Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia
registra a décima tese de doutorado.
A bióloga Roselei Claudete Fontana defendeu nesta
segunda-feira, dia 20, sua Tese de Doutorado no
Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, tendo sido
aprovada, com a nota máxima, pela banca examinadora.
Com esta defesa, a coordenação do Programa comemora o décimo
doutor titulado. [Na foto ao lado, Roselei no momento da sua
defesa.]
Longo caminho
Roselei tem graduação em Ciências Biológicas pela
Unijuí e, para
chegar ao doutorado, percorreu um longo caminho no qual não
faltaram o incentivo e orientação
de seus professores e a colaboração e amizade dos
companheiros de laboratório. Após ter feito uma
especialização em Microbiologia
Agroindustrial na Universidade de Passo Fundo, Roselei teve o
incentivo da orientadora do trabalho de conclusão,
professora Telma Elita Bertolin, para encaminhar seu mestrado
na UCS, onde ingressou
em 2002. Tanto no mestrado como no doutorado, teve a orientação do professor
Mauricio Moura da Silveira e seus projetos de
mestrado e doutorado foram dentro da linha
de pesquisa de "Microbiologia
Industrial e Bioprocessos", que reúne estudos voltados para a
obtenção de produtos biotecnológicos, com potencialidade de
aplicação industrial, através de processos fermentativos e
enzimáticos.
Por mais de sete anos, o professor Mauricio acompanhou os
estudos da recém-doutora, para quem prevê
um futuro brilhante como pesquisadora. "É muito
gratificante poder contribuir com a formação de um
profissional, acompanhando seu crescimento ao longo dos anos".
Mas, como a construção do conhecimento é uma tarefa coletiva,
o orientador ressalta que "embora a capacidade
individual de cada estudante seja determinante para o
resultado do trabalho, as pesquisas que realizamos se
enquadram em contextos de linhas de pesquisa em que
vários pesquisadores e estudantes contribuem para a
construção do conhecimento. No caso do tema em que a
Roselei fez seu mestrado e seu doutorado, a pesquisa foi
iniciada em 1998 e inclui o trabalho de professores da
UCS e de instituições conveniadas, de outros pós-graduandos,
um de doutorado e seis de mestrado, e mais de dez
estudantes de graduação. Neste percurso, o
trabalho teve o apoio da Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul,
da FAPERGS, do CNPq e da CAPES, além da própria UCS."
Propostas inovadoras
No mestrado, concluído em 2004, Roselei estudou a
produção de um tipo de enzima, as poligalacturonases, a partir
do cultivo em estado sólido de um microrganismo, o fungo
Aspergillus niger. No doutorado, ela prosseguiu com o
estudo da produção de
poligalacturonases utilizando o fungo
Aspergillus oryzae, desta vez em processo submerso em
biorreatores com agitação mecânica tubulares. Ela explica
que "as poligalacturonases são enzimas usadas extensivamente
na indústria para clarificação de vinhos e sucos de frutas,
devido à sua ação na degradação de substâncias pécticas
que são constituintes das frutas, auxiliando no processo
de extração e ainda diminuindo a viscosidade e a
turbidez dos sucos".
As publicações, os produtos tecnológicos e as patentes
são a moeda forte de um programa de pós-graduação e o
coordenador Aldo José Dillon destaca a produção da recém-doutora.
"Em seus estudos, Roselei apresentou propostas inovadoras
para a produção de poligalacturonases fúngicas e uma
parte do seu trabalho
já se encontra publicado em periódicos
internacionais de grande importância na área da Biotecnologia, como o Journal of
Industrial Microbiology and Biotechnology e Bioresource
Technology".
Reconhecimento
Ao relembrar toda a sua trajetória na pós-graduação,
Roselei não acha que foi um período difícil. "Na verdade não
achei difícil, mas muitas vezes foi cansativo, pois passei
várias noites e finais de
semana realizando e acompanhando os experimentos para a
obtenção dos resultados. O mais gratificante, sem dúvida,
foi quando os artigos foram publicados, pois essa é uma
forma de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido."
