Projeto Ler e Escrever o Mundo: a esperança na luta para garantir o direito à educação de jovens e adultos.
Evento de apresentação do livro sobre as
políticas e práticas de Educação de Jovens e Adultos em Caxias do
Sul encerra a execução do Projeto desenvolvido por professores e
pesquisadores do Centro de Ciências Humanas e da Educação, em
parceria com prefeituras municipais e o financiamento do
Ministério da Educação. Experiência envolveu centenas de
professores da educação básica e reafirma a esperança de que é
possível, sim, criar uma escola de qualidade para todas as pessoas.
Com a apresentação, na noite desta quarta-feira (13), do livro "Políticas e
Práticas de EJA em Caxias do Sul: Dimensões Históricas e Culturais",
de autoria da professora
Nilda Stecanela, a Universidade de Caxias do Sul encerrou
simbolicamente as atividades do "Projeto Ler e Escrever o Mundo: a
EJA no Contexto da Educação
Contemporânea", realizado nos últimos quatro anos, com recursos do
Ministério da Educação (através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão - Secadi, e do Departamento
Educação de Jovens e Adultos - Dpeja) em parceria com a
Prefeitura Municipal de Caxias do Sul (através da Secretaria de
Educação) e com as demais secretarias de
Educação da Associação dos Municípios da Encosta
Superior do Nordeste (AMESNE).
Balanço final de um projeto voltado para
melhorar a educação de jovens e adultos.
O evento, que contou com a presença do reitor Evaldo Kuiava e de
representantes das secretarias de Educação dos municípios, teve a participação dos egressos dos cursos de Especialização e
Extensão realizados ao longo do Projeto. No total, 476
professores da educação básica puderam potencializar sua atuação através da
participação em cursos e eventos realizados no âmbito do
Projeto. Além da formação continuada de professores da educação básica das redes pública e privada,
o projeto resultou em 97
projetos de pesquisa - no âmbito do Centro de Ciências Humanas e
da Educação, no Observatório da Educação e no Programa de
Pós-Graduação em Educação -, 4 cadernos de EJA,
11 videoaulas, uma coletânea de textos, e o livro "Políticas e
Práticas de EJA em Caxias do Sul: Dimensões Históricas e
Culturais" lançado na noite de ontem. O projeto foi realizado
através de
convênio firmado entre a UCS e o Ministério da
Educação, que investiu 400 mil reais para o desenvolvimento do Projeto.
Na mesa, a professora Terciane Ângela Luchese, coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Educação, a professora Sandra Mariz
Negrini, diretora pedagógica da Secretaria Municipal da Educação
de Caxias do Sul, o reitor Evaldo Kuiava, e a autora do livro e
coordenadora do "Projeto Ler e Escrever o Mundo: a
EJA no Contexto da Educação
Contemporânea", professora Nilda Stecanela. Na foto à direita, o
professor Sérgio Haddad que acompanhou a execução do Projeto
desde a fase de planejamento.
Educação de qualidade para jovens e adultos é
um direito humano e não apenas um serviço.
No prefácio do livro, Sérgio Haddad, doutor e mestre em História e
Sociologia da Educação
pela USP, assessor da Ação Educativa, diretor-presidente da
Fundação Fundo Brasil de Direitos Humanos, membro do
Conselho Internacional da Educação de Adultos,
membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, e
consultor do Projeto, destaca:
- "Há sinais que apontam para a esperança.
Pesquisar e conhecer estas novas experiências
ajudam a mostrar que há caminhos possíveis. Um destes sinais é o
trabalho realizado pelo Projeto Ler e Escrever o Mundo: a EJA no
Contexto da Educação Contemporânea , no qual este livro se insere
como um dos seus produtos. O número considerável de publicações,
resultantes de pesquisas, vídeos, trabalhos de estudantes, disciplinas, palestras, curso de fomação básica e em serviço, que se produziu
em torno deste projeto, impressiona. Também impressiona a forma como
a Universidade e o poder público, através da Secretaria da
Municipal da Educação e outras, se aproximam para colaborarem
entre si, por um lado ofertando o trabalho de pesquisa, ensino e
extensão, por outro, abrindo
suas portas para ceder o tempo dos seus professores, com seus
conhecimentos e práticas. O que une os interesses destas
instituições é a preocupação com aquilo que é central no projeto:
oferecer aos jovens e adultos uma educação de qualidade pensada
como um direito humano, e não como uma ação assistencial, reduzindo
o direito a um serviço".
