Professora Léa Fagundes fala sobre cultura digital no Fórum de Licenciaturas da UCS.
A cultura digital é um assunto que não pode mais ser pensado
distante da realidade da educação. Esse foi um dos temas do
Fórum de Licenciaturas da UCS,
realizado de 21 a 25 de maio de
2011. O evento reuniu professores, gestores e
estudantes dos cursos de Licenciatura, que participaram de
conferências e discussões sobre temas relacionados à educação.
A professora Léa Fagundes, referência em educação
digital, foi uma das conferencistas. Ela abordou o tema
"Ensinar e aprender em tempos de cultura digital". Entre as
atividades do Fórum, os cursos de Pedagogia e
Licenciatura em Computação promoveram uma discussão sobre
"Inclusão digital e os processos de ensino e aprendizagem".
Alunos da Escola Municipal de
Ensino Fundamental Caldas Júnior, de Caxias do Sul, que
participaram da palestra, falaram sobre as suas experiências
com o Projeto Um Computador por Aluno - PROUCA. A UCS é
parceira do programa, junto com a UFRGS e o Núcleo de
Tecnologia do Município (NTM) de Caxias do Sul.Confira a
entrevista concedida pela professora Léa Fagundes ao setor
de imprensa da UCS, sobre a importância da cultura
digital nas salas de aula.
Leia mais sobre o PROUCA no Jornal do CEFE - Ano 3 - nº5 - 1º
semestre de 2011.
Currículo
A professora Léa Fagundes é graduada em Pedagogia e Psicologia
UFRGS), mestre em Educação (UFRGS) e doutora em Ciências-Psicologia
(USP). Atualmente é professora titular aposentada da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, docente permanente, convidada no
Mestrado em Psicologia Social e Institucional/UFRGS, docente no
Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação/UFRGS,
coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos Cognitivos
(LEC/UFRGS) e assessora do Ministério de Educação.
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UCS: Qual é o poder das novas tecnologias da comunicação e informação?
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Léa Fagundes: "É irreversível. Todo o caminho que a
humanidade vem fazendo, revoluciona! Usar a tecnologia digital
amplia os poderes de pensamento do homem, os poderes de aprender.
Os poderes de pensar se ampliam com essa nova tecnologia, essa é
a diferença. A outra tecnologia, a analógica, ampliava os
poderes
mecânicos do homem. Agora, essa tecnologia amplia o
desenvolvimento da inteligência e é isso que os educadores
têm que tomar consciência, os administradores também.
UCS: Qual o papel da informática na educação?
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Léa Fagundes: "A educação tem que preparar as novas gerações
para que os alunos se tornem cidadãos, porque o destino da
criança é amadurecer e ser um adulto cidadão. É preciso ver
onde se dá essa educação. Essa educação se dá numa cultura,
que é a cultura de um país, de um continente, de uma época.
Nesse momento, passamos por uma revolução cultural intensa e
a educação tem que preparar as novas gerações para serem
cidadãos dessa cultura".
UCS: Como a senhora avalia a posição do Brasil em comparação com outros países, em relação à educação digital?
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Léa Fagundes: "O Brasil está muito bem. Os nossos governantes
definem políticas públicas para dar conta desse problema, de
todos os processamentos. Nós também temos no nosso país um
percentual muito grande de crianças e jovens. Em um continente
como a Europa, o processo é mais lento, porque há muitas
pessoas mais velhas. Nós aqui temos estudantes que já
nasceram na cultura digital. Essa cultura não é uma coisa à
qual se tem acesso ou não. Quem está aqui, está nela".
UCS: Como transferir a cultura digital para as escolas?
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Léa Fagundes: "Não é preciso transferir, basta não impedir.
Porque quando um deputado faz uma lei que proíbe entrar com
o celular na aula, está impedindo. Qualquer criança tem
telefone celular, que se é um celular com tecnologia digital,
está no mundo. Essa tecnologia muda a produção de informações e
a comunicação entre as pessoas, além do trânsito dessas
informações. Pensa bem, compara a cultura digital com a
cultura impressa. Um livro leva tempos para ser impresso.
Tu imprimias, fazias as cópias e davas para as pessoas.
Mas agora, tu não precisas nem imprimir, nem distribuir,
já está distribuído. Mas a escola faz barreiras. A escola se
fecha em barreiras, com os currículos tradicionais".
UCS: Qual o papel das universidades nesse processo?
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Léa Fagundes: "A educação passa pela universidade. Por quê?
Porque tem que ter pessoas que cuidem da educação das novas
gerações. Essas pessoas vão precisar de formação universitária.
Mas a universidade não pode continuar no passado, no lápis e
papel, no livro impresso. Se for assim, ela está impedindo
que as pessoas que vão trabalhar nas escolas mudem".
UCS: Como a senhora avalia o Projeto
Um Computador por Aluno - PROUCA?
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Léa Fagundes: "Iniciamos em 2007 e em 2009
já parou porque era preciso comprar novos computadores.
Agora estamos em 300 escolas. Acontece que num país como o
Uruguai, que é pequeno, o programa já está em todo o país.
Todas as escolas, todas as crianças têm laptop, na
zona rural e na zona urbana. Mas eles só tem três milhões de
habitantes. E nós temos, em escolas públicas, 52 milhões de
alunos. Não estamos conseguindo colocar computadores para todos.
E isso é o que faz a necessidade de inclusão digital. O
processo é lento, mas se está indo mais rápido do que se pensava.
O Brasil é um país muito grande e tem muita gente para
atender. Mas aqui acontece mais rápido do que em outros países,
que demoram para se desprender das tradições".
UCS: Qual a sua opinião sobre a educação a distância?
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Léa Fagundes: "Se a pessoa não pode comprar o computador e
a escola não possui, tem a opção do telecentro. Nós estamos
dizendo que é educação sem distância. Pois se tu estás na
cultura digital, tu estás falando com uma pessoa no Japão,
conversando no Skype, discutindo..., isso é interação. A
educação a distância começou pelo jornal, pelo correio,
papel impresso. Depois pelo rádio, pela televisão, mas sempre
com uma distância, tendo dificuldade de alcançar o outro.
Com internet, não. Ninguém está longe".
Fotos: Jonas Ramos
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