Pesquisador alemão fala sobre as mudanças climáticas e as alternativas de energia para o futuro.
Renomado pesquisador falou do cenário
atual e indicou alternativas para reverter esse quadro.
O prestígio de Donat Peter Häder foi evidenciado pelo
público que, nesta quinta-feira (30) lotou o auditório do
Instituto de Biotecnologia para ouvir sua explanação sobre a
evolução das mudanças climáticas e as alternativas de energia
para o futuro, assunto que motiva debates científicos e
iniciativas sociais nas últimas décadas.
Mais do que biólogo, Donat Peter Häder é, também, uma
autoridade no assunto. Professor emérito da
Friedrich-Alexander-Universität Erlangen, Alemanha, é membro de
inúmeras sociedades científicas na Europa e nos Estados Unidos.
Autor de 27 livros e cerca de 680 artigos científicos,
sendo três na Nature, também é membro do conselho editorial
e perito de vários periódicos científicos. Atualmente é o
editor-chefe da Frontiers in Environmental Science, do
grupo Nature.
Condecorado por três vezes (1992, 1995, 1998) pela
Organização das Nações Unidas (ONU) pela excelência de
suas pesquisas, o professor Häder é creditado no Painel do
Programa para o Meio Ambiente da ONU, que analisa os efeitos
do buraco de ozônio no meio ambiente e as interações entre a
diminuição da camada de ozônio e a mudança do clima.
A fala tranquila e ponderada de Häder contrastava com a
seriedade dos dados apresentados por ele durante o
encontro realizado na UCS. Os presentes, estudantes e professores
interessados no tema, tiveram acesso a uma série de informações
que demonstravam o tamanho do problema climático global.
O fenômeno do efeito estufa foi um dos primeiros pontos abordados pelo pesquisador.
Os gases que formam a camada de ozônio em certa medida são
importantes para equilibrar a temperatura da terra. No entanto,
o pesquisador lembrou que a poluição gerada no planeta por
fenômenos como a industrialização, devastação de florestas,
uso de combustíveis fósseis, dentre outros, potencializa de
forma crescente o isolamento térmico da Terra.
O modelo de crescimento adotado pela China e pela Índia, que
nas últimas décadas explodiram a emissão de gases poluentes,
também geram preocupação para o pesquisador. Como consequência
desse aquecimento, está a elevação da temperatura,
que se acelerou na segunda metade do século XX, ocasionando a
diminuição da vegetação em diversas regiões do globo.
O derretimento das geleiras e o consequente aumento do nível dos
oceanos, também causas do calor excessivo, trariam ainda mais
transformações. A geografia dos continentes seria transformada,
com o desaparecimento de territórios costeiros até o final do
próximo século. Danos irreversíveis à vida marinha também seriam
inevitáveis. Após desenhar o cenário alarmante causado pelo
aquecimento global, Häder se dedicou a enumerar alternativas
que poderiam reverter o cenário. Uma delas seria o investimento
pesado em energias alternativas e citou o Brasil como exemplo
na produção de biocombustível. Segundo ele, a extensão de
território para plantio e o clima do país são condições ideais,
dificilmente encontradas em outras regiões do globo.
No entanto, seria preciso que as fontes alternativas e
não poluentes, como a hídrica, eólica, solar e nuclear,
fossem combinadas entre si.
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Palestra foi realizada no Instituto de Biotecnologia.
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"As fontes limpas não seriam capazes de, isoladamente,
resolver o problema da crescente demanda energética. Seria
preciso usar todas, o que demandaria enormes investimentos. Mas é
a única alternativa para substituir a poluição
causada pelos combustíveis fósseis", destacou.
Para reverter o quadro, a mudança de comportamentos pessoais,
como usar menos o automóvel ou diminuir o consumo de energia,
precisa estar atrelada a decisões políticas e governamentais, o
que parece ser o verdadeiro obstáculo para a mudança.
"Infelizmente, o que vemos são conversas políticas demais e
resultados de menos", conclui.
Texto: Josmari Pavan. Fotos: Cláudia Velho e Daiane Nardino.
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