Liga Acadêmica de Estudos sobre Cuidados Paliativos prepara
o acadêmico para o atendimento a pacientes terminais
Uma nova forma de discutir sobre o cuidado ao paciente
em estado terminal está surgindo entre os acadêmicos da área
da saúde. Em função da adaptação ao novo
currículo, o curso de Medicina passou a oferecer a Unidade de
Ensino Médico "Cuidados Paliativos", tornando-se o único curso,
no país, a apresentar a disciplina de forma
obrigatória na sua grade curricular. A Universidade Federal de
São Paulo (UNIFESP), por exemplo, foi a pioneira em implantar essa disciplina, mas a oferece de forma
eletiva.
O cuidado paliativo é a prática multiprofissional que visa
oferecer ao paciente fora das perspectivas de cura
atendimento embasado nos aspectos físico, emocional, social e
espiritual. A acadêmica de Medicina, Viviane Raquel Buffon,
que realizou estágio no Hospital do Servidor Público Estadual
de São Paulo, no
ambulatório de Cuidados Paliativos, explica que, conforme a
"Organização Mundial da Saúde (1990), o cuidado paliativo é
definido como o
cuidado ativo e total dos pacientes cuja enfermidade não
responde mais aos tratamentos curativos. O objetivo
é "atingir a
melhor qualidade de vida possível para os pacientes e
suas famílias".
Preocupados com esta nova visão na área da saúde, acadêmicos
do curso de Medicina, encorajados pelo professor Marco
Tullio de Assis Figueiredo, da UNIFESP e, com a coordenação do
professor André Borba Reiriz, criaram, em abril do ano
passado, a Liga de Cuidados Paliativos. A propagação dos
trabalhos - como
jornadas acadêmicas e a publicação de artigos científicos – e
o interesse sobre o tema têm despertado o interesse de
alunos de
outros cursos, como de Fisioterapia e
Serviço Social. Nesse caminho, o curso de Enfermagem já oferece a disciplina
"Cuidados humanos frente à morte e o morrer", com a
mesma finalidade de prover de cuidados o paciente em
estado terminal. Acadêmicos de diferentes cursos da área da saúde
participam da disciplina, ministrada pela enfermeira
Maria
Berra.
A intenção dos acadêmicos ao formar a Liga de Estudos sobre Cuidados Paliativos é
divulgar entre o meio acadêmico e também entre os
profissionais a importância do acompanhamento ao paciente
quando cessam todas as medidas terapêuticas curativas. Eles pretendem também
alertar a comunidade sobre a possibilidade de
haver atendimento especializado no período que antecede a
morte, a fim de minimizar o sofrimento do paciente e da sua
família. Na visão da acadêmica Viviane Buffon, uma das
integrantes da Liga, "os planos de saúde e o Sistema Único de Saúde ainda não
oferece atendimento
em cuidados paliativos, e talvez isso se explique
pelo fato de haver ainda há um certo sentimento cultural de
rejeição perante o
paciente com doença incurável, principalmente, se ele estiver
em fase terminal". Também por esse motivo, ela acredita, não
existam cursos de especialização sobre o tema, ou mesmo,
residência médica nessa área, diferentemente do que acontece na
Europa, onde já se percebem avanços nos cuidados frente à morte.
Todas as sextas-feiras, às 12h30min, os integrantes da Liga
Acadêmica de
Cuidados Paliativos reúnem-se no Ambulatório Central e demais acadêmicos
interessados em participar da Liga podem contatá-los pelo
e-mail lcpcaxias@yahoogrupos.com.br.
Vitória
A partir da discussão da criação da Liga Acadêmica de
Cuidados Paliativos foi criado, em abril deste ano, o
Ambulatório de Cuidados Paliativos
em Oncologia, que funciona no setor de Oncologia do Hospital Geral
de Caxias do Sul. "Esta foi uma
de nossas
conquistas. Todas as segundas-feiras, das 14 horas às 17 horas,
trabalhamos com os pacientes, numa ação que envolve a
enfermagem, a
psicologia e a medicina. Também atuamos com os familiares, procurando
fazer o acompanhamento mesmo após a morte do paciente",
explica Cristiane Faccin
Knob, vice-presidente da Liga.
Integrantes
A Liga Acadêmica de Cuidados Paliativos é formada
pelo Dr. André Borba Reiriz (coordenador) e pelos acadêmicos
Ariane Rocco Torrez, Bruna Pinheiro Machado,
Carine Motter (presidente), Carolina Denardi, Cristiane Faccin Knob
(vice-presidente), Fernanda Franciele da Silva, Gabriela Doncatto Bareta, Jonas
Ceron, Lívia Lopes Moreira, Luciane Dalcin, Marcela Ferreira Meira, Mariana
Fonseca Motta, Monika Daudt, Rosirene Maria Fröhlich Dall'Agnese e Viviane
Raquel Buffon.
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