"Agora é hora de olharmos para o futuro da UCS". Leia a entrevista com o reitor Isidoro Zorzi.
Temos uma Reitoria respaldada pelo
Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul
e aquilo que antes
era disputa, era embate, era discussão, isso acabou.
O futuro da UCS depende de
nós (...) vamos trabalhar juntos,
como fizemos nestes quatro anos, com muita humildade,
com muita simplicidade mas, sobretudo, com muito respeito e
privilegiando sempre os interesses da Instituição,
acima dos interesses pessoais ou de grupo. A
UCS vem primeiro, nós depois.
No primeiro dia, após a sua reeleição para o cargo de
reitor da Universidade de Caxias do Sul, o professor Isidoro
Zorzi manteve a mesma rotina dos últimos quatro anos.
Chegou cedo à Universidade e, enquanto despachava com seus
assessores e ultimava os detalhes da reunião semanal
com toda a equipe da reitoria, também atendia aos
jornalistas da cidade e
região que queriam saber,
em primeira mão, sobre seus
planos para mais 4 anos à frente da Universidade de Caxias
do Sul.
Para todos, as respostas ficaram sempre em torno
da mesma ideia: a de dar continuidade ao que foi começado
na gestão que agora finda. "Nossa gestão é de continuidade.
Vamos continuar o processo de mudança que iniciamos em
2006, e que pode ser resumido
em alguns tópicos: modernização e descentralização da gestão;
consolidação do caráter comunitário e filantrópico da
Universidade; manutenção do controle das finanças, investindo
cada vez mais nos fins da universidade: ensino,
pesquisa e extensão". Tudo com foco na qualificação
institucional, necessária para inserir a UCS não
somente no rol das maiores
instituições do
país, status que ela já alcançou pelos seus números
(mais de 36 mil alunos, mais de 1.100 professores e mais de
1.000 funcionários), mas sobretudo para colocá-la entre as
universidades
melhor avaliadas pelo Ministério da Educação. "Muito
ainda há para ser feito e é com este sentimento que nossa equipe
está trabalhando", resume o reitor.
Entre uma cerimônia de formatura de Gabinete e uma
entrevista a uma rádio de Bento Gonçalves, o reitor encontrou espaço
para conversar com os jornalistas da Assessoria de Comunicação da Universidade e
aproveitou para
mandar uma mensagem especial a toda a comunidade universitária.
Veja abaixo os principais pontos da entrevista.
Leia também a carta aberta do reitor à comunidade universitária.
Reeleito reitor de uma
das maiores universidades do país, qual a sua principal
mensagem para a comunidade universitária? |
Eu quero dizer aos colegas professores, colegas funcionários e
aos queridos alunos que, juntos, somos quase 40 mil pessoas
que compõem esta Instituição. E, a partir das 19 horas de
segunda-feira, temos uma
Reitoria respaldada pelo Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul
e, aquilo que antes
era disputa, era embate, era discussão, isso acabou.
Dia 29 de março de
2010, não existem mais três candidatos a reitor. O processo de escolha do reitor
serviu para que todos nós crescêssemos, serviu para que
todos nós
explicitássemos as nossas ideias e as nossas preferências.
Isto nós o fizemos de uma maneira bastante civilizada,
respeitando-nos mutuamente. É assim que nós
aprendemos a
conviver na diversidade e no respeito mútuo.
Agora, eu faço um apelo a todos os nossos colegas,
professores e funcionários, que votaram em a, b ou c, que
fizeram campanha, ou que, silenciosamente, deram seu apoio
tácito
a um determinado candidato; e falo também
com todos os estudantes, não somente com aqueles que se
manifestaram através da consulta acadêmica. É hora de
esquecermos as
diferenças
e olharmos para a frente.
O futuro da UCS depende de
nós e todos nós somos, antes de
mais nada, professores, funcionários e estudantes. A
UCS está acima de todos nós, portanto, vamos trabalhar
juntos,
como fizemos nestes quatro anos, com muita humildade,
com muita simplicidade mas, sobretudo, com muito respeito e
privilegiando sempre os interesses da Instituição,
acima dos interesses pessoais ou de grupo. A
UCS vem primeiro, nós depois.
Como o senhor recebeu a
decisão do Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias
do Sul, reelegendo-o como reitor por mais 4 anos?
|
Durante quatro anos, nós trabalhamos com o respaldo
do Conselho Diretor e o apoio maciço da comunidade
universitária através de seus órgãos colegiados.
