Bacharelado em Ciência da Computação comemora 30 anos de atividades.
Evolução constante da tecnologia mantém o
mercado de trabalho na área de Informática aquecido, com demanda
por profissionais com formação superior.
Em 1985, quando ainda não havia sido criada a Internet,
não existia o sistema operacional Windows e o mercado de
computadores pessoais (PCs) ainda engatinhava – o custo de um PC
inviabilizava a sua aquisição para o uso doméstico –
a Universidade de Caxias do Sul implantava o curso de Bacharelado
em Ciência da Computação. Para comemorar os 30 anos de atividades
do curso, já
está programada uma série de atividades
destinadas à comunidade acadêmica e ao público externo.
No dia 31 de março, às 15h45min, haverá uma sessão pública na
Câmara Municipal de Vereadores de Caxias do Sul em homenagem ao curso.
Em abril, nos dias 15, 16 e 17, será realizada
XI ERBD –
Escola Regional de Banco de Dados, que reunirá a comunidade
científica e profissional da área de Banco de Dados dos
estados da região sul do país. No dia 14 de maio, às 20h30min,
no UCS Teatro, o concerto do Programa Quinta Sinfônica
será em homenagem ao aniversário do curso.
Um pouco da história
O curso de Bacharelado em Ciência da Computação iniciou
suas atividades no dia 4 de março de 1985. A sua concepção
partiu do esforço de docentes do Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia, vinculados ao então Departamento de Matemática,
Estatística e Computação. O reconhecimento do curso ocorreu
através da portaria 722 do MEC, em 26 de dezembro de 1989.
A primeira oferta no Vestibular foi em janeiro de 1985, e 60 estudantes estavam matriculados na
primeira turma do curso. Após cinco anos houve a primeira
colação de grau e, desde então, o curso já formou quase
500 profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI)
que atuam nas mais diversas empresas da região e do país. A coordenadora do curso, professora Simone Cristine Mendes Paiva,
conta que "alguns ex-alunos fundaram empresas locais, obtendo
destaque na região e no país, outros atuam na docência, mas a
maioria permanece atuando na área de TI".
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Professor Marcos Casa em Projeto de Pesquisa sobre Inteligência Artificial no ano de 1993. |
No início do curso, grande parte dos docentes eram graduados
em cursos de Engenharia ou Matemática, já que os cursos de
graduação na área de computação eram recentes e havia poucos
profissionais habilitados para atuar no ensino superior.
"Como comparativo, vale destacar que a UFRGS teve seu primeiro
concurso vestibular para Ciência da Computação em 1983, dois anos
antes da UCS", explica a coordenadora.
Nesses 30 anos, o curso passou por reformas curriculares para
responder à constante – e rápida –
evolução do conhecimento e da tecnologia. "Mas, como toda
ciência, há temas tratados atualmente em algumas das
disciplinas integrantes da grade curricular que
são similares aos desenvolvidos na época em que o curso foi
implantado. Também é interessante salientar que a denominação
de algumas disciplinas permanece a mesma, embora seus
conteúdos atuais não sejam em nada semelhantes aos tratados em
1985. Na época estudava-se as linguagens de Programação Pascal,
Fortran e Cobol, atualmente estuda-se C e Java, com conceitos
de orientação a objetos – conceitos estes que não eram
abordados na época. Disciplinas como Computação Gráfica,
Teleprocessamento, Processamento Distribuído, Redes de
Computadores, Inteligência Artificial, Banco de Dados,
Sistemas Operacionais e Paradigmas de Programação eram
conceituais, ou seja, não era possível implementar e
testar os conceitos estudados porque as práticas necessitavam
de ferramentas que, na época, eram exclusivas de máquinas de
grande porte só presentes em CPDs de grandes empresas", ressalta a
coordenadora do curso.
Mudanças nos cenários econômicos e tecnológicos permitiram
que atualmente o curso de Bacharelado em Ciência da Computação
disponha das ferramentas mais avançadas e utilizadas no
mercado para serem utilizadas em sala de aula na aplicação
dos conceitos estudados. Simone explica que "quando não utilizadas
em aula, as ferramentas são disponibilizadas aos alunos com
licenças gratuitas autorizadas através de convênios com o
fabricante do software".
O primeiro currículo do curso era formado por disciplinas
distribuídas ao longo de oito semestres e ofertadas nos
turnos manhã e tarde, incluindo os sábados pela manhã. Atualmente,
são oferecidas disciplinas nos turnos vespertino e noite.
"Isto
porque o atual perfil dos discentes de Ciência da
Computação é o de alunos que trabalham durante o dia e
frequentam o curso à noite”, ressalta Simone.
Acessibilidade à tecnologia
Se há 30 anos a aquisição de computadores pessoais era
quase inviável, hoje a realidade é outra. É comum os alunos
levarem seus próprios notebooks para as aulas. "Para que seja
possível compreender a diferença da atual acessibilidade à
tecnologia em relação ao que havia há 30 anos,
basta pensarmos na infraestrutura de Informática da UCS.
Quando entrou em funcionamento, o Bacharelado em Ciência da
Computação possuía um laboratório com seis microcomputadores
modelo Edisa ED251 (Z80). Estas máquinas não estavam
conectadas em rede. Anos após, foram acrescentados a eles
um minicomputador Edisa ED650 com quatro terminais
que utilizavam o sistema operacional Edix5 – uma versão do Unix,
"avô" do Linux e três impressoras de formulário contínuo,
conhecidas como impressoras matriciais", compara Simone.
O curso em 2015
Hoje, com 486 alunos formados e 281 alunos matriculados, o
curso de Ciência da Computação integra
o Centro de Centro de Ciências Exatas e Tecnologia.
Com bloco de ensino próprio – o Bloco 71 – , inaugurado em abril de
2006, na Cidade Universitária. O conjunto
de escadas na ala central do prédio do Bloco 71 é iluminado por
um painel
formado por "células" (caixilhos pré-moldados de concreto e vidro),
que juntas formam uma esquadria de 100 metros quadrados. Nessa
composição foram adicionadas películas com variadas cores, o que,
numa escala maior, nos remete a uma tela de computador, e seus
pixels fazem alusão ao principal equipamento desta unidade de
ensino.
O resultado da união dessas cores torna o ambiente vivo e bem
iluminado, contracenando com a natureza da Cidade Universitária.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho está extremamente aquecido.
A demanda por profissionais é grande, devido à tecnologia
estar cada vez mais incorporada ao cotidiano das pessoas.
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Empresas
de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom)
o setor de Tecnologia da Informação emprega mais de 1,3 milhão
de pessoas e terá um crescimento de 30% até o ano de 2016. "A
região da Serra reflete esta realidade, o que nos remete ao
fato de mais de 90% dos profissionais graduados no curso a cada
ano estejam atuando no mercado de trabalho. O curso recebe
semanalmente duas ou mais oportunidades de trabalho para
serem divulgadas entre seus alunos. Tal fato permite que, a
partir do segundo ou terceiro semestre do curso, a
maioria dos alunos já esteja realizando estágios não
curriculares na área de TI em empresas da região", conclui a coordenadora.
Fotos: Berenice Silva e Claudia Velho
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