Materiais: Dissertação recebe Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade.
A dissertação de mestrado "Utilização do bagaço da uva Isabel para a
remoção de diclofenaco de sódio em meio
aquoso", defendida em 2011 por Márjore Antunes no
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
e Ciência dos Materiais irá receber, no dia 13 de maio, em
Brasília, o prêmio "Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade".
Márjore realizou seus estudos na linha de pesquisa "Materiais para Engenharia
Ambiental" com a orientação do professor Marcelo Giovanela. Sua dissertação
foi classificada em primeiro lugar na
temática "Aproveitamento, reaproveitamento e
reciclagem de resíduos e/ou rejeitos". O Prêmio Vale-Capes
contemplou
também outras três temáticas: Processos eficientes para a
redução do consumo de água e de energia;
Redução de gases do efeito
estufa; e
Tecnologias socioambientais, com ênfase no combate à
pobreza.
Como prêmio, Márjore Antunes irá receber R$ 10 mil e uma bolsa de
doutorado e
seu orientador receberá R$ 3 mil para participar de
congressos nacionais na área. Além do prêmio, ela recebe também
uma menção honrosa pelo seu trabalho, avaliado,
pela Capes, como de "extrema valia para o desenvolvimento e
aprimoramento da área, bem como
para o avanço da pós-graduação e do conhecimento científico
de qualidade no Brasil."
O Prêmio Vale-Capes foi criado a partir de uma parceria entre
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) e a VALE S.A,
firmada durante a conferência Rio +20. Visa destacar a produção
dos
programas de pós-graduação das universidades brasileiras,
através da premiação
de teses de doutorado e dissertações de mestrado defendidas em
2011. Foram inscritos 106 trabalhos, sendo 71
dissertações e 35 teses.
Dissertação
A presença de fármacos em corpos hídricos, devido à
sua incompleta remoção nos processos
convencionais de tratamento de efluentes, tem recebido a
atenção de inúmeros pesquisadores
nessas últimas décadas. Márjore Antunes - hoje doutoranda
do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia e Ciência dos Materiais - explica que, dentre os
fármacos comumente
detectados nos ambientes aquáticos, encontra-se o
diclofenaco de sódio. "Essa substância,
já detectada em águas superficiais no Brasil,
apresenta toxicidade, mesmo em baixas
concentrações, para alguns organismos aquáticos. Muitos
métodos envolvendo membranas e
processos oxidativos avançados têm sido propostos a nível
mundial para a remoção desse e
de outros fármacos. No entanto, apesar da alta eficiência
desses processos, eles têm a
desvantagem de serem caros e de gerarem vários subprodutos".
Em sua dissertação, Márjore explica que uma alternativa
pouco onerosa e de baixo impacto
ambiental tem sido a utilização de processos de adsorção,
empregando-se resíduos
agroindustriais como adsorventes (materiais que permitem a adesão de contaminantes à sua superfície, o que causam a
remoção destes da água ou de efluentes). "Na Serra Gaúcha,
um resíduo agroindustrial produzido em larga escala é o
bagaço de uva, subproduto da indústria
do vinho. Em geral, esse resíduo é descartado diretamente
no solo dos parreirais, principalmente
pelas vinícolas de pequeno porte, ao invés de receber um
tratamento adequado, o que pode
resultar em danos ambientais. Dentro desse contexto e
levando-se em consideração tanto a
necessidade de se remover o diclofenaco de sódio de
corpos aquáticos, bem como a de
reaproveitar o bagaço de uva, a minha dissertação de
mestrado teve por objetivo avaliar a
capacidade adsorvente desse resíduo agroindustrial na remoção
do referido fármaco - o diclofenaco
de sódio - de soluções aquosas", salienta. Em resumo, o bagaço
de uva, em vez de ser
depositado no solo, poderia ser utilizado para a
remoção de poluentes.
Assim, o bagaço de uva, em vez de ser depositado no solo, "poderia ser reaproveitado em processos de tratamento
de água ou de efluentes. O bagaço é adicionado, na forma de pó, à uma amostra líquida contendo o diclofenaco e faz
com que esse fármaco se ligue à sua superfície. Então, o contaminante que estava na água, passa a estar no sólido e pode,
assim, ser removido, deixando de contaminar a água", explica.
Para o professor Marcelo Giovanela, orientador de Márjore,
"essa premiação
demonstra a seriedade e a qualidade dos projetos de
pesquisa que vêm sendo desenvolvidos na
Universidade de Caxias do Sul". O trabalho
de Márjore Antunes foi premiado juntamente com outras
dissertações que foram defendidas em instituições
renomadas, como a Unicamp, a UFRJ e a UFRGS.
O bagaço da uva Isabel utilizado pela aluna em sua pesquisa foi cedido pela Vinícola Waldemar
Milani Ltda (Vinhos Emoção), da localidade de Nossa Senhora das Graças, em Caxias do Sul.
Foram utilizados dois quilos de material, que foi seco, triturado e peneirado para a realização
dos experimentos.
Prêmio
O objetivo do prêmio Vale-Capes é premiar dissertações de mestrado e teses de doutorado que
apresentem ideias, soluções e processos inovadores para questões como redução do consumo de
água e de energia, redução de gases do efeito estufa, aproveitamento e reciclagem de resíduos
e tambem rejeitos e tecnologia socioambiental com ênfase no combate à
pobreza.
Foto: Daniela Schiavo
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