Promovemos as
mudanças necessárias, sem prejudicar ninguém,
mas priorizando os fins da Instituição, sempre em
um clima de equilíbrio e serenidade, mas com firmeza.
Ontem, quando o Conselho Diretor definiu, por 8 votos a 1, que
a minha proposta, o meu programa, eram os mais adequados para os
próximos quatro anos, eu fiquei satisfeito mas
também ciente e consciente da
grande responsabilidade que pesa agora sobre as nossas
costas. Nestes quatro anos, nós conseguimos sanear a Universidade, não só do ponto de
vista econômico-financeiro, mas também na sua estrutura
organizacional, na sua complexidade, tornando-a mais ágil,
mais racional, mais
operativa. Agora, ao dar continuidade à gestão, teremos que
apresentar muito mais
resultados do que conseguimos até agora.
Apesar de um ano adverso, a Universidade chegou ao final
de 2009 em condições equilibradas, conseguindo fazer frente a
todos os seus
compromissos, sem ter que pedir "esmola" a ninguém. A UCS
conseguiu
viver com as suas próprias forças, com a receita que
ela foi capaz de gerar. Agora temos pela frente muitos
e grandes desafios. Um deles é tornar a Universidade cada vez
menos dependente das mensalidades dos estudantes. Mas é preciso
lembrar que
o rejuste das
mensalidades, entre 2006 e 2009, ficou 1,26% abaixo dos
índices da inflação. Isso demonstra que, nesta gestão
trabalhamos com a perspectiva da inclusão, cada vez maior,
do estudante na Universidade, ressalvando que o nosso
estudante é, na maioria das vezes,
um trabalhador que custeia seus próprios estudos.
Quais os maiores desafios
que o senhor prevê neste segundo mandato? |
Nós temos que fazer da UCS, não somente a maior
universidade do Rio Grande do Sul e uma das maiores
universidades do país. Nós temos que fazer da UCS a melhor
universidade gaúcha e colocá-la entre as melhores do país
também. E, pode ser um sonho, muito
longínquo, mas eu tenho a convicção de que temos
as condições internas e o ambiente externo perfeito para isso. A
UCS está
localizada na região que tem a economia mais dinâmica e mais
diversificada do estado do Rio Grande do Sul, uma região com
perspectivas de futuro. Mas para se manter assim, os setores
produtivos
devem ter condições de assimilar o avanço da ciência e as
inovações da tecnologia. Sem inovação tecnológica, nossas
empresas, em um
curto espaço de tempo, correm o risco do sucateamento. Nossos
empresários têm consciência disso e a universidade é o
instrumento que o empresariado tem à sua disposição para
lhes proporcionar as condições competitivas. Sendo assim, a
Universidade deve se capacitar para ser, não apenas
um vagão desse trem do desenvolvimento regional, mas que
seja de fato
a locomotiva que conduz esse trem. Na medida em que ela se
mantiver
permanentemente capacitada do ponto de vista científico e
tecnológico poderá apoiar e impulsionar o
desenvolvimento regional
em seus diferentes aspectos.
E, na prática,
como isso pode ser feito?
|
Para isso, nós precisamos dar uma ênfase muito forte,
direcionando nossos investimentos para qualificar o
ensino, não só o ensino de graduação - o ensino que forma
profissionais -, mas principalmente, nos próximos quatro
anos, vamos investir no ensino de pós-graduação, que envolve os
cursos de especialização e MBAs e os
cursos de mestrado e doutorado. Porque é nesses cursos, especialmente nos
programas de mestrado e doutorado, que nós teremos as condições
ideais para desenvolver e direcionar a pesquisa para as demandas
da região. A UCS
tem que dar o norte, estabelecer as diretrizes e uma
política de pesquisa que
preserve os interesses da Instituição e, ao mesmo tempo,
atenda às demandas da região e aos avanços da ciência e da
tecnologia.
Então, um outro grande desafio será o de duplicar, ou quem sabe,
triplicar, os programas de pós-graduação
stricto sensu. Hoje, temos
apenas sete programas de pós-graduação stricto sensu,
mas já estamos com cinco novos
projetos, gestados ao longo desses dois últimos anos, a partir
dos
Núcleos de Pesquisa e de Inovação e
Desenvolvimento,
que poderão se transformar em novos mestrados. Essa é uma das
prioridades
fundamentais nesses próximos quatro anos: investir em pesquisa e
pós-graduação para qualificar a universidade como um todo e
habilitá-la para que ela venha a ser, de direito e de fato, a
gestora do Parque
Científico e Tecnológico da Serra Gaúcha.