No mestrado e no doutorado, Roselei contou também com apoio
de agências de
fomento à pesquisa e pós-graduação, como a CAPES, que lhe
concedeu bolsa de mestrado por dois anos e de doutorado por
um ano, e a FAPERGS, que financiou seus estudos por três
anos. [Na foto ao lado, parte dos
pesquisadores que atuam no Laboratório de Bioprocessos
posam para foto na entrada do Instituto de Biotecnologia.]
Interação no laboratório
As pesquisas de mestrado e doutorado foram desenvolvidas no
Laboratório de Bioprocessos, do Instituto de Biotecnologia,
onde um grupo de pesquisadores de diferentes níveis atua de forma
cooperativa. Essa interação, segundo a mais nova doutora do
Programa, "nos coloca a necessidade de compartilhar o
conhecimento, trocar ideias e aceitar as críticas. Como atuamos
diretamente com estudantes de mestrado e graduação temos a
responsabilidade de passar para os demais o amor pela
pesquisa e os diferentes aspectos éticos e profissionais que
envolvem o nosso trabalho".
A mais nova bolsista de iniciação científica do
Laboratório de Bioprocessos é
Natasha Possamai, estudante do 7º semestre de Engenharia
Química (na foto à direita). Com bolsa da FAPERGS, desde
fevereiro de 2009, Natasha já se sente à vontade no novo grupo.
"A convivência com
mestrandos, doutorandos e
pesquisadores mais experientes é muito importante para
quem, como eu, ainda está na graduação. Eles nos ajudam a
entender os
procedimentos e as
práticas das atividades de pesquisa e há também a troca de
conhecimentos. Muito do que eu vejo, na sala de aula e
nos livros, posso vivenciar no laboratório e isso
me ajuda bastante na minha formação como engenheira química".
Exemplo para os novatos
Para aqueles que ingressam agora no Programa, Roselei lembra
que, juntamente com a possibilidade de obtenção do título de
Mestre ou Doutor, há muita responsabilidade perante a
Universidade e a sociedade. "Apenas o
título não basta, é necessário reunir uma
bagagem de conhecimento e experiência ao
longo do programa, sendo necessário muito interesse e
dedicação, para que, então, o título possa fazer a diferença".
Sobre o futuro, Roselei é otimista: "acredito que as
oportunidades surgirão nesta nova etapa da minha vida".
Avaliação externa
O Programa de Pós-Graduação em
Biotecnologia da UCS foi o segundo programa na área
constituído no Brasil (1993) em nível de mestrado. Em 2004, a
CAPES
autorizou o funcionamento do doutorado.
[ Primeira doutora do
Programa defendeu tese em abril de 2007.]
Até o momento o Programa já titulou 116 mestres e 10 doutores.
O coordenador, Aldo José Dillon, explica que o Programa de
Pós-Graduação em Biotecnologia da UCS
está enquadrado na nova área de avaliação da CAPES que
é a de Biotecnologia, juntamente com mais de
duas dezenas de cursos, em todo Brasil. "Após organizar com
sucesso a Pós-Graduação brasileira e aumentar
sensivelmente a produção científica no Brasil, a CAPES
tem agora a incumbência, por solicitação do Ministério da Educação e do
Ministério de Ciência e Tecnologia, de atuar para melhorar
o ensino fundamental, e contribuir para o desenvolvimento
tecnológico brasileiro. Dentro
desta nova realidade, a área de Biotecnologia da CAPES
está inovando no sentido de criar uma nova sistemática
para valorização dos produtos tecnológicos e patentes
gerados nos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia,
tal como atualmente é feito para avaliar a publicação de
artigos em revistas internacionais, de grande circulação".
Ao avaliar a produção gerada pelos pesquisadores, o
coordenador sustenta que o Programa de Pós-Graduação em
Biotecnologia da UCS "está
perfeitamente maduro para os desafios
colocados pela CAPES, principalmente porque já temos
uma prática de pesquisa e desenvolvimento e
apresentamos uma excelente
pontuação no quesito relativo a publicações internacionais".
Fotos de Daiane Nardino e Eloane Malvessi.
|