Cursos de graduação: profissionais de Ciências Contábeis e de Ciências Econômicas têm atribuições bastante distintas
Enquanto os economistas são responsáveis por estudar os fenômenos relacionados
à produção e ao consumo de bens e serviços, projetar cenários e
pensar em medidas para superar os momentos de crise, aos contadores cabe
contabilizar as perdas e ganhos das empresas ou órgãos de governo, planejar, coordenar
e controlar o fluxo de valores das organizações, orientando e subsidiando o
planejamento tributário. Com essas diferenças e especificidades, as duas profissões
se complementam.
A partir da década de 1980, os currículos dos cursos de Ciências Contábeis e de
Ciências Econômicas “passaram por uma atualização e modernização, para que os
profissionais pudessem estar preparados para atender às necessidades do mercado”,
explica a diretora do Centro de Ciências Econômicas, Contábeis e de Comércio Internacional,
Maria Carolina Rosa Gullo.
Adaptação ao mercado de trabalho
A adaptação ao mercado de trabalho é uma característica comum que une os dois
cursos: Ciências Contábeis, diante das mudanças na legislação tributária, precisou
adequar-se para atualizar os alunos e, Ciências Econômicas teve de dar uma formação
mais voltada para o mercado. “O diferencial do bom contador é a constante atualização,
porque precisam de conhecimento sobre a empresa, o negócio e o mercado”,
salienta a coordenadora do curso de Ciências Contábeis na Cidade Universitária,
Marlei Salete Mecca.
Os economistas têm que entender os reflexos da micro e macroeconomia. “Devem
ter uma visão crítica e reflexiva, acompanhar o custo de produção, fazer projeções
de viabilidade e estudos de mercado. É preciso estarem sempre informados”,
completa a coordenadora de Ciências Econômicas na Cidade Universitária, Jacqueline
Maria Corá. “É possível que as profissões convivam, mas é preciso um esforço
para se mostrar as especificidades de cada uma”, resume Maria Carolina.
As Ciências Econômicas e Contábeis também têm áreas comuns à Administração,
o que acaba confundindo o mercado. “Muitas empresas contratam administradores
para funções específicas de economistas ou contadores, o que acaba prejudicando
o rendimento, pois cada profissional é formado para desenvolver determinado conjunto
de atividades”, explica a diretora do centro de ensino.
Papel fundamental
As atribuições de cada um são distintas,
mas ambos têm papel fundamental na economia.
Quando iniciou a graduação em Ciências
Econômicas, Volnei Luis Azevedo, 36 anos, já
atuava no setor financeiro em uma empresa de
Caxias do Sul, mas não sabia ainda a dimensão
do trabalho de um economista. Durante o curso
surgiu a oportunidade de trabalhar no Sindicato
das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e
de Material Elétrico de Caxias do Sul. “Fiz Ciências
Econômicas porque habilita a atuar em
diferentes áreas e ajuda a entender o processo
produtivo como um todo, desde a microeconomia
até a macroeconomia”. Volnei, também
especialista em Gestão Empresarial, é responsável
pela pesquisa socioeconômica mensal da
entidade, que representa 2,6 mil empresas da
região.
Já o contador Paulo Stumpf, 41 anos, começou
a trabalhar com contabilidade antes de
iniciar o curso de Ciências Contábeis. Vislumbrou
na profissão a possibilidade de montar
seu próprio negócio e, ao se formar em 1991,
abriu um escritório. Ao atender empresas de
porte médio, percebeu a necessidade de ampliar
a visão de gestão e fez a especialização
em Contabilidade Gerencial e Finanças. Surgiram
novas oportunidades e hoje é, além de proprietário
de um escritório, diretor financeiro de
uma incorporadora. "O mercado é concorrido,
mas quem se qualifica, e está sempre em busca
de atualização, sempre vai ter trabalho".
Números
Em 51 anos, o curso de Ciências Econômicas
já formou dois mil economistas e conta com
540 alunos matriculados na Cidade Universitária
e no Campus Universitário da Região dos
Vinhedos. No Rio Grande do Sul existem 4,3
mil economistas ativos, segundo registros do
Conselho Regional de Economia.
O curso de Ciências Contábeis, implantado
em 1968, já formou 3.703 contadores. Hoje estão
matriculados 2.085 acadêmicos em Caxias
do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria, Farroupilha,
Guaporé, Nova Prata e em São Sebastião do
Caí. O Conselho Regional de Contabilidade registra,
no Estado, 17.958 contadores.
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Fonte: Atos e Fatos - Edição 854 • Foto: Jonas Ramos
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