Projeto financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia busca direcionar estudantes do ensino médio para os setores de Petróleo e Gás, Biocombustível e Petroquímica.
O sucesso do Projeto Engenheiro do
Futuro – EngFut,
desenvolvido desde 2008 pela UCS em parceria com a 4ª
Coordenadoria Regional de Educação
(4ª CRE) e com apoio da Financiadora de Estudos e
Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (FINEP),
resultou na
aprovação de outra iniciativa focada na capacitação de
professores do ensino médio e no impulso ao interesse dos
alunos pelas engenharias.
Trata-se do projeto PETROFUT/UCS – Promopetro:
Novos Desafios para o Engenheiro do Futuro, que receberá
um total de R$ 776.084,00 em verbas do Ministério de
Ciência e Tecnologia, com o valor equivalente como
contrapartida da Universidade, e envolverá docentes, pesquisadores e
acadêmicos dos cursos de Engenharia Mecânica; Química;
Ambiental; Produção; Materiais; Alimentos; Controle; Elétrica;
Eletrônica; Automação; e Civil; além das licenciaturas em
Matemática e Química. O projeto tem por objetivo promover a
integração entre a UCS e escolas do ensino médio, visando a
despertar vocações e direcionar mais estudantes para
as áreas tecnológicas abrangidas pelos setores de Petróleo &
Gás, Biocombustível e Petroquímica. As atividades com os
estudantes começam em agosto de 2011.
Inicialmente, o objetivo é ampliar a qualificação dos
pesquisadores que atuarão com os professores e estudantes
do ensino médio.
Como resultado dessa capacitação, pretende-se planejar,
implementar e avaliar estratégias de ação para o
desenvolvimento das atividades didáticas, científicas,
culturais e tecnológicas a serem realizadas,
conforme orientações dos Parâmetros Curiculares Nacionais (PCNs).
Conforme a coordenadora do EngFut, professora Valquíria Villas
Boas Gomes Missell, o
trabalho desenvolvido e os resultados positivos alcançados
influenciaram na aprovação do PetroFut – ambos têm
como principal objetivo atrair mais e melhores estudantes
para as áreas tecnológicas, mas as metodologias empregadas nos
dois projetos são diferentes.
"No EngFut, privilegiamos a capacitação e a atualização
dos professores de ensino médio para trabalharem com
novas metodologias de ensino–aprendizagem, o
que resultou no curso de especialização "Novas Metodologias
para o ensino médio em Ciências, Matemática e Tecnologia",
explica. Paralelamente também foram sendo desenvolvidas
diversas atividades, como oficinas interdisciplinares
(nas áreas de materiais, biotecnologia, meio ambiente,
metrologia, matemática, informática, alimentos, astronomia,
língua portuguesa, língua inglesa e língua espanhola); a
Mostraseg (Mostra Científica e Tecnológica das Escolas de
Ensino Médio da Serra Gaúcha), que este
ano se realizou
no final de setembro -; o Rally Científico
(concursos para Solução de Problemas Interdisciplinares Reais);
e o Programa Encorajando Meninas em Ciência e Tecnologia,
realizado nos laboratórios do Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia.
No Petrofut, explica Valquíria, também será contemplada a
capacitação e a atualização dos professores do ensino médio.
Contudo, esses deverão
se envolver na construção das oficinas a
serem oferecidas pelo projeto aos alunos. As atividades
dessas oficinas serão construídas à luz da "Aprendizagem
Baseada em Problemas", também conhecida como PBL
(do inglês "Problem-based learning". A PBL
favorece nos alunos o desenvolvimento de habilidades de
buscar, selecionar, priorizar, analisar, sintetizar e
aplicar a teoria à prática, bem como de atitudes como olhar
crítico, respeito a opiniões divergentes, ética, preocupação
com o meio ambiente, entre outras. Eles serão preparados
também para resolver problemas que ainda nem existem", completa.
Visitas despertam o interesse
Foi durante uma das visitas aos
laboratórios do Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia que as estudantes Lívia Doncatto, da
Escola Estadual de Ensino Médio Santa Catarina, e Natália
Gazzola Viana, do Colégio São José, ambas de 16 anos,
perceberam um interesse maior pelas engenharias.
"Quando há menos gente e temos contato com uma aplicação
prática e mais específica, tudo fica mais fácil",
comenta Lívia. "As meninas são curiosas, têm interesse no
relato das experiências. Isso auxilia muito, basta que
elas sejam incentivadas", avalia a professora da Licenciatura
em Matemática Raquel Milani.
Para o professor José Arthur Martins, um
dos organizadores do primeiro Rally Científico, o mais
importante é dar ao estudante do ensino médio a chance de
descobrir uma vocação "O principal objetivo é contribuir
para que toda essa curiosidade e potencial dos alunos para as
ciências exatas sejam desenvolvidos", completa Arthur.
Formação e qualificação de profissionais
Assim como o projeto Engenheiro do Futuro, o PETROFUT
pretende proporcionar a qualificação interdisciplinar
dos alunos em Ciências, Matemática e Tecnologia através do
desenvolvimento de projetos e de ambientes de aprendizagem
apoiados por recursos tecnológicos. "Eles serão os futuros
alunos de engenharia da UCS e os futuros engenheiros do 2º pólo
metal-mecânico do país", avalia Valquíria. Para a coordenadora,
esses projetos são o primeiro passo para a formação de
mais e melhores engenheiros com habilidades e competências para
atuarem nas indústrias da região, e de qualquer outra parte do
Brasil, em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
"Também para desenvolver novas tecnologias, produtos e
processos que colaborem no desenvolvimento econômico, social e
educacional, com conscientização sócio-ambiental", projeta.
Professores capacitados
Mudanças de postura nos fazeres docentes também
foram comemoradas pela coordenação do EngFut. A
participação no curso de especialização e nas
outras atividades do projeto (em especial na Mostraseg e
no Rally) mostrou que as ações desses
professores têm um efeito multiplicador na sociedade, e que
essas novas ações são muito propícias para uma
intervenção significativa nas escolas da região. "Percebo os alunos mais motivados e mais críticos em relação ao o que eles podem esperar em termos de uma educação que vá prepará-los para atuarem como profissionais que deverão colaborar para o progresso sustentável do país”, avalia.
Em termos de pesquisa aplicada, os professores envolvidos
no PETROFUT são em sua maioria engenheiros, químicos, físicos
e biólogos com experiência em alguma dessas áreas. Apesar
de ter o seu foco na interação com o ensino médio, o projeto
vai permitir que os seus pesquisadores contribuam ainda mais
com a produção de conhecimento nestas áreas.
Atualmente, está sendo capacitado o grupo de pesquisadores
da UCS na metodologia PBL. No final de agosto, a UCS recebeu o
professor Erik De Graaff, um dos maiores especialistas em PBL
na área de Educação em Engenharia - Graaff é professor
associado da Faculdade de Administração e Políticas Tecnológicas
da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, e docente
titular do Departamento de Desenvolvimento e Planejamento da
Universidade de Aalborg na Dinamarca. A Universidade de
Aalborg é a única universidade que tem um programa de
pós-graduação em PBL na área das Ciências Exatas e da Engenharia
(http://www.ucpbl.net/).
"O próximo passo será a construção das oficinas e já deverá
envolver os professores de ensino médio e os alunos das
escolas co-executoras, que são o CETEC e a Escola Bom Pastor
de Nova Petrópolis", completa Valquíria.
Nas fotos de Jonas Ramos, os estudantes do ensino médio em atividades no Instituto de Biotecnologia (acima) e no Laboratório de Polímeros.
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