No que consiste o Parque Científico e
Tecnológico da Serra Gaúcha? |
É um parque que já está sendo articulado com o setor público e
o setor privado e que deve agregar os polos
tecnológicos espalhados na região de abrangência da
UCS. São os polos instituídos pela Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul e com os quais a UCS
vem interagindo. Precisamos consolidar esses polos para que
tenhamos um parque científico e tecnológico competitivo e apto a
ser o agente formulador das respostas para
todo o setor produtivo, sem que seja necessário
que o nosso empresário busque isso em instituições
do centro do país ou até
mesmo do
exterior.
Como conciliar o caráter
filantrópico da UCS, principalmente a partir da Lei 12.101
de 27 de novembro de 2009, e a
viabilidade econômico-financeira da
Instituição? |
Aparentemente parece uma contradição uma universidade
particular ter que oferecer ensino gratuito, mas não é.
A gratuidade no ensino
está sendo oferecida em decorrência de uma legislação que
regulamenta as instituições de interesse público. São as
chamadas instituições de benemerência social, expressão
popularmente conhecida como filantropia. Através dessa
legislação, que mudou agora no final do ano passado - a
Lei 12.101 -,
as instituições reconhecidas de utilidade pública podem
ter isenção do pagamento de alguns impostos e taxas,
junto aos governos municipal, estadual e federal, desde que
comprovada a gratuidade de 20% sobre a receita. Como temos um
orçamento
para 2010 que fica em torno de 200 milhões de reais, se
essa receita se efetivar, teremos que
comprovar ao Ministério da Educação que prestamos serviços
gratuitos de ensino (de graduação, pós-graduação,
superiores de curta duração, de nível médio, e técnico de nível
médio) no valor de 40 milhões de reais. Quando entrou em vigor
essa lei, em
novembro de 2009, a Universidade
estava preparada para tomar as medidas necessárias. Não as
tomamos antes porque não havia porquê fazê-lo. Se o fizéssemos,
estaríamos sendo perdulários, estaríamos renunciando à receita,
quando nós não somos os donos dessa receita. Até então, a
gratuidade na área da sáude, via Hospital Geral de Caxias do
Sul, era suficiente.
O excesso de gratuidade na área da saúde compensava a baixa
gratuidade na área de ensino. Agora, com a nova Lei, a
gratuidade deve ser comprovada separadamente,
na área da saúde e na área da
educação.
E o que a Universidade está fazendo para
colocar-se dentro da nova legislação? |
Já começamos ampliando o
ProUni. Em
dezembro de 2009, a UCS oferecia
2770 vagas gratuitas para serem ocupadas por estudantes do ProUni.
Agora, no início de 2010,
ofertamos mais 1500 vagas, das quais cerca de mil já foram
preenchidas e temos mais 500 vagas remanescentes que serão
ofertadas, inclusive, aos alunos veteranos da UCS, o que nos é
permitido pelo MEC.
Assim, além de aumentar o número
de vagas para o ProUni, abrimos em
fevereiro
edital para o
programa institucional que possibilita
oferecermos bolsas de estudo ao estudante que preencha
os requisitos da Lei. Recebemos mais de 4 mil inscrições de
estudantes, sendo que desses, cerca de mil são
estudantes que estavam com a matrícula trancada e voltaram
à Universidade com expectativa de serem contemplados com uma
bolsa de estudos.
Adotamos a estratégia de chamar de volta o aluno que estava com a
matrícula trancada. Não estamos renunciando à receita,
estamos trazendo estudantes que estavam fora, usando uma
estrutura que já está disponível, otimizando os recursos
de infraestrutura e de pessoal já disponíveis.
Para concluir, nós acreditamos que com o ProUni ampliado, que
com as bolsas
próprias da UCS, no ensino de graduação e no ensino médio e
técnico, e
ainda com a posibilidade de expandirmos
a oferta de cursos de ensino médio - proposta que está em discussão
para ser executada em parceria com
uma associação comunitária da
zona norte da cidade, com tudo isso, acreditamos que, no
decorrer deste ano, a Universidade consiga
atingir o percentual de gratuidade no
ensino que a Lei exige.
|