INOVAÇÃO

Propriedade Intelectual: um direito do inventor, um bem da sociedade.

A UCS está entre as Instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul que detêm o maior número de pedidos de depósitos de patentes com 52 solicitações.

Você já se perguntou o que acontece quando algo é inventado? Para que essa novidade possa beneficiar a sociedade, é preciso, além da produção e divulgação, também assegurar os direitos sobre esse invento, assim ele será explorado e seu titular terá seus direitos garantidos, assegurando o retorno dos investimentos feitos e não permitindo que pessoas não autorizadas explorem essa nova tecnologia. Essa reserva de direitos sobre a inovação chama-se Propriedade Intelectual, um sistema criado para garantir a propriedade resultante da atividade intelectual nos domínios industrial, científico e artístico.

A Propriedade Intelectual divide-se em dois grandes grupos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país: Direitos de Autor e Direitos de Propriedade Industrial. Este último protege os direitos do inventor por meio, por exemplo, de pedido de depósito de Patente (de Invenção ou de Modelo de Utilidade), um documento de propriedade temporário concedido, no Brasil, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e regulamentado pela Lei de Propriedade Industrial 9.279/1996.

Existem alguns critérios adotados para a concessão de uma Patente, que são: Novidade, Atividade Inventiva, Aplicação Industrial e Suficiência Descritiva. Para requerer uma Patente é preciso seguir alguns passos, entre eles: primeiro realiza-se uma busca para saber se o invento é realmente novo, depois deposita-se um pedido de patente no INPI e aguarda-se que o órgão, ligado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, analise a invenção e, sendo aprovada, conceda a carta-patente, cuja validade é de 20 anos, a contar da data do depósito do pedido de patente.

Os produtos patenteados, inclusive os que você pode vir a inventar, beneficiam a sociedade e auxiliam no progresso do país. A UCS está entre as Instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul que detém o maior número de pedidos de depósitos de patentes, com 52 solicitações no INPI.

Esses pedidos resultantes das invenções desenvolvidas por professores, funcionários e alunos da Instituição estão organizados em quatro áreas do conhecimento: Engenharia, que abriga 23 registros; Biotecnologia, com 22 e Saúde e Informática, com três cada.

O primeiro e o último registro
O primeiro pedido de patente da Universidade foi feito em 1989, quando os professores Aldo José Pinheiro Dillon, Juan Luis Carrau Bonomi, Luciana Atti Serafini e Mirian Salvador, ligados à área da Biotecnologia, registraram a invenção de um processo intitulado "Leveduras obtidas por fusão e processo para a redução da acidez málica em vinificação". Essa patente também foi o primeiro pedido de patente latinoamericano depositado no Escritório de Patentes dos Estados Unidos. Agora, passadas duas décadas, a invenção caiu em domínio público, ou seja, qualquer pessoa ou instituição pode fazer o uso comercial dela de forma livre.

O mais recente pedido de registro de patente de um invento desenvolvido na UCS foi feito em abril deste ano. Trata-se de uma cadeira de rodas motorizada através de movimentação cervical, que teve sua solicitação de registro requerida ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Mais recente patente da UCS surgiu no curso de Engenharia Elétrica, no Campus Universitário da Região dos Vinhedos

O estudo, realizado no âmbito do curso de Engenharia Elétrica do Campus Universitário da Região dos Vinhedos, é constituído por uma nova forma de controle de movimentação para cadeiras de rodas motorizadas. "Grande parte das cadeiras de rodas vendidas no mercado são controladas por joysticks, método que inviabiliza o controle dos movimentos da cadeira por parte de usuários tetraplégicos", relata o professor Angelo Zerbetto Neto, coordenador do curso de Engenharia Eletrônica na unidade universitária em Bento Gonçalves e integrante do projeto.

Na nova proposta de controle, um sensor (acelerômetro) é adaptado à cabeça do indivíduo através de uma tiara, de um boné ou capacete. Por meio dos movimentos cervicais, o sistema de controle projetado movimenta a cadeira. "Este é um novo conceito de controle, que atende a um maior número de deficientes físicos, dando-lhes melhores condições de acessibilidade e qualidade de vida. Um outro diferencial da tecnologia é que existe um segundo sensor acoplado à própria cadeira, com a função de compensar a inclinação do terreno, conferindo maior estabilidade de movimentos da cadeira", explica o professor Alexandre Mesquita, que também compõe o grupo que desenvolveu a inovação.

Toda essa tecnologia teve como precursores os egressos do curso de Engenharia Elétrica Emílio Batista e Oscar Mattia. Os dois terminaram o curso em dezembro do ano passado. Atualmente, Emílio trabalha em uma empresa de componentes elétricos, especificamente na área de desenvolvimento de novos produtos. Oscar é bolsista Capes do Mestrado em Engenharia de Automação e Sistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Os dois engenheiros elencam vários fatores positivos da participação no projeto. "Sinto que, ao mesmo tempo, todo o esforço de um curso inteiro está sendo reconhecido e que não devo parar por aqui", revela Emílio. "A experiência de trabalhar em uma equipe multidisciplinar, muitas vezes a distância, com recursos limitados, é uma experiência enriquecedora. O processo de patenteabilidade também acrescenta muito, a participação da UCS foi fundamental", enfatiza Oscar.

Além dos professores Angelo e Alexandre e dos egressos do curso de Engenharia Elétrica, também colaboraram a direção, os professores e funcionários do Centro de Ciências Exatas, da Natureza e Tecnologia do Campus e as empresas STMicroelectronics, Imobras, Ortobras e IAR Systems.

A invenção esteve exposta na 8ª Feira Eletromecânica e Construção Civil 2012, realizada no final do mês de abril, em Londrina (PR). O projeto desenvolvido na UCS participou da feira por estar entre os três finalistas do 4° Prêmio Caixa de Projetos Inovadores.

Transferência de Tecnologia
Para auxiliar a comunidade acadêmica a patentear um invento, ou fazer outras atividades relacionadas com Propriedade Intelectual, existe, desde 1998, o Escritório de Transferência e Tecnologia (ETT), vinculado à Coordenadoria de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, que intermedia as negociações entre a Instituição e a comunidade nas ações de transferência do conhecimento produzido. Entre os objetivos do ETT estão o de viabilizar o registro e a proteção da propriedade intelectual desenvolvida na UCS, bem como fomentar a industrialização e comercialização das tecnologias geradas pela Universidade; divulgar as oportunidades de colaboração entre a Instituição e o meio empresarial; prestar assessoria e treinamento especializados na área de propriedade intelectual, além de negociar parcerias, acordos e contratos de transferência de tecnologia. A relação das patentes solicitadas pela UCS está disponível no Portfólio de Inovação.
Contatos: ett@ucs.br / (54) 3218-2148

Fotos: Daniela Schiavo e Divulgação/Senai Londrina


Revista ATOS & FATOS - Publicação mensal da Universidade de Caxias do Sul, de caráter jornalístico para divulgação das ações e finalidades institucionais, aprofundando os temas que mobilizam a comunidade acadêmica e evidenciam o papel de uma Instituição de Ensino Superior.

O texto acima está publicado na terceira edição da Revista ATOS & FATOS que já circula nos campi e núcleos.