Atividades multidisciplinares na Clínica de Fisioterapia.
Quando Lurdes Ferreira de Souza, 46 anos, chegou à Clínica
de Fisioterapia da UCS para tratamento, em maio de 2009,
buscava a reabilitação após um acidente de múltiplas sequelas,
com lesão
medular. A princípio, nem sentada
conseguia ficar. Após um ano e dois
meses, Lurdes ainda se locomove por meio de cadeira de
rodas, mas já consegue desenvolver diversas
atividades que sequer cogitava à
época do acidente: trabalhos manuais, lavar louça, fazer
pão, pintar. Também consegue sustentar o peso
do próprio corpo e sentar sozinha, sem o auxílio de familiares.
"Se essas pessoas não estivessem aqui
à disposição para ajudar, estaria
mobilizada numa cama até hoje",
avalia a paciente.
As pessoas a que Lurdes se
refere são os 13 profssionais que
atuam de forma multidisciplinar na
clínica, um serviço de média complexidade e
hoje referência em reabilitação para toda a região Nordeste
do Estado. Mas, mais do que trabalhar pela recuperação física,
a equipe também atua em outras frentes. "Entendemos que a
plena recuperação dos pacientes depende de uma
avaliação completa, que englobe
aspectos sociais e psicológicos, da
rotina de vida das pessoas, da forma
como elas se relacionam, de como
elas encaram os problemas", explica a fisioterapeuta e
coordenadora
da Clínica, Suzete Grandi.
GRUPOS DISTINTOS
Com o objetivo de valorizar todos esses aspectos,
foi iniciado em fevereiro um novo modelo de avaliação inicial,
focado na multidisciplinaridade. Desde então, os profissionais
atuam divididos em
dois grupos: o primeiro é formado
por um médico, um fisioterapeuta
e um terapeuta ocupacional. O segundo, por um assistente social,
um enfermeiro e um psicólogo. Tudo
para abranger todos os campos de
análise (física, emocional, social
e psicológica) e diminuir o tempo
de permanência do paciente na
etapa de avaliação. "Esse processo
resulta em uma maior eficácia dos
dados coletados, devido a interdisciplinaridade
da equipe", explica
Suzete, completando que os casos
são discutidos entre os profissionais
e proposto um tratamento e monitoramento
direcionado às necessidades
de saúde de cada usuário.
Stanislava Giboski, 82 anos, despediu-se do tratamento na
Clínica de Fisioterapia, em julho, após seis meses de
acompanhamento
em função de uma
prótese na perna. "Todo mundo
aqui deu uma contribuição, é como
se fosse uma família. Acho que me
recuperei muito melhor assim", enfatizou.
Para Suzete, a "fórmula" que
vem satisfazendo a expectativa de
pacientes e funcionários é simples,
pois estreita as relações, ampliando
o vínculo. "Às vezes, é preciso romper
barreiras, reduzir o quadro de
depressão que acompanha a doença.
Depois que é criada uma confiança,
tudo se torna mais fácil", ensina.
Para a fisioterapeuta Cristina Fedrizzi
Caberlon o que mais se ouve
dos pacientes é que "aqui são tratados
como gente e não como uma
doença". "Se você não conhecer o
contexto de vida dessas pessoas não
conseguirá dar um bom tratamento.
Esse é o caminho", completa.
Uma metodologia de trabalho
que fez toda a diferença na recuperação
de Lurdes, citada no início
da matéria. "Comecei a melhorar
graças ao estímulo de todas essas
pessoas. E quero evoluir mais ainda",
planeja ela, vislumbrando o dia
em que conseguirá sair da cama e
ir para a cadeira sem auxílio de terceiros.
Equipe
Ligada ao Centro de Ciências da
Saúde, a Clínica de Fisioterapia funciona no
Bloco 70, na Cidade Universitária. Por meio de um convênio com
o Sistema Único de Saúde, realiza
cerca de 1,8 mil atendimentos
por mês. Além de atender à comunidade,
os serviços prestados
também são um importante fator
para a qualidade do ensino e da
pesquisa realizada nos cursos da
área da saúde. A equipe é formada
por médico traumato-ortopedista,
assistente social, fisioterapeuta,
psicóloga, terapeuta ocupacional,
técnico de enfermagem, enfermeiro
e auxiliares administrativos.
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Fonte: Atos e Fatos - Edição nº864 | Fotos: Jonas Ramos
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