O professor Sergio Haddad, juntamente com as professoras
Terciane Ângela Luchese, coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Educação, Sandra Mariz
Negrini, diretora pedagógica da Secretaria Municipal da Educação
de Caxias do Sul, e Kátia Regina Ricardo, vice-diretora da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Santa Corona, que participa do livro como entrevistada devido à sua atuação como
articuladora pedagógica da EJA em Caxias do Sul, no período
abrangido pela pesquisa que deu origem ao livro, fizeram a
apresentação da obra, com depoimentos emocionantes sobre o
papel dos professores, das escolas, da universidade e do poder
público, na oferta de ensino de qualidade para jovens e adultos
privados desse direito essencial. A professora Sandra Negrini, falando em nome da Secretaria Municipal de Educação, definiu
aquele momento, como um marco. "Ter participado de todos os cursos e eventos do projeto, é de uma riqueza imensa, não só para os nossos professores, mas para
toda a sociedade que é beneficiada com essas ações". Ao agradecer
à Universidade e ao Governo Federal pela realização do Projeto que
envolveu grande parte dos professores da rede municipal, ela
afirmou que essa experiência "nos ajudou a ver, a sentir e a
compreender melhor as nossas práticas em sala de aula, no sentido de tornar a vida mais leve e melhor para todas as pessoas".
O reitor Evaldo Kuiava também deu seu depoimento. Em 2008, ele
participou das primeiras reuniões, no então Centro de
Filosofia e Educação, para preparar a proposta a ser submetida
ao MEC. Satisfeito com os resultados do projeto, o reitor
agradeceu à
equipe pelo trabalho. "Esse esforço valeu e está valendo pelo
compromisso social
voltado para a erradicação do analfabetismo em nosso país".
Emocionada, a coordenadora do projeto, professora Nilda
Stecanela,
fez um balanço dos principais resultados alcançados pela
equipe
que esteve à frente do projeto, destacando a interação com as
secretarias municipais da Educação. "Os espaços da UCS
acolheram mais de 400 professores
para a formação nos cursos de extensão, de aperfeiçoamento e
de especialização em EJA e, na mesma direção, o cotidiano
das escolas com EJA se fez presente na Universidade,
através das reflexões geradas no contexto das disciplinas
dos
cursos e dos projetos de pesquisa aqui desenvolvidos. Um acervo
significativo de fontes foi construído, alimentando a
reflexão de
muitas pesquisas, inclusive a que deu origem
ao livro apresentado aqui nesta noite, e a duas dissertações de
Mestrado, podendo vir a alimentar ainda outros projetos
com outros focos". Sobre o livro, ela explica que a obra não
tem a pretensão de esgotar-se em si mesma
numa dimensão de "narrar a história" da EJA em Caxias do Sul,
antes pelo contrário. Trata-se de uma tentativa de descrever e
narrar o cotidiano da EJA de uma rede pública municipal de ensino,
sublinhando rupturas, permanências, ausências e surpresas.
"Nosso desejo é fortalecer e consolidar a EJA em Caxias do Sul como
um campo de militância - pedagógica, política e científica - entrelaçando a reflexão em torno e por dentro das políticas, das práticas e da pesquisa na direção da efetivação
dos direitos humanos, do direito à educação e do direito à aprendizagem".
O livro "Políticas e
Práticas de EJA em Caxias do Sul: Dimensões Históricas e Culturais" foi publicado pela EDUCS e será distribuído a escolas e instituições envolvidas com a educação de jovens e adultos.
Fotos: Claudia Velho
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