicas de Ginástica Rítmica. Com os alunos, criou fitas, utilizadas para o esporte, com materiais baratos.
Além dos pequenos, a acadêmica deu aulas de dança do ventre para as mulheres, além de palestrar sobre distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia, à comunidade.
No final da missão, os resultados apareceram na forma de "Show de Talentos". Produzido pelos rondonistas da UCS, o evento contou com mais de 20 apresentações, numa das escolas da cidade.
Defesa do meio ambienteRonaldo Belenzier, 27 anos, começou a cursar Ciências Biológicas há sete anos. A escolha ocorreu após o rapaz se tornar fiscal ambiental no município de Fagundes Varela. Em Estreito, ele resolveu unir o que aprendeu na graduação com a experiência no trabalho para ministrar oficinas à comunidade local.
Conforme ele, os acadêmicos da UCS acabaram entrando em contato direto com uma realidade que é muito diferente. "A população é bem pobre, mas parece que isso acentua a solidariedade entre eles", constata.
No Maranhão, Ronaldo ministrou cursos sobre licenciamento ambiental e deu aulas sobre o uso de GPS, para funcionários da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Nas escolas, realizaram oficinas para crianças e adolescentes sobre a criação de hortas e compostagem. Ele explica que, por causa das temperaturas, no Maranhão, é possível produzir certas culturas durante o ano todo, enquanto, por aqui, o frio faz com que haja ciclos de plantio.
Ao lado dos colegas, ele literalmente meteu a mão na terra, compartilhou conhecimentos e aprendeu muito. "A gente vai para lá achando que vai ensinar, mas, na verdade, quando volta percebe que aprendeu muito mais", sintetiza.
Ao lado de Ronaldo e Greyce, participaram do projeto os acadêmicos Phillipe Dummer (Ciências Biológicas), Franco Lorenzo Bossardi (Comércio Internacional), Nicolas Finckler (Engenharia Ambiental), Fabiano Sartori (Engenharia Civil), Maiara Calgaro (Jornalismo) e Carla Rossi (Ciências Biológicas).
Lições de vidaIntegrar socialmente diferentes comunidades, com o objetivo de melhorar as condições de vida de populações carentes, é o principal objetivo do Projeto Rondon. Nesta edição, a UCS participou do eixo temático "Meio Ambiente, Trabalho e Geração de Renda" e dividiu as ações com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (na foto da página ao lado, todo o grupo reunido). Durante dez dias, o grupo da UCS desenvolveu mais de 40 atividades, que atingiram um grupo de mil pessoas, aproximadamente.
A professora Gisele Cemin, do Centro de Ciências Exatas, da Natureza e de Tecnologia, do Campus Universitário da Região dos Vinhedos, coordenou a equipe da UCS, ao lado da professora Vania Schneider, diretora do Instituto de Saneamento Ambiental (Isam). Experiente em viagens do Projeto Rondon - como aluna, ela foi para Roraima e como professora já seguiu para o Piauí e Pernambuco - Gisele explica que durante a expedição a rotina era intensa, mas que a experiência foi gratificante.
"O Brasil é um país continental. As diferenças culturais e sociais são muito expressivas. O projeto proporciona aos rondonistas uma profunda imersão nos costumes locais. Com toda a certeza, o aprendizado trazido pelos rondonistas é infinitamente maior do que o legado deixado para a população do município de Estreito." Segundo Gisele, a visita à Estreito ficará marcada pela alegria de um povo, que, mesmo vivendo com pouco, consegue manter disposição e sorriso no rosto.
"O que restará em nossa memória são os sentimentos que foram despertados em nossos corações. Não há sensação melhor do que olhar para uma criança, um jovem ou um adulto e perceber que eles estão projetando em nós a esperança de mudar suas vidas."
No final de julho, uma nova equipe da UCS viaja, pelo Projeto Rondon, ao município de Vertente do Lério, em Pernambuco.
(Texto: Vagner Espeiorin)
Revista UCS - Publicação da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.
O texto acima está publicado na oitava edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.