Acadêmica de Farmácia apresenta trabalho em congresso na Índia.

Andréia Turmina Fontanella, 23 anos, de Bento Gonçalves, acadêmica do curso de Farmácia, resolveu aliar a experiência no exterior com a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa. Ela está na Índia, na Manipal College Of Pharmaceutical Sciences, em Manipal. "Mais do que vivenciar uma cultura completamente diferente, tenho a oportunidade de experimentar minha profissão em um novo plano, com diferenças que só fazem engrandecer minha experiência neste país cheio de peculiaridades".

De 17 a 19 de dezembro, Andreia apresenta no 62nd Annual Indian Pharmaceutical Conference o pôster de um trabalho desenvolvido na UCS. "Quando optei pelo estágio aqui na Índia, o quarto maior país produtor de medicamentos e, portanto, de importante papel na pesquisa, me informei sobre a universidade, sobre congressos e conferências aqui e ao redor. Encontrei este congresso indiano, inscrevi um trabalho realizado no Núcleo Fitomedicinal do curso de Farmácia, uma vez que a área da farmacognosia é bem prestigiada aqui".

O trabalho inscrito intitula-se "Composição fitoquímica e propriedades antifúngicas das folhas e extrato aquoso de Eugenia uniflora L. (pitanga)", com orientação dos professores Ronaldo Wasum, Bárbara Zoppas, Gilda Angela Neves, Valeria Weiss Angeli e Kellen Cristhinia Borges De Souza.

Trajetória
Andréia saiu do Brasil em agosto, passou dois meses em Londres estudando inglês e, após, foi para a Índia, iniciar um estágio na Manipal College of Pharmaceutical Sciences. Segundo ela, a um ano para se formar, resolveu procurar novas oportunidades. Através do programa IAESTE (International Association for Exchange of Students for Technical Experience) buscou aliar a experiência no exterior com a possibilidade de trabalhar em pesquisa. Em Manipal, Andréia estuda a absorção de um fármaco (Nicardipine HCL, usado para tratar pressão alta e que não é comercializado no Brasil) pelo duodeno de ratos. "A pesquisa é, na verdade, o projeto para a dissertação de mestrado de um dos estudantes daqui. O objetivo do trabalho é determinar estratégias e executá-las, se possível, para aumentar a biodisponibilidade do fármaco por via oral. Precisamos estudar sobre a solubilidade e permeabilidade desse fármaco. Estamos estudando a permeabilidade em um modelo animal e através de análises estatísticas poderemos predizer a permeabilidade em humanos". O estudo no duodeno em ratos foi finalizado no início do mês e, agora, Andréia irá realizar um relatório sobre o estudo. "Ainda resta a pesquisa com o jejuno e íleo, mas como meu estágio é curto e está terminando, não vou conseguir participar desta parte do trabalho. A oportunidade aqui foi maravilhosa e tenho aprendido muito", conclui a aluna que, em março, retorna às aulas no curso de Farmácia.

O resumo do trabalho
Folhas da espécie vegetal Eugenia uniflora L. foram coletadas, secas e trituradas para posterior análise de sua composição fitoquímica. Identificou-se taninos e flavonóides por cromatografia em camada delgada. A análise quantitativa dos taninos revelou um teor de 14,2% do metabolito no extrato aquoso, a 10% obtido por decocção. Tanto a planta quanto o extrato foram analisados quanto à sua qualidade, empregando-se ensaios preconizados pela Farmacopeia Brasileira (1988) e obtendo-se resultados conforme as especificações estabelecidas. A avaliação antifúngica foi realizado utilizando método de difusão em Agar empregando cilindros (F. Bras. IV, 1988). O extrato foi testado contra cepas de Candida albicans e Candida tropicalis. O resultado obtido para o extrato aquoso foi comparado ao padrão positivo Nistatina 100.000 UI/mL - Teuto® (0,52mm), obtendo-se assim atividade comparável contra C. tropicalis (0,51mm) e moderada contra C. Albicans (0,22mm).