Em setembro, Gisele Silva Pereira inicia seus estudos de doutorado em Oxford, perseguindo um objetivo definido: preparar-se, em alto nível, para exercer a docência na área do Turismo.
"Produzir conhecimento relevante que seja revertido para o
planejamento responsável do turismo no Brasi". Esta é a intenção de
Gisele Silva Pereira, mestre em Turismo pela UCS, que, em
setembro, inicia seus estudos no programa de Doutorado em Turismo, Lazer e Hospitalidade, na Oxford Brookes University, com uma
bolsa da CAPES, pelos próximos quatro anos.
Gisele fez sua graduação e seu mestrado na UCS e,
tanto na graduação, como na pós-graduação, dedicou-se às
atividades de pesquisa e aproveitou todas as oportunidades
de intercâmbio que pudessem aprimorar sua formação acadêmica.
Sua dedicação e interesse vão levá-la a Oxford, onde ela inicia, a partir de setembro,
a concretização de um importante
projeto pessoal: realizar o doutorado e exercer a docência. Ela nos contou um pouco sobre
sua experiência, que pode encorajar outros acadêmicos, a planejar
uma carreira como a de Gisele.
Como você chegou ao Mestrado em Turismo da UCS e
porque escolheu essa área e essa temática para fazer sua
careira acadêmica e profissional?
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"Tenho 27 anos, nasci e cresci em São José do Norte,
no interior do estado. Cursei o Bacharelado em Turismo
da UCS, em Canela. Na ocasião, 1999, havia três
universidades gaúchas que ofereciam o curso: a PUCRS, a
Ulbra e a UCS. Escolhi estudar na UCS porque o curso,
além de ser oferecido em um dos destinos turísticos mais
conhecidos e procurados da Serra Gaúcha, é considerado referência
nacional na área, sendo que a Universidade também possuía grande
tradição no que diz respeito ao ensino da Hotelaria e
Hospitalidade.
No segundo ano do curso, fiz estágio por seis meses no
Magic Kingdom, o parque mais antigo do complexo Walt
Disney World. De volta a Canela e ao curso de Turismo,
e entusiasmada com a experiência na Disney, decidi cursar,
tempos depois, um semestre acadêmico na Escola Superior de Hotelaria e Turismo
do Estoril, em Portugal. No regresso ao Brasil, em março de
2003,
e já formada turismóloga, iniciei um curso de especialização
em Gestão de Marketing, na Universidade Católica de Pelotas, o
que me permitiu, mais tarde, ingressar
naquela Universidade como docente, no curso de
graduação em Turismo. Mais tarde, paralelamente às atividades
desenvolvidas
na UCPel, passei a lecionar no Curso Técnico em Guia de Turismo de Âmbito
Nacional, no Senac de Rio Grande. Foi nesse contexto que surgiu,
em 2005, o desejo de continuar e aprofundar
meus estudos em Turismo, pois assim
eu poderia oferecer um ensino de mais qualidade aos meus alunos.
Candidatei-me a uma vaga no Mestrado em Turismo da UCS e, no processo seletivo,
fiquei em 1º lugar. Por tal destaque, fui contemplada com uma
Bolsa Modalidade I da Capes, renovada e mantida durante os
dois anos de curso. Na época, existiam no país quatro
programas de Mestrado Acadêmico em Turismo,
reconhecidos pela Capes. Escolhi o programa da UCS devido ao
reconhecimento, em nível nacional, de seu corpo docente e das
pesquisas ali desenvolvidas".
Como você avalia os seus estudos durante o mestrado na UCS?
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"O conteúdo das disciplinas que cursei no decorrer
do mestrado, contribuiu decisivamente no processo de minha
dissertação. Tínhamos disciplinas obrigatórias,
como Metodologia da Pesquisa, eletivas na nossa linha de
pesquisa, eletivas fora da nossa linha e seminários,
inclusive seminários de pesquisa. Nesse sentido, as
discussões e reflexões realizadas em sala de aula colaboraram
significativamente para o andamento de minha pesquisa, que trata
da gestão ambiental em eventos turísticos. Além disso,
realizei algumas visitas técnicas, como as oferecidas
na disciplina Gestão de Impactos em Turismo e Hotelaria,
ministrada pela professora Dra. Suzana Maria De Conto, minha orientadora no programa.
Ao realizá-las, tive a oportunidade de verificar a
adoção da Gestão Ambiental em um empreendimento hoteleiro,
em nossa própria Universidade e na cidade de Caxias do Sul.
Aliás, foi acompanhando minha orientadora em suas atividades
acadêmicas que mais exemplos éticos e profissionais eu tive
para minha vida acadêmico-profissional. Com ela aprendi o
significado de ser docente, a importância da pesquisa para
o ensino e a necessidade de publicar em periódicos de qualidade.
