Stela Maris da Silva, doutora em Biotecnologia pela UCS:
"A concretização de um futuro muito sonhado"
Stela Maris graduou-se em Biologia pela Unisinos em
1986 e durante vários anos atuou como professora do Ensino Médio. Concluiu o Mestrado em
Biotecnologia pela UCS, em 2004, ingressando em seguida no
Doutorado. Nesse meio tempo, participou, com bolsa do
Programa Alfa, de estágios na Escola Superior de
Engenharia da Universidade de Poitiers, na França e no
Departamento de Engenharia da Universidade Nacional de
Cuyo, em Mendoza, Argentina. Agora, como Doutora em
Biotecnologia, Stela Maris, passará a integrar o
quadro docente da universidade argentina, onde fez o seu estágio.
Como você chegou ao Mestrado em Biotecnologia da UCS? O
que você fazia antes de ingressar na pós-graduação?
|
"Eu lecionava em uma escola particular em São
Leopoldo e um dia concluí que, definitivamente, eu era
professora e essa conclusão me levou a uma outra: eu deveria
fazer o possível para ser uma profissional melhor, tanto como
professora, como profissional da área em que eu
escolhi atuar. Assim, se o melhor para muitos colegas
professores era dar aula em escolas da rede privada, eu
já havia alcançado
esse "melhor" e me perguntei o que fazer para ir além,
aliando dois interesses: a qualificação profissional e
o reconhecimento financeiro pelo trabalho realizado. Era
tempo de tentar novos rumos e decidi arriscar-me a
uma volta aos estudos depois de tanto tempo de inatividade,
porque sabia que qualquer perspectiva de sucesso futuro,
passava necessariamente por uma volta aos bancos da
Universidade.
Escolhi, entre as universidades que dispunham de programas de
pós-graduação, aquela que, de acordo com minha área de
interesse, parecia oferecer um programa de estudos que
aliava qualidade e inovação. Optei assim por candidatar-me
a uma vaga no Mestrado em Biotecnologia da UCS. Entre os
fatores decisivos contaram o ótimo atendimento telefônico
que tive quando liguei pela primeira vez pedindo
informações. A secretária do Programa
insistiu que eu viesse pessoalmente conhecer o Instituto de
Biotecnologia e respondeu, com segurança, a todos os meus
questionamentos. A forma de avaliação dos candidatos ao
Programa, que não passam somente por entrevistas e uma
prova, mas participam também de aulas presenciais, me pareceu
pedagogicamente mais coerente e justa, particularmente para
uma aluna como eu, há tanto tempo longe da Universidade".
O que a levou a continuar os estudos, ingressando no
Doutorado?
|
"Porque apesar do esforço pessoal investido no Mestrado,
cursado paralelamente às minhas atividades como docente,
pensei que deveria continuar no ritmo em que estava. Creio que
no Mestrado fui contagiada definitivamente pela vontade
de fazer mais e mais coisas, de aprender mais,
para quem sabe ensinar melhor. Também considerei todo o
investimento que a UCS havia feito comigo, pois obtive da Instituição,
mediante processo seletivo, uma bolsa parcial para o Mestrado
e também recebi do Programa Alfa I, uma bolsa de estudos,
que me possibilitou 2 meses de estudos em tratamento de águas,
na Escola Superior de Engenharia, em Poitiers, França. Mas também contou muito na minha
decisão o papel dos professores do curso
que valorizaram a qualidade da dissertação de Mestrado
e me incentivaram a continuar, mostrando-me a cada passo
novas possibilidades e desafiando-me a alcançá-las.
Naturalmente, as condições econômicas poderiam inviabilizar a
realização do doutorado na UCS, mas novamente a Universidade
acenou-me com a possibilidade de uma bolsa Capes II-UCS,
conseguida também mediante processo seletivo, que
custeou as mensalidades do Doutorado. Ainda durante
o Doutorado, tive a oportunidade de, novamente, participar, com
o auxílio do Programa Alfa Alfa II, no
Instituto de Biotecnologia da
Universidade Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina, onde
realizei atividades relacionados à minha Tese de Doutorado.
Entre a Stela que ingressou no PPGBIO para fazer o Mestrado em 2002 e a que sai agora com o título de Doutor, o que mudou? O
que você vai fazer agora?
|
"Mais fácil seria dizer o que não mudou na minha vida. Acho que todo
esse processo culmina com o convite para
trabalhar na Universidad Nacional de Cuyo, após a conclusão do
Doutorado, já que eles têm carência de profissionais na minha
área. Contou para o convite, não somente a bagagem de
conhecimentos adquiridos na UCS e o meu desempenho
profissional quando estive lá, e o fato
de falar bem o espanhol e outros idiomas, mas,
na minha opinião, o fundamental foram as boas relações
existentes entre
aquela Universidade e a UCS, que é reconhecida pela
qualidade de seus profissionais e por sua seriedade
na atuação como instituição. Concluir o Doutorado e
iniciar um novo trabalho numa universidade, é vislumbrar
a possibilidade
concreta de um futuro que foi muito
sonhado e que agora se fez presente".
Fale um pouco sobre os seus estudos no Mestrado e no Doutorado?
|
"Eu trabalho com um fungo, o Pleurotus sajor-caju,
que secreta enzimas para crescer em meio onde há celulose,
que é de difícil quebra . Estas enzimas
são usadas em processos de branqueamento de jeans,
degradação de corantes da indústria de efluentes e
indicam que o fungo possa ser empregado em processos de
descontaminação de solos contaminados com petróleo,
pesticidas e outros.
Uma das patentes depositadas por nosso grupo
trata da produção destas enzimas
na presença de metais pesados e a outra trata da
utilização do fungo em tratamentos de águas contaminadas
com metais pesados. O nosso trabalho constatou que o
fungo apresenta a habilidade de acumular metais
quando em meio líquido e por isso pode ser aplicado
em águas contaminadas com metais. O fungo atuaria como uma
esponja com relação a alguns metais estudados, e por isso
surgiu a patente.
O depósito, por nossa equipe, de duas patentes
em apenas dois anos de trabalho, indica o quanto o
grupo trabalhou para esta realização. Não acredito em
conquistas solitárias. Fomos NÓS, do
Instituto de Biotecnologia da UCS, com o apoio de muitas pessoas
que colaboraram, tantas que
eu poderia escrever mais uma tese só para agradecer-lhes. A
começar pelos guardas que me vigiavam quando eu ficava até
mais tarde no laboratório, até os profesores, colegas e
funcionários,
que me encorajaram e apoiaram durante todo o meu percurso na
UCS."
|