Com o seu incentivo, acompanhei aulas inaugurais,
participei de eventos científicos, publiquei artigos,
realizei meu estágio em docência, participei de projeto
de pesquisa, entre tantas outras atividades, que me
proporcionaram-me momentos ricos e valiosos de aprendizagem".
Em relação aos eventos científicos, destaco minha
participação em congressos, seminários, encontros e reuniões
relacionados ao Turismo, à Gestão Ambiental e a outras áreas
de interface com o fenômeno turístico. No que concerne aos
trabalhos publicados, ressalto a publicação de um livro em 2006,
em parceria com dois professores do Programa de Especialização
em Gestão de Marketing da Universidade Católica de Pelotas,
intitulado O comportamento do consumidor no turismo,
resultado de minha monografia de especialização. Também escrevi
textos sobre turismo, dezenove ao todo, para jornais de
notícias no período de 2004 e 2005. Além de tais
textos, destaco a publicação de trabalhos completos e de
resumos em anais de eventos científicos da
área de turismo e meio ambiente. Atuei como colaboradora no
projeto Relações que se estabelecem entre
os fatores que determinam a origem e formação dos resíduos
sólidos de um meio de hospedagem da região turística Uva e Vinho,
coordenado pela professora Suzana.
Por que você escolheu a Festa da Uva de Caxias do Sul,
como objeto de estudo?
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"Ao participar de um projeto de pesquisa vinculado à
minha linha de pesquisa no Mestrado, tive a oportunidade de
vivenciar todas as etapas de uma pesquisa, com suas
dificuldades e conquistas. Além disso, o fato de produzir e
socializar conhecimento sobre a dimensão ambiental do
fenômeno turístico foi altamente gratificante. No decorrer de
minha trajetória acadêmica como mestranda, identifiquei
claramente a existência de lacunas no conhecimento
científico disponível sobre o tema eventos turísticos.
Ao sistematizar o conhecimento produzido sobre a Gestão
ambiental em eventos turísticos, nos periódicos e
nos anais de eventos científicos ligados ao tema turismo
e nas dissertações defendidas nos programas de Mestrado
Acadêmico em Turismo, reconhecidos pela Capes, verifiquei
a inexpressividade de estudos que contemplem a variável
ambiental em eventos turísticos. Diante dessa constatação,
reconheci claramente minha responsabilidade perante a
produção de conhecimento sobre a gestão ambiental no turismo,
por se tratar de um tema ainda pouco estudado no campo
teórico do turismo.
No dia 5 de abril de 2007 apresentei no
minha dissertação intitulada A variável ambiental no
planejamento de eventos: estudo de caso da Festa Nacional
da Uva/RS, com o intuito de iniciar os estudos
científicos que examinem as relações estabelecidas entre
o fenômeno ambiental e o fenômeno turístico, sob o ponto de
vista da gestão ambiental. Escolhi a Festa Nacional da Uva
por tratar-se do principal evento turístico de Caxias do
Sul e um dos mais importantes do Estado do Rio Grande do
Sul e do País, além de ser um evento que apresenta um
vínculo significativo com a história de sua comunidade.
O que a levou a continuar os estudos, emendando o
doutorado no mestrado? Porque Oxford? Qual a sensação de
concorrer com tantos candidatos e sair-se tão bem?
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"À medida que a minha trajetória acadêmico-profissional se delineava,
menos dúvidas eu tinha quanto ao desejo de fazer o doutorado
com o propósito de produzir novos conhecimentos a respeito do meu tema de estudo.
Ao pesquisar os programas de doutorado oferecidos no Brasil,
com a recomendação da Capes, constatei a inexistência de
programas de doutorado específicos na área de Turismo. Por
recomendação de professores conceituados na área de Turismo,
procurei-os fora do Brasil e identifiquei o programa
de Doutorado em Turismo, Lazer e Hospitalidade oferecido
pela universidade inglesa de Oxford Brookes. Escolhi-a, porque
ela mantém um programa na minha área específica de interesse e porque
é conceituada e prestigiada. A sensação de ser contemplada com
a Bolsa Capes para realizar o doutorado no exterior é de
satisfação e de alegria por ter
conquistado um objetivo tão almejado".
Quais as expectativas atuais? O que mais a preocupa e
o que a deixa mais contente, nesta etapa da sua carreira
acadêmica.
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"Minhas atuais expectativas atuais relacionam-se aos
preparativos para a viagem e à forma de moradia em Oxford.
Realizar doutorado e exercer a docência fazem parte do
meu projeto de vida. Portanto, ao realizar o doutorado em
turismo, no exterior, pretendo produzir conhecimento
relevante que seja revertido para o planejamento responsável
do turismo brasileiro. Assumo, assim, a minha parcela de
responsabilidade frente à produção de conhecimento sobre a
gestão ambiental no turismo. Responsabilidade que acredito
pressupõe princípios morais, éticos e sociais, norteadores
das ações de ensino, pesquisa e extensão".
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